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Sanções da ONU não incomodam Pyongyang

13 de março de 2019

Relatório das Nações Unidas menciona manobras em alto mar da Coreia do Norte para driblar sanções internacionais. Órgão classifica uso de carros de luxo por Kim Jong-un em encontros como provocação.

Líder norte-coreano Kim Jong-un acena da janela de uma limusine da Mercedes-Benz
O uso de veículos caros tem sido avaliado como sinal de que o regime da Coreia do Norte pouco se importa com as sançõesFoto: Getty Images/L. Pham

Aqueles que buscam evidências de quão pouco o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, sente-se importunado com as sanções estipuladas pelas Nações Unidas deveriam dar uma olhada em sua frota de carros. E justamente isso a ONU decidiu fazer.

Nos últimos meses, o líder norte-coreano chegou aos encontros internacionais em carros de luxo das marcas Rolls-Royce, Mercedes-Benz ou Lexus.

Estes veículos não poderiam estar disponíveis ao regime da Coreia do Norte, caso as sanções da ONU contra o governo de Kim estivessem efetivamente em prática. Como essas sanções são dribladas mostra um relatório das próprias Nações Unidas.

"Os norte-coreanos estão conseguindo o que querem", disse Hugh Griffiths, coordenador do Comitê de Especialistas em Revisão de Sanções da ONU. "Eles conseguem tudo do bom e do melhor, quando precisam."

Em outubro, Kim causou espanto quando chegou a uma reunião com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em Pyongyang, em um modelo novo do Rolls-Royce Phantom avaliado em torno de 400 mil euros.

Na cúpula com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em junho do ano passado, em Cingapura, a delegação norte-coreana trafegou numa frota de sedãs sem placas da Mercedes-Benz. E em uma cúpula coreana em Pyongyang, em setembro, representantes norte-coreanos usaram carro da marca de luxo Lexus.

O uso de veículos caros tem sido avaliado como um sinal de Kim de que ele pouco se importa com as sanções impostas à Coreia do Norte. Griffiths criticou essa abordagem e afirmou que "tais violações óbvias" das sanções em reuniões internacionais "não são úteis" e que "não se deve tirar sarro das sanções".

Comitiva de Kim Jong-un deixa a estação central de Pequim numa frota de carros de luxo da Mercedes-Benz, em janeiroFoto: Getty Images/AFP/G. Baker

O Comitê de Especialistas apontou em seu relatório outros exemplos de como a Coreia do Norte tem lidado com as sanções impostas devido ao seu programa de mísseis e armas nucleares.

Apesar das sanções internacionais, Pyongyang consegue exportar petróleo e importar carvão. As mercadorias são transbordadas de um navio cargueiro para outro em pleno alto mar. "É uma loucura o que está acontecendo em águas internacionais", disse Griffiths. "A anarquia tem dado o tom."

Além disso, a Coreia do Norte tentou apoiar militarmente grupos rebeldes, por exemplo, no Iêmen.

"O problema não acabou, o problema não está resolvido. Por isso devemos continuar a implementar as sanções – assim como foram adotadas pela ONU – e essa é a tarefa principal", afirmou o embaixador alemão na ONU, Christoph Heusgen.

PV/dpa/afp

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