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Pressão invisível

Markus Kreutler (av)28 de março de 2007

Endurecimento das medidas do Conselho de Segurança contra Teerã força investidores alemães a maior cautela. Negócios com firmas iranianas continuam possíveis, mas o clima piorou. Teme-se nova escalada.

ONU teme que Irã desenvolva armamento atômicoFoto: picture-alliance/dpa

Ainda é permissível negociar com o Irã. Para muitas empresas alemãs esta é a conseqüência da mais recente resolução da ONU. O Conselho de Segurança Mundial pretende forçar aquele país asiático a ceder no impasse nuclear através de medidas como o congelamento de contas bancárias, proibição de viagens para presumíveis funcionários do programa nuclear e restrições ao comércio de armamentos.

A importação e exportação da maioria das mercadorias não foi diretamente afetada. Entretanto, não há dúvida de que o conflito em torno do enriquecimento de urânio afetou as relações comerciais entre Alemanha e Irã.

Menos exportações, mais aconselhamento

Conselho de Segurança da ONU após decidir sanções contra o IrãFoto: AP

"As firmas ficaram mais cuidadosas, o que também se deve ao progressivo retraimento dos iranianos", declarou Friedrich Wagner, encarregado de Comércio Exterior da Federação Alemã de Engenharia (VDMA).

Ele acrescenta que a situação política incerta resultou num "estado de flutuação", que torna os investimentos cada vez mais arriscados. A cautela crescente é computável: até outubro de 2006 os construtores alemães de máquinas exportaram mercadorias no valor de 1,33 bilhão de euros. Desde então os números vêm caindo.

Em contrapartida cresceu a necessidade de aconselhamento por parte dos membros da VDMA. Segundo Wagner, eles precisam, sobretudo, de diretrizes claras quanto à implementação da resolução.

É preciso estar totalmente claro que mercadorias – por exemplo, as utilizáveis no enriquecimento de urânio – podem causar problemas. "O embargo deve ser praticável, para nós e naturalmente também para as autoridades."

Pressão invisível

Contudo a situação pode se complicar drasticamente para as firmas, caso não se encontre logo uma solução para o impasse. "O clamor será grande no sentido de a Europa restringir o comércio com o Irã", prevê o especialista em assuntos iranianos Johannes Reissner, da Fundação Ciência e Política, de Berlim.

A exigência deverá vir, em especial, dos Estados Unidos, que desde 1996 praticamente suspenderam as transações comerciais com o Irã. As conseqüências do boicote norte-americano para as relações entre empresas alemãs e o Irã já se fazem sentir hoje.

Embora não haja concorrência por parte das firmas dos EUA, o posicionamento dos norte-americanos poderá eventualmente também influenciar os negócios das empresas alemãs. "Não quero chamar a coisa de pressão. Mas há firmas alemãs com negócios lucrativos com os EUA que ficam um pouco mais cautelosas em relação ao Irã", sugere Reissner.

Legais, porém não financiáveis

Sanções poderão acabar em embargo totalFoto: AP

O financiamento também pode se tornar um obstáculo para os negócios com o Irã. Segundo a resolução da ONU só poderão ser concedidos créditos a projetos com fins humanitários e de desenvolvimento. Além disso o iraniano Bank Sepah é a primeira instituição de crédito a ter bloqueados seus bens no exterior.

Friedrich Wagner antecipa que isto poderá resultar em que "as exportações permaneçam legais, porém não mais financiáveis".

Segundo o Ministério alemão da Economia, os créditos estatais de exportação Hermes permanecem intocados pela resolução do Conselho de Segurança da ONU. Com estes, as empresas alemãs poderão assegurar seus contratos de exportação. Contudo, cada requerimento de crédito será minuciosamente examinado, devido aos riscos relativamente altos.