Sérvia quer mobilizar soldados contra ingresso de refugiados
16 de julho de 2016
Chefe de governo em Belgrado anuncia envio de militares e policiais a suas fronteiras, a fim de impedir a chegada de novos migrantes. Desse modo Sérvia segue exemplo de vizinhas Hungria e Macedônia.
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Embora, em comparação com 2015, quase não cheguem mais refugiados à Europa Ocidental através rota dos Bálcãs, que está bloqueada, a Sérvia pretende mobilizar militares para proteger suas fronteiras.
O primeiro-ministro Aleksandar Vučić justificou o passo com palavras drásticas: seu país não quer se transformar em "estacionamento" para migrantes chegados de outros Estados da União Europeia e que "ninguém quer". Por isso o Exército passará a participar da proteção dos limites nacionais.
Desde que a vizinha Hungria adotou controles mais rigorosos em suas fronteiras, o número de migrantes em território sérvio se elevou para quase 2.700. A maioria vem do Afeganistão e Paquistão, muito poucos são da Síria, afirmou Vučić.
O plano é estacionar equipes mistas de soldados e policiais nas fronteiras. "Quem entrar na Sérvia sem documentos e não solicitar asilo será deportado dentro de 30 dias, seguindo o procedimento." O premiê sérvio instou a UE a encontrar uma "solução global" para a problemática dos refugiados.
Belgrado tomou essa decisão depois que, a partir do início de julho, a Hungria começou a mandar refugiados de volta para a Sérvia. Centenas estão "encalhados" em abrigos improvisados ao longo da fronteira húngaro-sérvia.
A Sérvia é um país central na atualmente fechada rota dos Bálcãs, pela qual chegaram, em 2015, cerca de 1 milhão de migrantes, sobretudo à Alemanha e a Áustria. Ao delegar aos militares a vigilância dos limites territoriais, o país segue o exemplo de vizinhos como a Hungria e a Macedônia. Em março esta última fechou o caminho de trânsito nos limites com a Grécia. No entanto, desde então, milhares já ingressaram clandestinamente nesses países pelas fronteiras verdes.
AV/afp/ap/rtr/dpa
O poder das cercas
Muro que dividia a Alemanha caiu há 26 anos. Contudo, diante da onda de refugiados, o apelo por instalações fronteiriças é cada vez maior em diversos locais da Europa. Aqui, uma visão geral dessas barreiras pelo mundo.
Foto: picture-alliance/dpa
Hungria fecha portas
O governo do primeiro-ministro Viktor Orbán levantou uma cerca na fronteira com a Sérvia e também fortificou a com a Croácia, país-membro da União Europeia. A Hungria faz parte do Espaço Schengen, onde os controles fronteiriços foram basicamente abolidos. A maioria dos refugiados que chega da Grécia através da chamada rota dos Bálcãs, quer vir para a Áustria ou a Alemanha.
Foto: DW/V. Tesija
Posto avançado europeu
As instalações de fronteira em Melilla, enclave espanhol no norte do Marrocos, contam entre as mais modernas do mundo. Assim como em Ceuta, uma cerca de seis metros de altura e dez quilômetros de extensão circunda a cidade. Equipada com "arame farpado da Otan", câmeras infravermelhas e sensores de ruído e movimento, a fortificação visa desencorajar os refugiados africanos.
Foto: Getty Images
Ilha dividida
A chamada Linha Verde no Chipre consiste de cercas de arame farpado, escombros, torres de vigilância e seções de muro. Ao longo de 180 quilômetros, ela divide a ilha em uma parte turca no norte e uma grega, no sul. Vigiada por milhares de soldados em ambos os lados, desde a queda do Muro de Berlim Nicósia passou a ser a maior capital dividida do mundo.
Foto: picture-alliance/dpa/R.Hackenberg
Muro entre EUA e México
Cerca de 20 mil policiais controlam ininterruptamente a fronteira entre EUA e México. Apelidada "Tortilla Wall", a barreira se estende por 1.126 quilômetros. A construção é assegurada por câmeras de vídeo e infravermelhas, dispositivos de visão noturna, detectores de movimento, sensores térmicos e drones. Sua função é evitar a imigração ilegal e o contrabando de drogas.
Foto: dpa
Terra Santa entre dois povos
Somente em poucos pontos de controle é possível atravessar a fronteira entre os territórios palestinos e Israel, como aqui em Jerusalém. O objetivo das instalações fronteiriças é a defesa contra ataques terroristas palestinos. Apesar das fortificações e da vigilância, os palestinos conseguem contrabandear regularmente armas e outros bens, através de um sistema de túneis na Faixa de Gaza.
Foto: picture-alliance/Landov
"Zona desmilitarizada" na Coreia
Ela é considerada a fronteira mais fortificada e controlada do mundo. Um milhão de minas, arame farpado e torres de controle separam a Coreia do Sul da parte comunista da península. Em ambos os lados dos 248 quilômetros da linha demarcatória, encontra-se uma "zona desmilitarizada" de dois quilômetros de largura, onde é proibido entrar. Ela foi criada após o fim da Guerra da Coreia (1950-1953).
Foto: picture alliance/AP Photo
Linha de paz na Irlanda do Norte
Um total de 48 "linhas de paz" separa católicos e protestantes na Irlanda do Norte. Na capital Belfast, o sistema fronteiriço consiste de um muro de sete metros de altura, composto por tijolos, cerca de arame farpado, concreto e grades. O muro possui passagens para pedestres e portões para o tráfego, que são fechados à noite.
Foto: Peter Geoghegan
"Cerca de proteção" indiana
Trata-se da maior instalação de fronteira do mundo: a Índia decidiu construir 4 mil quilômetros de "cerca de proteção" na fronteira com Bangladesh, país considerado pelos indianos como reduto de terroristas. A "linha zero" é uma cerca elétrica de até dois metros de altura, guarnecida de arame farpado. Aprximadamente 50 mil soldados controlam o sistema fronteiriço.
Foto: S. Rahman/Getty Images
Muro de Berlim
Ele fez parte da recente história mundial e foi condenado durante décadas de "faixa da morte". A queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 marcou o início do processo de Reunificação das duas Alemanhas e o fim da Guerra Fria. Contudo, o apelo desse evento histórico não pôde impedir que até hoje barreiras e demarcações dominem a política mundial.