Um Papa renunciar é coisa rara, mas não impossível de acontecer. Antes de Bento 16, Celestino 5° foi o único a deixar o pontificado prematuramente, em 1294. O papa Bento 16 insinuou repetidamente em entrevistas que poderia um dia dar esse passo. Agora, parece que ele reconheceu não ter força física suficiente para o cargo.

A renúncia veio de surpresa. Embora o papa de 85 anos tenha deixado transparecer nas últimas semanas e meses a impressão de estar com saúde debilitada, ele realizou pessoalmente uma série de missas, como durante as celebrações de Natal, quando Bento 16 presidiu diretamente todas as missas.

O ofício de papa é considerado vitalício, mas na verdade é um posto temporário. A partir de 28 de fevereiro, Bento 16 não será mais papa. E a pergunta agora é se será possível organizar uma eleição papal em tão pouco tempo.

Incomunicáveis

Os cardeais devem se reunir para a escolha de um novo líder da Igreja em no mínimo 15 e no máximo 20 dias após a morte ou renúncia do Papa – o que se aplica para a noite de 28 de fevereiro de 2013, quando a renúncia de Bento 16 entra em vigor. Os cardeais que formarão o conclave são convocados pelo decano do Colégio dos Cardeais, cardeal Angelo Sodano. No entanto, só poderão participar da eleição os 118 cardeais que ainda não completaram 80 anos.

O termo "conclave" vem do latim e significa "com chave". Durante o processo de votação, os cardeais ficam incomunicáveis, isolados. O local da eleição e das discussões é a Capela Sistina. Qualquer contato com o exterior, assim como o uso de dispositivos de gravação e transmissão, ou de jornais, rádio e televisão, são proibidos.

Fumaça preta ou branca?

Aquele que consegue reunir dois terços dos votos é o novo Papa. A eleição é realizada com cédulas de papel, que são, depois, queimadas, produzindo uma "fumaça negra ou branca", como um sinal para o público.

Caso não haja resultado depois de três dias ─ são previstas duas rodadas diárias de votação, uma pela manhã e uma pela tarde ─, é realizado um dia de orações e reflexão. Seguem-se, então, outros três períodos de sete votações cada. Somente se estas também forem encerradas sem um novo eleito, a escolha passa a ser por uma maioria absoluta.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, acredita, entretanto, que o sucessor do papa Bento 16 já seja conhecido até a Páscoa. "Devemos ter um novo papa na Páscoa", disse Lombardi, em Roma.

Bênção "Urbi et Orbi"

Depois da eleição, o cardeal decano pergunta ao eleito se ele aceita a escolha e qual o nome que ele quer dar a si mesmo. Em seguida, o cardeal protodiácono comunica a eleição e o nome do novo papa à multidão reunida na Praça de São Pedro, com as palavras "habemus papam" (temos um papa). Este, então, dá a sua primeira bênção, "Urbi et Orbi".