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Síria devolve à França condecoração concedida a Assad

19 de abril de 2018

Depois de Paris abrir processo para retirada da homenagem, Damasco se antecipa e devolve Ordem da Legião da Honra. Assad alega não se sentir honrado por levar condecoração de "país servo dos EUA".

Bashar al-Assad
Assad recebeu homenagem francesa por sua "atitude reformista"Foto: picture alliance/dpa/Sana Handout

A Síria devolveu nesta quinta-feira (19/04) à França a Ordem da Legião de Honra, a maior condecoração francesa, que foi concedida em 2001 ao presidente sírio, Bashar al-Assad. A devolução ocorreu três dias após Paris abrir um processo disciplinar contra Assad para lhe retirar a homenagem.

Segundo um comunicado do escritório de Assad, o Ministério das Relações Exteriores sírio devolveu a condecoração à França através da embaixada da Romênia em Damasco, que representa os interesses franceses neste país, já que Paris fechou sua delegação diplomática em 2012.

A nota afirma que a decisão para a devolução da Grã-Cruz foi tomada depois da participação francesa "na agressão tripartite junto a Estados Unidos e Reino Unido contra a Síria no dia 14 de abril".

No sábado passado, os três países bombardearam posições governamentais no território sírio, como represália por um suposto ataque químico ocorrido uma semana antes numa área controlada por rebeldes perto de Damasco. Washington, Paris e Londres acusaram o governo sírio pelo ataque.

A presidência síria alegou que Assad "não se sente honrado por levar esta condecoração de um regime servo dos EUA, que apoia organizações terroristas na Síria e ataca um Estado-membro da ONU, em violação flagrante dos fundamentos e princípios da lei internacional".

O comunicado ressalta ainda que a Síria sempre respeitou as relações internacionais e o direito dos povos a decidir seu destino, razão pela qual "rejeita qualquer ditado internacional, especialmente se provém de regimes politicamente imaturos, sem experiência, sabedoria e decência".

Assad recebeu a Grã-Cruz em 2001 das mãos do então presidente francês, Jacques Chirac, que elogiou a atitude "reformista" do sírio. Apesar de se tratar de uma honraria nacional, a cerimônia foi realizada de maneira discreta. O primeiro-ministro da França na época, Lionel Jospin, sequer foi informado.

Desde 2010, o código da Legião de Honra estabelece que a medalha pode ser retirada de estrangeiros "condenados por crimes ou com penas de prisão de pelo menos um ano", assim como se o homenageado tiver cometido atos contrários à honra.

Em outubro do ano passado, a presidência da França também iniciou o processo para retirar a homenagem ao produtor americano Harvey Weinstein, acusado de assédio sexual e estupro.

CN/efe/lusa/afp

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