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Síria que salvou refugiados no Mediterrâneo vence prova

6 de agosto de 2016

Há cerca de um ano, Yusra Mardini fugiu da Síria e nadou mais de três horas puxando um bote para salvar a vida de outros migrantes. "Sem nadar eu não estaria viva agora", diz nadadora da equipe de refugiados na Rio 2016.

Nadadora síria Yusra Mardini, que compete pela equipe de refugiados na Rio 2016
Foto: Getty Images/AFP/M. Bureau

Os Jogos Olímpicos consagram medalhistas e recordistas, eternizam momentos marcantes do esporte mundial, mas também são o mais puro palco para histórias de heroísmo e superação de atletas que, na maioria dos casos, não fazem parte da elite esportiva.

A jovem nadadora síria de 18 anos Yusra Mardini se tornou a primeira personagem dos Jogos do Rio de Janeiro. A atleta da equipe de refugiados venceu sua bateria, a primeira das disputas eliminatórias dos 100 metros borboleta, neste sábado (06/08), com o tempo de 1:09:21. Tempo insuficiente para se classificar à semifinal da disputa, mas que lhe rendeu aplausos de todos no Parque Aquático Maria Lenk.

"Foi realmente incrível, foi uma sensação indescritível competir aqui nos Jogos Olímpicos", disse Mardini, que teve que ser alocada numa sala especial para dar entrevistas devido ao imenso interesse de repórteres pela história da jovem refugiada.

Yusra Mardini foi acolhida pela Alemanha e treina no clube Wasserfreunde Spandau, em BerlimFoto: IOC/Claire Thomas

Algo impensável para alguém que, há cerca de um ano, nadava para salvar a vida de outros 19 refugiados que tentavam fugir da guerra civil da Síria. "Sem nadar eu não estaria viva agora", diz Mardini.

Em agosto de 2015, ela e a irmã decidiram abandonar a Síria. Como muitos refugiados, elas pegaram um barco para chegar à Europa. No meio do caminho, porém, o motor do bote, com capacidade para transportar normalmente apenas seis pessoas, parou de funcionar. Mardini, a irmã e mais duas pessoas pularam no mar e nadaram durante mais de três horas, puxando o bote até a ilha grega de Lesbos.

"Nós éramos os únicos quatro que sabiam nadar", disse Mardini, numa entrevista dada ao jornal inglês Independent. "Uma mão segurava a corda amarrada ao barco, enquanto movia minhas pernas e o outro braço. Foram três horas e meia em água fria. Seu corpo fica praticamente... acabado. Não sei se consigo descrever."

Depois da odisseia, Mardini chegou à Alemanha, onde retomou os treinos de natação, que ficaram interrompidos por praticamente dois anos devidos aos conflitos na Síria. Ela também não deixou de agradecer o clube Wasserfreunde Spandau, de Berlim, que a acolheu. Na Rio 2016, Mardini ainda competirá nos 100 metros livres.

PV/dpa/ots

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