Saldo de mortos em mercado de Natal na Alemanha sobe para 5
Publicado 20 de dezembro de 2024Última atualização 21 de dezembro de 2024
Carro invadiu área para pedestres na cidade de Magdeburg, no leste do país, deixando mortos e mais de 200 feridos. Suspeito de atentado é psiquiatra saudita de 50 anos.
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Um motorista avançou em alta velocidade contra um mercado de Natal na cidade alemã de Magdeburg, no estado da Saxônia-Anhalt, leste da Alemanha, matando ao menos cinco pessoas — uma criança de 9 anos e quatro adultos —e deixando mais de 200 feridos na noite desta sexta-feira (20/12).
O atentado aconteceu pouco depois das 19h (15h de Brasília).
O governador da Saxônia-Anhalt, Reiner Erich Haseloff, havia confirmado na noite de sexta-feira duas mortes. Na manhã de sábado, autoridades informaram que mais duas pessoas haviam morrido em decorrência de ferimentos. Mais tarde, uma quinta vítima foi confirmada por Haseloff.
De acordo com as autoridades, há ainda pelo menos 200 feridos. Destes, mais de 40 estão em estado grave, segundo o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, que está neste sábado (21/12) em Magdeburg.
A bordo de uma BMW alugada do tipo SUV, o suspeito acelerou em direção à multidão numa via cercada dos dois lados por estandes natalinos. Ele avançou por pelo menos 400 metros, enquanto frequentadores do evento fugiam em pânico. A ação durou cerca de 3 minutos.
O governador Haseloff afirmou que o suspeito vive na Alemanha desde 2006, tem especialização em psiquiatria e reside em Bernburg, a menos de 50 quilômetros de distância de Magdeburg.
Segundo Horst Nopens, promotor público responsável pelo caso, a polícia trabalha com a tese inicial de que o crime foi motivado pela insatisfação do suspeito com o tratamento dado pela Alemanha a refugiados sauditas. A investigação aponta que ele agiu sozinho.
O psiquiatra ficará sob custódia acusado pelos crimes de homicídio e tentativa de homicídio.
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Mensagens que teriam sido publicadas por suspeito sugerem perfil crítico ao islã
O saudita suspeito de ter atropelado centenas de pessoas deu há alguns dias uma entrevista a um blog americano anti-islã.
Nela, o homem acusou a Alemanha de promover uma "operação secreta" para "perseguir" ex-muçulmanos sauditas e "destruir suas vidas", ao passo em que concedia asilo a sírios jihadistas, relatou a revista.
Ele teria por muitos anos aconselhado mulheres que queriam fugir da Arábia Saudita, e mantinha uma página na internet com informações sobre o sistema de asilo alemão.
Em novembro, ainda segundo a revista, ele postou nas redes sociais que a "Alemanha precisa proteger suas fronteiras contra a imigração ilegal", e acusou a ex-chanceler federal Angela Merkel de perseguir com sua política de refúgio um plano para "islamizar a Europa" – uma tese frequentemente defendida por radicais de ultradireita.
Desde o ano passado, a Alemanha vem endurecendo sua política de migração, tornando-a especialmente restritiva para refugiados. Recentemente, após a queda do ditador sírio Bashar al-Assad, o país suspendeu a concessão de asilo a sírios.
Chanceler Scholz se pronuncia
Ainda na sexta, Scholz se pronunciou sobre o atropelamento em massa: "As notícias que vêm Magdeburg sugerem o pior. Meus pensamentos estão com as vítimas e suas famílias. Estamos ao seu lado e ao lado do povo de Magdeburg. Meus agradecimentos às dedicadas equipes de resgate nessas horas de ansiedade."
As principais lideranças políticas do país também se pronunciaram, expressando choque e condolências, entre elas o cotado a próximo chanceler federal, o conservador Friederich Merz, e o vice-chanceler federal, Robert Habeck.
Atentado a mercado de Natal em Berlim matou 13 em 2016
O episódio acontece um dia depois do aniversário de oito anos do atentado terrorista ao mercado de Natal de Breitscheidplatz, em Berlim, que deixou 13 mortos. Na noite de quinta-feira, a Igreja Memorial Imperador Guilherme, que fica na praça do atentado, sediou um evento em homenagem às vítimas.
Na noite de 19 de dezembro de 2016, um islamista invadiu o mercado de Natal com um caminhão, roubado de um caminhoneiro que ele matou. Além dos mortos, mais de 60 pessoas ficaram feridas. O terrorista conseguiu fugir, mas foi morto quatro dias depois em uma troca de tiros com a polícia em Milão, na Itália.
ra/gq (dpa, ots)
Atentado em mercado de Natal abala cidade na Alemanha
Um motorista avançou em alta velocidade contra um mercado de Natal na cidade de Magdeburg, no estado da Saxônia-Anhalt, leste do país, deixando vários mortos e feridos.
Foto: Heiko Rebsch/dpa/picture alliance
Cenário do crime
Foto feita três dias antes do atentado mostra o mercado de Natal no centro de Magdeburg. Suspeito invadiu área com o carro e acelerou contra a multidão que frequentava o evento.
Foto: Dirk Sattler/IMAGO
Ação durou três minutos, segundo autoridades locais
O suspeito atropelou várias pessoas, avançando por mais de 400 metros antes de ser preso por policiais. Socorristas e forças de segurança acudiram em grande número ao local.
Foto: Heiko Rebsch/dpa/picture alliance
Suspeito preso usou carro alugado com placa de Munique
Vídeos mostram como vários policiais cercaram carro em uma parada de bonde nas proximidades do mercado de Natal. Sob a mira de armas, o suspeito – um médico psiquiatra saudita de 50 anos de idade – se rendeu e deitou no chão ao lado do veículo, um BMW X5 preto tipo SUV, alugado e com placa de Munique.
Foto: Axel Schmidt/REUTERS
Mercado de Natal foi fechado
O mercado de Natal foi fechado e o centro da cidade, esvaziado. Mais de 500 socorristas foram acionados para dar conta das vítimas, informaram as autoridades.
Menos de 24 horas depois, autoridades contabilizavam cinco mortos – uma criança de 9 anos e quatro adultos – e mais de 200 feridos, sendo mais de 40 deles em estado grave. Dada a gravidade do estado de saúde de alguns dos feridos, é possível que o número de mortos continue a subir.
Foto: Heiko Rebsch/dpa/picture alliance
Motivação do crime ainda não está clara
Segundo Horst Nopens, promotor responsável pelo caso, a polícia trabalha com a tese inicial de que o crime foi motivado pela insatisfação do suspeito com o tratamento dado pela Alemanha a refugiados sauditas. Nas redes, ele publicava mensagens de tom islamofóbico e anti-imigração, além de sinalizar simpatia pela sigla de ultradireita AfD.
No passado, em entrevistas à imprensa, o suspeito acusou a Alemanha de promover uma "operação secreta" para "perseguir" ex-muçulmanos sauditas e "destruir suas vidas" enquanto dava asilo a sírios jihadistas. Ele também criticava a ex-chanceler alemã Angela Merkel, acusando-a de tentar "islamizar a Europa" – uma tese frequentemente defendida por radicais de ultradireita.
Foto: dts Nachrichtenagentur/IMAGO
Mercados de Natal visados para ataques
A segurança dos tradicionais mercados de Natal tem sido um tema importante desde 2016, quando um extremista islâmico tunisiano atacou um mercado de Natal em Berlim a bordo de um caminhão, deixando 13 mortos e dezenas de feridos. Desde então, muitas dessas feiras contam com barreiras de proteção para evitar tragédias semelhantes.
Foto: Heiko Rebsch/dpa/picture alliance
Houve falha na segurança?
No caso de Magdeburg, porém, a rota usada pelo agressor não estava protegida por barreira, segundo um funcionário do município. A rota havia sido projetada para permitir que serviços de resgate chegassem à praça em caso de emergência. No entanto, as forças policiais estavam posicionadas e a entrada não foi deixada desprotegida, defendeu.
Foto: Ebrahim Noroozi/AP Photo/picture alliance
Reações
Acompanhado da ministra do Interior e comitiva do governo, o chanceler federal Olaf Scholz visitou o local do ataque, expressou suas condolências e prometeu apoio federal às investigações.
Foto: Ebrahim Noroozi/AP Photo/picture alliance
Luto
Moradores de Magdeburg trouxeram flores e acenderam vela em memorial improvisado em homenagem às vítimas e suas famílias e entes queridos.
Foto: Christian Mang/REUTERS
Homenagem às vítimas
Na noite do dia seguinte ao ataque, centenas se reuniram em cerimônia na catedral da cidade. O evento foi transmitido por TVs em toda a Alemanha. A prefeita pediu à população que siga unida, apesar do choque. Já o bispo Gerhard Feige frisou que os presentes estavam lá para oferecer apoio uns aos outros, e exortou o público a não "deixar que o ódio e a violência tenham a última palavra".
Foto: Ebrahim Noroozi/AP/picture alliance
Extremistas protestam
A 800 metros dali, manifestantes entoaram slogans extremistas. Houve episódios de hostilidade contra a imprensa, pedidos de "remigração" – eufemismo da extrema direita para a deportação de estrangeiros – e gritos como "nós somos o povo" – slogan nacionalista – e "não queremos abrigos para asilados". ONG diz ter registrado aumento visível de ataques na cidade a pessoas com "aparência estrangeira".