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Série alemã "Cães de Berlim" estreia na Netflix

Stuart Braun rk
6 de dezembro de 2018

Segunda produção alemã da plataforma de streaming tem como pano de fundo o submundo de Berlim e a diversidade cultural da capital alemã. Enredo gira em torno de dois policiais que investigam a morte de um turco-alemão.

Felix Kramer (esq.) e Fahri Yardim em cena da série "Cães de Berlim"
Dois policiais muito diferentes entre si são os protagonistas da série, interpretados por Felix Kramer (esq.) e Fahri YardimFoto: Netflix

Após o bem-sucedido thriller sobrenatural Dark, a Netflix produziu sua segunda série em língua alemã: Dogs of Berlin, ou Cães de Berlim, em português. Dramática e muitas vezes brutal, a série é conduzida por uma trilha sonora de gangsta rap e mergulha profundamente tanto na face sombria da criminalidade na capital alemã quanto na sua heterogeneidade social.

O enredo labiríntico de Cães de Berlim, que estreia nesta sexta-feira (07/12) em 190 países, gira em torno de dois policiais não convencionais, Erol Birkan e Kurt Grimmer, que investigam o assassinato do jogador de futebol turco-alemão Orkan Erdem.

A lista de suspeitos é longa: neonazistas do bairro de Marzahn, na antiga Berlim Oriental; o clã familiar turco relacionado à vítima; alguns torcedores fanáticos de futebol; ou a máfia de apostas esportivas ilegais. Uma ampla conspiração poderia até levar ao mais alto escalão político da capital.

Para descobrir a verdade, os dois investigadores, muito diferentes um do outro, se aproximam de maneira relutante para uma missão que revela muito sobre seus próprios passados contraditórios.

O criador e diretor da série, Christian Alvart, descreve Kurt Grimmer (interpretado por Felix Kramer, que atuou em Dark) como o "policial de moral questionável que já foi neonazista e escapou desse meio".

Já Erol Birkan (interpretado por Fahri Yardım, mais conhecido por sua atuação no filme Almanya: Bem-vindo à Alemanha), é "um policial superliberal, gay, o herói íntegro, de certa maneira, com princípios e bom caráter", diz Alvart.

"Essas contradições e áreas cinzentas são, para mim, o ponto central da série", afirma o diretor, que também assina o roteiro. A série nasceu do personagem Kurt Grimmer, que Alvart concebeu para um romance que estava escrevendo.

Narrativa alemã contemporânea

Depois de dirigir o bem-sucedido thriller Antibodies, de 2005, e trabalhar em vários projetos em Hollywood, como Pandorum, com o ator Dennis Quaid, e Case 39, com Renée Zellweger, Alvart voltou à Alemanha e ficou preocupado com o fato de seu país natal estar ficando para trás no boom de séries de TV transmitidas por canais e plataformas como HBO e Netflix. "Eu simplesmente me convenci de que tínhamos que fazer algo do tipo no país", recorda.

Cães de Berlim foi a primeira ideia desenvolvida por Alvart e sua produtora berlinense, a Syrreal Entertainment, e ele decidiu não seguir a rota convencional da TV alemã. "Havia muito interesse, mas a máquina aqui é conhecida por se mover um pouco mais devagar", descreve o diretor e roteirista.

Série retrata vários mundos da capital, como o da cena gangsta rapFoto: Netflix

Em vez disso, Alvart entrou em contato com Erik Barmack, da International Originals, da Netflix. Depois de Cães de Berlim e Dark , há rumores de que mais produções alemãs estão nos planos da gigante do streaming.

"Cães de Berlim conta uma história envolvente e moderna da Alemanha, que mergulha no submundo de Berlim", explica Barmack. "Estamos animados com o fato de realizar a segunda produção original da Netflix completamente escrita, produzida e gravada na Alemanha."

Alvart acredita que a abordagem inovadora e aberta da Netflix em relação ao conceito narrativo da série fez da plataforma e produtora de streaming o parceiro perfeito. "Ao contrário da televisão convencional alemã, com a Netflix, quanto mais incomum for o estilo narrativo e quanto mais pessoal for a perspectiva das coisas, melhor", conta.

Para Alvart, isso significa focar "nos roteiros individuais de cineastas que ampliam e enriquecem a oferta da Netflix. Acho que isso é incrivelmente atraente – sem falar na presença e no alcance global que você consegue com eles", descreve.

Berlim como microcosmo

Alvart vive na capital alemã desde 1996 e sempre quis fazer uma série que incorporasse os múltiplos mundos da cidade.

"Em Berlim, mais cedo ou mais tarde, você se dá conta de que não é apenas uma cidade, mas que são várias cidades diferentes em uma", diz. "Isso tem um impacto maciço sobre a sua vida, não importa se você nasceu como Mahmud no bairro de Neukölln, como Siegfried em Zehlendorf ou como Tom em Marzahn."

Cães de Berlim tenta atravessar essas Berlins diferentes, uma cidade que o diretor acredita ser um microcosmo de um mundo mais amplo. "Essa cidade é basicamente outro personagem principal da série", diz Alvart.

Para descobrir a verdade, os dois investigadores se aproximam numa missão que revela muito sobre seus próprios passadosFoto: Netflix

Nesse sentido, Cães de Berlim leva o espectador por uma aventura pelo mundo futebolístico da capital e seu submundo, o das apostas esportivas ilegais, para dentro de clubes de motoqueiros ilegais, para celas terroristas neonazistas na antiga Berlim Oriental, pelos vestígios boêmios de Prenzlauer Berg, pela cena gangsta rap, pelas vidas contrastantes de donas de casa da classe média alemã e pelas organizações da máfia teuto-libanesa.

Ao fazer isso, a série, com dez episódios, também se propõe a abordar questões maiores. Alguém consegue escapar do meio em que nasceu? Somos cães ou mestres? Explorando os diversos meios da capital alemã, onde culturas e estilos de vida colidem constantemente, a série gravada exclusivamente em Berlim e seus arredores inspira o espectador a encontrar respostas.

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