São Paulo recebe Festival de Curtas de Direitos Humanos
Marco Sanchez3 de novembro de 2014
Evento mostra ao público curtas-metragens que abordam o tema em 260 exibições espalhadas por toda a cidade. Serão mais de cem filmes, nacionais e de países como Irã, Índia e França.
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Democratizar o cinema e levantar discussões em torno de assuntos relacionados aos direitos humanos é o objetivo do "Entretodos". O Festival de Curtas de Direitos Humanos, que começa nesta segunda-feira (03/11), chega a sua sétima edição com a exibição de mais de cem filmes de todo o mundo.
Com um tema tão amplo, o festival, surgido em 2007, busca levar seus filmes para as diferentes regiões da cidade, atingindo diferentes públicos e incentivando o debate e a disseminação dos temas abordados.
A valorização das diferentes vozes da cultura em São Paulo, intensificada pela política de inclusão administrativa e participação popular na utilização dos espaços públicos da cidade pela prefeitura, serviu de inspiração para o tema do festival neste ano: Cidadania cultural.
"Trata-se de uma realidade da cidade, onde vivemos um momento bastante profícuo de produção e divulgação de atividades culturais pulverizadas pelos bairros e periferias. Daí, a proposta do tema, o que nos trouxe diversas produções que falam direta ou indiretamente desse forte movimento que São Paulo vem apresentando", diz o curador do festival, Jorge Grinspum, à DW Brasil.
Formato ideal
Em seus cinco dias, o festival exibe sua programação em 57 pontos de cultura, educação, institutos, coletivos, fundações e até as ruas de todas as regiões da capital paulista. São mais de 260 sessões.
"O modelo que inicialmente idealizamos – exibir em um único espaço fixo – transformou-se numa grande e pulverizada rede de exibição dos curtas-metragens em dezenas de centros culturais, escolas, cineclubes de bairros e periferias, seguidos de debates e intervenções artísticas que abordam direta ou indiretamente do tema direitos humanos", explica.
Segundo Grinspum, a velocidade da informação está formando um novo olhar dos públicos, principalmente o jovem, em que o diálogo rápido é mais efetivo e convidativo. O formato curto, afirma ele, permite também utilizar o espaço de tempo disponível das salas de projeção.
Em parceria com a rede municipal de ensino, muitos desses filmes são vistos por estudantes, professores e ativistas ligados a comunidades.
"Vimos que o festival tem grande potencial de mobilizar jovens em geral, estudantes, artistas e profissionais engajados em expressar-se a respeito dos direitos humanos", afirma.
Cinema e sustentabilidade
A mostra competitiva desta edição do "Entretodos" conta com 29 títulos, 16 brasileiros e 13 de países como Irã, China, Índia, França, Espanha e Estados Unidos.
A Alemanha participa do evento com o curta de animação Der Hamstermann. O filme de Christof Görs mostra um ser humano vestido de hamster, que após a trágica morte de seu melhor amigo tenta sair de sua rotina deixando sua cidade natal.
O restante dos curtas são divididos em programas temáticos: mostra infantil, Vozes urbanas, Possibilidade, Na lata, Incêndios e Visão de dentro. Além de um programa especial de filmes produzidos pela Rede Municipal de Educação.
Além da exibição de filmes e de debates, o festival também oferece prêmios em diferentes categorias, como melhor curta, roteiro, visão social, educação em direitos humanos e cidadania cultural.
A cada nova edição, um artista plástico é selecionado para a confecção do troféu, que nesse ano será feito pelo artesão Jean Humberto Freitas, utilizando materiais descartáveis da informática e eletrônicos.
Outra novidade do festival é o Cinesolar, primeiro cinema móvel do Brasil que utiliza energia solar na exibição de filmes. O projeto, que começou em 2013, já realizou mais de 90 sessões em 50 cidades ao redor do país.
O ENTRETODOS – Festival de Curtas de Direitos Humanos é realizado de 03 a 07 de novembro em 57 pontos espalhados pela cidade de São Paulo.
Volta ao mundo na Mostra de Cinema de São Paulo
A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo chega à sua 38º edição exibindo 331 filmes, entre novidades e clássicos. Uma chance de, nas próximas duas semanas, dar à volta ao mundo sem sair do escurinho do cinema.
Foto: Distribuição/Mostra
A Espanha de Almodóvar
De 16 a 29 de outubro, São Paulo recebe a tradicional Mostra Internacional de Cinema. Durante duas semanas, serão exibidos 331 títulos de todo o mundo. Pedro Almodóvar assinou o cartaz do evento deste ano e ganhou uma retrospectiva em sua homenagem. O espanhol é um dos cineastas mais queridos do público do evento, que já exibiu diversos de seus clássicos, como "Ata-me!" e "A flor do meu segredo".
Foto: Distribuição/Mostra
Brasil e vizinhos
A mostra reúne 35 filmes nacionais produzidos em 2014 e inéditos em São Paulo. Além do cinema brasileiro, a América do Sul aparece com uma forte seleção, com filmes vindos do Chile e da Argentina. O cinema de países como Colômbia e Venezuela também está na programação. "Três belezas" (foto) é uma comédia de humor negro sobre cirurgia plástica e concursos de beleza, duas obsessões venezuelanas.
Foto: Distribuição/Mostra
Clássicos iranianos
A nostra foi uma das responsáveis pela popularização do premiado cinema iraniano no circuito alternativo no Brasil. O evento apresenta 11 novas produções do país, além de exibir alguns clássicos feitos no Irã dentro da retrospectiva MK2. A produtora francesa, que completa 40 anos, distribuiu filmes como "O vento nos levará", de Abbas Kiarostami, e "A maçã" (foto), de Samira Makmalbaf.
Foto: Distribuição/Mostra/Mezhssam Makhmalbaf
Diversidade alemã
Entre diversas coproduções, o cinema alemão também mostra grande variedade de temas e estéticas. A diretora Feo Aladag retrata o drama de um soldado alemão no Afeganistão em "Entre mundos" (foto). "Jack" é uma jornada de dois meninos perambulando por Berlim em busca de sua mãe. Já Dominik Graf mostra duas irmãs competindo pelo poeta Friedrich Schiller em "Duas irmãs, uma paixão".
Foto: Distribuição/Mostra
Uma nova África
O cinema africano dificilmente chega ao circuito comercial, dentro e fora do Brasil. A mostra é uma chance de conferir as jovens vozes do continente. "Sob o céu estrelado" (foto) retrata as dificuldades de uma jovem que deixa o Senegal para viver com seu marido na Europa. Premiado em Veneza, "Sombra branca" mostra um jovem que vive nas florestas da Tanzânia fugindo de caçadores de albinos.
Foto: Distribuição/Mostra
Calor escandinavo
O dinamarquês Lars von Trier é outro veterano da mostra, que exibiu o primeiro filme dele em sua nona edição, em 1984, e desde então vem apresentando quase todas as suas polêmicas obras. Neste ano, o público pdoerá conferir as versões sem cortes de "Ninfomaníaca". Outros filmes escandinavos também fazem parte da programação, como o islandês "Paris do norte" (foto), de Hafsteinn Gunnar Sigurðsson.
Foto: Distribuição/Mostra
Influências asiáticas
Entre novidades e clássicos, a mostra presta homenagem ao japonês Nororu Nakamura e ao chinês Jia Zhangne; exibe a nova safra do cinema sul-coreano; além de um documentário sobre a influência dos cineastas taiwaneses, como Edward Wang. Quem busca desafios, pode conferir as quase seis horas de "Do que vem antes" (foto). O filme do filipino Lav Diaz ganhou o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno.
Foto: Distribuição/Mostra
Conflitos em cena
O cinema é uma porta para o cotidiano e a cultura de povos ao redor do mundo. A Mostra possibilita ver diferentes lados de um mesmo conflito. O programa desse ano conta com cinco filmes israelenses, com destaque para "Tsili" de Amos Gitai, e o palestino "Giraffada" (foto). O filme de Rani Massalha conta a história real de um menino fascinado pelas girafas do zoológico de Qalqilya na Cisjordânia.
Foto: Distribuição/Mostra
Além da Cortina de Ferro
Polônia, Eslováquia, Bulgária, Romênia: os leste da Europa têm revelado nos últimos anos grandes diretores e produzido contundentes filmes. "A gangue", estreia na direção do ucraniano Myroslav Slaboshpytskiy, acompanha o jovem surdo Sergey em um novo internato. O filme foi rodado em linguagem de sinais, sem narração ou legendas.
Foto: Distribuição/Mostra
América Central também presente
Com um aumento considerável na recente produção, o cinema da América Central tem pego carona no destaque internacional dos filmes mexicanos e sul-americanos. Quem quiser conhecer mais do cinema da região pode optar pela comédia "Por las plumas", da Costa Rica, o reflexivo "As vacas com óculos", de Porto Rico, ou o drama dominicano "Dólares de areia" (foto), que encerra a mostra.