Estudo mostra que somente algumas regiões permanecem praticamente livres de impacto humano no Ártico, Antártida e no Pacífico. Sem acordos ambientais, áreas podem desaparecer em 50 anos.
Anúncio
Ameaçadas pela pesca predatória, pelo transporte de carga e pela poluição, as áreas oceânicas que ainda podem ser consideradas praticamente intocadas estão desaparecendo. Atualmente, apenas 13% dos oceanos estão livres do impacto da atividade humana, mostrou uma pesquisa liderada por cientistas australianos publicada nesta quinta-feira (26/07).
O oceano cobre 70% do planeta Terra, mas os humanos "conseguiram impactar significativamente quase todo esse vasto ecossistema”, diz o líder do estudo, Kendall Jones, da Universidade de Queensland.
Segundo ele, os autores da pesquisa ficaram "abismados” com o resultado. As áreas definidas pelo estudo como quase intocadas, ou selvagens, são aquelas "praticamente livres de perturbações humanas”, como a presença de fertilizantes na água, por exemplo.
Esses locais ainda podem ser encontrados no Ártico e na Antártida, assim como em torno de ilhas remotas no Oceano Pacífico, e assim permanecem principalmente por conta do gelo, que impede o acesso humano, ou da baixa densidade populacional em seus arredores.
Mas o estudo afirma que nenhum lugar no oceano está completamente livre de impactos humanos e que, com as mudanças climáticas, regiões cobertas por gelo agora estão acessíveis.
Em regiões costeiras, que abrigam quase 40% da população mundial, quase não restam áreas em grande parte livres do impacto humano.
"Essas áreas estão em declínio, e protegê-las precisa se tornar o foco de acordos ambientais multilaterais. Caso contrário, elas provavelmente desaparecerão dentro de 50 anos”, diz Kendall.
Apenas cerca de 7% do total das áreas oceânicas são protegidos, e menos de 5% das áreas praticamente intocadas estão sob proteção.
A ONU começou a negociar no ano passado o seu primeiro tratado de conservação ligado ao alto mar, que seria um instrumento legalmente vinculante para governar o uso sustentável dos oceanos fora das fronteiras marítimas nacionais. Essas áreas cobrem quase metade do planeta.
O estudo foi publicado no jornal científico Current Biology.
Praias antes paradisíacas repletas de garrafas, animais engasgados com dejetos, pessoas recolhendo o material em aterros. Uso desenfreado do derivado do petróleo deixa rastro preocupante no meio ambiente.
Foto: Daniel Müller/Greenpeace
A era do plástico
Leve, durável, flexível e muito popular. O mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde o início da produção em massa, nos anos 50. Como o material não é facilmente biodegradável, muito do que foi produzido acaba em aterros como este, nos arredores de Nairóbi. Catadores de lixo caçam plásticos recicláveis para ganhar a vida. Mas muito também acaba no oceano.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Rios de lixo
Cerca de 90% do plástico entra nos habitats marinhos através de apenas dez rios: o Yangtzé, o Indo, o Amarelo, o Hai, o Nilo, o Ganges, o Pearl River, o Amur, o Níger e o Mekong. Esses rios atravessam áreas altamente povoadas, com falta de infraestrutura adequada para o descarte de resíduos. Aqui, um pescador nas Filipinas retira uma armadilha para peixes e caranguejos de águas poluídas.
Foto: picture-alliance/Pacific Press/G. B. Dantes
Começo de vida plastificado
Alguns animais encontram uma utilidade para resíduos de plástico. Este cisne fez seu ninho no lixo em um lago de Copenhague que é popular entre os turistas. Seus filhotes saíram dos ovos rodeados de dejetos, o que não é um bom início de vida. Mas para outros animais, as consequências são muito piores.
Foto: picture-alliance/Ritzau Scanpix
Consequências fatais
Embora o plástico seja altamente durável e possa ser usado para produtos com longa vida útil, como móveis e tubulações, cerca de 50% da produção são destinados a produtos descartáveis, incluindo talheres e anéis usados em pacotes de seis unidades de latas de bebidas, que acabam no meio ambiente. Animais correm o risco de se enredar neles e morrer, como ocorreu com este pinguim.
Foto: picture-alliance/Photoshot/Balance
Confundido com comida
Este filhote de albatroz foi encontrado morto em Sand Island, no Havaí, com vários pedaços de plástico no estômago. Um levantamento realizado em 34 espécies de aves no norte da Europa, Rússia, Islândia, Escandinávia e Groenlândia, apontou que 74% delas ingeriram plástico. Comer o material pode levar a danos nos órgãos e bloqueios no intestino.
Mesmo os animais maiores sofrem os efeitos do consumo de plástico. Esta baleia foi encontrada na Tailândia. Durante a tentativa de salvamento, o animal vomitou cinco sacos plásticos e morreu. Na autópsia, os veterinários encontraram 80 sacolas de compras e outros dejetos plásticos que entupiam o estômago da baleia, de modo que ela não conseguia mais digerir alimentos nutritivos.
Foto: Reuters
Dejetos invisíveis
Grandes pedaços de plástico na superfície do oceano, como é registrado aqui, na costa havaiana, chamam atenção. Mas poucos sabem que trilhões de minúsculas partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro também flutuam nos mares. Essas partículas acabam na cadeia alimentar. O plâncton marinho, que é uma fonte importante de alimento para peixes e outros animais marinhos, já foi filmado comendo-as.
Foto: picture-alliance/AP Photo/NOAA Pacific Islands Fisheries Science Center
Fim à vista?
Medidas para tentar reduzir o plástico descartável já foram tomadas em alguns países africanos, como proibições de sacolas plásticas, e a União Europeia planeja proibir produtos plásticos descartáveis. Mas se as tendências atuais forem mantidas, cientistas acreditam que haverá 12 bilhões de toneladas de plástico no planeta até 2050.