Relatório das Nações Unidas menciona manobras em alto mar da Coreia do Norte para driblar sanções internacionais. Órgão classifica uso de carros de luxo por Kim Jong-un em encontros como provocação.
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Aqueles que buscam evidências de quão pouco o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, sente-se importunado com as sanções estipuladas pelas Nações Unidas deveriam dar uma olhada em sua frota de carros. E justamente isso a ONU decidiu fazer.
Nos últimos meses, o líder norte-coreano chegou aos encontros internacionais em carros de luxo das marcas Rolls-Royce, Mercedes-Benz ou Lexus.
Estes veículos não poderiam estar disponíveis ao regime da Coreia do Norte, caso as sanções da ONU contra o governo de Kim estivessem efetivamente em prática. Como essas sanções são dribladas mostra um relatório das próprias Nações Unidas.
"Os norte-coreanos estão conseguindo o que querem", disse Hugh Griffiths, coordenador do Comitê de Especialistas em Revisão de Sanções da ONU. "Eles conseguem tudo do bom e do melhor, quando precisam."
Em outubro, Kim causou espanto quando chegou a uma reunião com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em Pyongyang, em um modelo novo do Rolls-Royce Phantom avaliado em torno de 400 mil euros.
Na cúpula com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em junho do ano passado, em Cingapura, a delegação norte-coreana trafegou numa frota de sedãs sem placas da Mercedes-Benz. E em uma cúpula coreana em Pyongyang, em setembro, representantes norte-coreanos usaram carro da marca de luxo Lexus.
O uso de veículos caros tem sido avaliado como um sinal de Kim de que ele pouco se importa com as sanções impostas à Coreia do Norte. Griffiths criticou essa abordagem e afirmou que "tais violações óbvias" das sanções em reuniões internacionais "não são úteis" e que "não se deve tirar sarro das sanções".
O Comitê de Especialistas apontou em seu relatório outros exemplos de como a Coreia do Norte tem lidado com as sanções impostas devido ao seu programa de mísseis e armas nucleares.
Apesar das sanções internacionais, Pyongyang consegue exportar petróleo e importar carvão. As mercadorias são transbordadas de um navio cargueiro para outro em pleno alto mar. "É uma loucura o que está acontecendo em águas internacionais", disse Griffiths. "A anarquia tem dado o tom."
Além disso, a Coreia do Norte tentou apoiar militarmente grupos rebeldes, por exemplo, no Iêmen.
"O problema não acabou, o problema não está resolvido. Por isso devemos continuar a implementar as sanções – assim como foram adotadas pela ONU – e essa é a tarefa principal", afirmou o embaixador alemão na ONU, Christoph Heusgen.
PV/dpa/afp
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Apesar do destaque no noticiário internacional, nação asiática continua sendo uma das mais isoladas do mundo. Em várias visitas ao país, o instagrammer Pierre Depont tentou capturar a vida cotidiana dos norte-coreanos.
Foto: DW/P.Depont
Traços de normalidade
Apesar da imagem de reclusa, a Coreia do Norte convida estrangeiros a descobrirem suas atrações. Mas viajar como turista não significa passear livremente pelo país, pois guias especiais devem acompanhar cada passo do visitante. As restrições não desencorajaram o instagrammer britânico Pierre Depont, que visitou o país sete vezes, capturando traços de normalidade no cotidiano dos norte-coreanos.
Foto: DW/P. Depont
Capitalismo rastejante
Depont visitou a Coreia do Norte pela primeira vez em 2013 e, desde então, ele estuda as transformações no país autoritário. Nos últimos dois ou três anos, ele observou que “em Pyongyang, tornou-se aceitável exibir a própria riqueza”. Com uma classe média cada vez maior e um boom das construções, a capital norte-coreana parece estar desafiando sanções econômicas internacionais.
Foto: Pierre Depont
Estilo em Pyongyang
Estabelecer contato com pessoas comuns não é fácil na Coreia do Norte, segundo Depont. "Tive algumas conversas aleatórias com estranhos, sempre ouvidas por um dos guias.” De acordo com as experiências do instagrammer, a maioria dos norte-coreanos não gosta de ser fotografado. “As mulheres norte-coreanas estão definitivamente ficando mais estilosas. Mas só é possível notar isso nas cidades.”
Foto: DW/P. Depont
Urbano X rural
Esta estação de metrô em Pyongyang deslumbra passageiros com o que parecem ser paredes de mármore e candelabros. Para Depont, a Coreia do Norte é um lugar ideal para a fotografia. “Você não encontra nenhuma publicidade, nenhuma distração”, diz. Mas enquanto a capital, onde vive a elite, parece estar prosperando, outras partes do país permanecem assoladas pela pobreza.
Foto: Pierre Depont
Dificuldades ocultas
A Coreia do Norte continua sendo uma sociedade altamente militarizada e predominantemente agrícola. Turistas, no entanto, não conseguem ver muito das condições de vida da população rural. “Cada pedacinho de terra é cultivado, cada metro quadrado é usado”, conta Depont.
Foto: Pierre Depont
Abundância encenada?
Turistas interessados na vida fora das cidades norte-coreanas são levados em visitas guiadas a cooperativas agrícolas. Quando Depont visitou uma fazenda do tipo, próxima a Hamhung, segunda maior cidade do país, ela exibia uma pequena venda, com uma variedade de mercadorias ordenadamente expostas. Depont disse ter tido a impressão de que se tratava de um comércio de fachada, só para ser mostrado.
Foto: DW/P.Depont
Escolas de elite
Uma parada numa escola modelo é um ponto importante de muitos tours na Coreia do Norte. A colônia de férias internacional Songdowon foi reaberta em 2014 e recebeu a visita do atual líder do país, Kim Jong-un. “Há algo de irreal no lugar”, conta Depont. “As crianças brincam na sala de jogos, usando fliperamas e cerca de 20 computadores modernos.”
Foto: DW/P.Depont
Militarismo onipresente
O setor militar é fundamental para a identidade do país e para o sustento de sua sociedade. Cerca de um quarto da população trabalha como funcionário militar. Pyongyang tem um dos maiores orçamentos militares do mundo em relação à sua economia. Desde pequenos, os norte-coreanos crescem em meio a um imaginário militar. Depont se deparou com esse tanque em miniatura num playground perto de Hamhung.
Foto: Pierre Depont
Adoração ritualizada
Além do militarismo, o alto nível de controle político e o culto à personalidade de Kim Jong-un e seus predecessores são onipresentes. A adoração cotidiana ao líder supremo impressionou Depont. “Você vê a quantidade de dinheiro e esforço dedicados a sustentar a história dos grandes líderes e suas grandes estátuas.”