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Rússia retoma ataques a resistência em Mariupol, diz Ucrânia

23 de abril de 2022

Autoridades locais confirmam novo corredor para retirar civis da cidade sitiada. Novos combates são registrados pelo governo de Kiev na siderúrgica Asovstal, refúgio de combatentes ucranianos.

Fumaça sai de prédios de uma fábrica no fundo de uma cidade
Usina Azovstal durante bombardeio: complexo tem sistema de túneis e bunkers usado como refúgio por combatentes e civisFoto: Alexander Ermochenko/REUTERS

As autoridades ucranianas confirmaram neste sábado (23/04) a implementação de um corredor para retirada de civis de Mariupol, enquanto novos ataques são registrados pelo governo de Kiev na siderúrgica Asovstal, foco de resistência de combatentes ucranianos na cidade portuária no sudeste da Ucrânia.

Os ônibus com destino à cidade de Zaporíjia, a cerca de 200 quilômetros de distância, são destinados a mulheres, crianças e idosos, segundo a administração local.

Nos últimos dias, houve repetidas tentativas de retirada de civis da cidade. No entanto, esses esforços fracassaram várias vezes, com Rússia e Ucrânia se culpando mutuamente pelos fracassos.

Em torno de 100 mil civis ainda permanecem em Mariupol, que está sitiada há semanas, com moradores enfrentando condições precárias, sem água e alimentos suficientes.

Imagens de satélite divulgadas pela empresa privada Maxar Technologies mostram o que parecem ser covas coletivas abertas recentemente em um cemitério já existente no vilarejo de Manhush, a 20 quilômetros a noroeste de Mariupol.

A Rússia afirma ter "controle total" sobre a cidade. No entanto, soldados e combatentes ucranianos do regimento nacionalista Azov ainda estão refugiados no vasto complexo da siderúrgica Azovstal. Civis também estariam escondidos na fábrica.

Novos ataques à Azovstal

As forças russas teriam retomado seus ataques contra a siderúrgica Azovstal, bombardeando as instalações da fábrica pelo ar e tentando invadir as instalações controladas pelas forças ucranianas, de acordo com Oleksi Arestovych, um dos assessores do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.

"O inimigo está tentando estrangular a resistência final dos defensores de Mariupol na área da Azovstal", disse Arestovych à televisão nacional.

O presidente russo, Putin, declarou na quinta-feira que os ataques à siderúrgica devem ser interrompidos, que a fábrica deve ser completamente cercada, de forma que "sequer uma mosca consiga sair".

O secretário de Segurança Nacional e do Conselho de defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, afirmou nesta sexta-feira que helicópteros ucranianos conseguiram entregar armas a combatentes na Azovstal. "Eles o fizeram à noite, correndo enorme risco", disse Danilov.

De acordo com informações dos serviços de inteligência britânicos, as forças russas não conseguiram ganhar nenhum terreno importante nas últimas 24 horas, apesar de seus ataques crescentes.

"Os contra-ataques ucranianos continuaram a dificultar o avanço russo", afirma o Ministério da Defesa britânico em seu relatório diário sobre a invasão russa.

Além disso, o texto afirma que Mariupol não está totalmente sob controle russo, ao contrário do que afirma a liderança em Moscou. Ainda haveria fortes combates na cidade, o que também dificulta o avanço russo na região de Donbass, no leste da Ucrânia.

Além disso, a defesa ucraniana contra as forças aéreas e marítimas da Rússia em ambas as áreas continua muito forte,  segundo o comunicado, divulgado no Twitter. As informações não podem ser verificadas de forma independente.

"Ucrânia é só o começo"

O presidente Volodimir Zelenski insistiu que equipar as tropas ucranianas com as armas necessárias é a máxima prioridade do Estado, enquanto agradeceu o apoio recebido pelos aliados.

Ele ressaltou que a invasão da Ucrânia é só o começo e que a Rússia quer invadir outros países. "Como cada manhã, como cada dia, como cada tarde, hoje prestamos a máxima atenção a fornecer a nossos soldados todo o equipamento que necessitam", disse Zelenski em sua mansagem de vídeo diária, divulgada na madrugada de sexta para sábado.

Ele também sublinhou que as  "forças armadas da Ucrânia continuam contendo os ataques dos invasores russos em leste e sul" do país.

md (EFE, Reuters, AP, AFP)

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