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Sadiq Khan, primeiro prefeito muçulmano de Londres

7 de maio de 2016

Membro do Partido Trabalhista e filho de paquistaneses, Khan substituirá Boris Johnson no comando da capital britânica. Ele derrota o conservador Zac Goldsmith, que chegou a acusá-lo de apoiar extremistas islâmicos.

Sadiq Khan
Foto: picture-alliance/AP Photo/K. Wigglesworth

O trabalhista Sadiq Khan venceu a eleição em Londres e se tornou, nesta sexta-feira (06/05), o primeiro prefeito muçulmano da capital da Inglaterra. Cerca de 45 milhões de britânicos foram às urnas na quinta-feira para votar nas eleições regionais no Reino Unido.

O candidato do Partido Trabalhista foi eleito com mais de 1,3 milhão de votos, contabilizando 56,8%. Seu principal adversário, o conservador Zac Goldsmith, teve apoio de 43,2% dos eleitores. O comparecimento às urnas foi de 45,6% da população.

"Londres é a melhor cidade do mundo, estou tão orgulhoso. Agradeço a cada um por ter tornado o impossível possível hoje", disse Khan, após o anúncio oficial.

"Quero dar a cada londrino as oportunidades que Londres deu a mim e à minha família. Trabalho, segurança, ar puro e uma cidade mais limpa. Meu pai estaria tão orgulhoso desta cidade que ele escolheu para chamar de casa e da qual agora o filho é prefeito."

Filho de um motorista de ônibus e de uma costureira vindos do Paquistão, Khan, de 45 anos, garante uma vitória mais que necessária para os opositores trabalhistas, que sofreram derrotas em várias outras localidades.

Campanha agressiva

A campanha eleitoral foi marcada por ataques proferidos pelo adversário Goldsmith, de 41 anos, filho de um bilionário do setor financeiro, que descreveu Khan como "perigoso", acusando-o de apoiar e até acobertar extremistas islâmicos.

O trabalhista também foi alvo de ataques por parte do primeiro-ministro britânico, David Cameron, que afirmou durante sessão do Parlamento, na última quarta-feira, que o muçulmano divide sua plataforma eleitoral com "extremistas e antissemitas".

Londres, assim como outras capitais europeias, tem sido alvo de grupos extremistas. Os atos suicidas de 7 de julho de 2005, por exemplo, atingiram o transporte público da capital e deixaram 52 mortos, além dos quatro autores do ataque.

As investidas da oposição, porém, não impediram a eleição de Khan. "O medo não nos deixa mais seguros – apenas nos deixa mais fracos", declarou o trabalhista em seu discurso de vitória. "E a política do medo não é bem-vinda em nossa cidade."

Apoio estrangeiro

O Partido Trabalhista já comemorava a vitória de Khan antes mesmo da divulgação oficial dos resultados, durante a madrugada. "Parabéns, Sadiq Khan. Estou ansioso para trabalhar contigo e fazer de Londres uma cidade justa para todos", disse Jeremy Corbyn, líder do partido, no Twitter.

O novo prefeito também recebeu várias mensagens de apoio de políticos estrangeiros. "Felicitações a Sadiq Khan, eleito prefeito de Londres! Estou convicta de que seu humanismo e progressismo beneficiarão os londrinos", disse a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, no Twitter.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, parabenizou Khan pela vitória também em mensagem publicada na rede social. "Enviando felicitações ao novo prefeito de Londres e colega na defesa das moradias acessíveis", escreveu o político americano.

Khan e a política

Ex-advogado, o trabalhista prometeu responder a alguns dos problemas mais críticos da cidade, como habitação inacessível, transportes superlotados e poluição. Londres ganhou 900 mil novos habitantes em oito anos, chegando a uma população de 8,6 milhões de pessoas.

A carreira política de Khan é cheia de ineditismos. Quando nomeado ministro dos Transportes em 2009, ele se tornou o primeiro muçulmano a integrar o Conselho Privado do Reino Unido e participar de reuniões do gabinete. Agora, ele se torna o primeiro prefeito muçulmano não só da história de Londres, mas de grandes cidades europeias.

O trabalhista substitui o conservador Boris Johnson, que comandou a metrópole durante oito anos. Um dos principais defensores da saída britânica da União Europeia, Johnson é visto como um forte concorrente para a sucessão do primeiro-ministro britânico, David Cameron, como líder partidário e premiê.

Os conservadores estavam determinados a manter o cargo, que não controla o centro financeiro londrino, mas exerce influência na defesa dos interesses da capital junto ao governo. O prefeito é responsável por áreas como policiamento, transporte, moradia e meio ambiente.

EK/ap/dpa/efe/lusa/rtr

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