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SociedadeVenezuela

Sanções aumentaram a pobreza na Venezuela, diz estudo

30 de outubro de 2020

Relatório aponta que sanções impostas ao país foram mais sentidas pela população, que ficou ainda mais pobre e desigual, e não cumpriram objetivo de derrubar Maduro.

Pessoas fazem fila para receber comida na Venezuela
Oito em cada dez venezuelanos vivem em profunda misériaFoto: Juan Carlos Hernandez/Zuma/picture-alliance

Sanções internacionais impostas à Venezuela agravaram a pobreza e pioraram a qualidade de vida da população do país, sem atingir seu objetivo principal de derrubar o governo de Nicolás Maduro. A afirmação é de um estudo divulgado nesta sexta-feira (30/10) pelo think tank Escritório de Washington para Assuntos Latino-Americanos (Wola, na sigla em inglês).

"Depois de três anos, os resultados são bastante medíocres. [...] A crise se agravou, e a mudança política não foi alcançada", destaca o relatório, que se concentra nas medidas punitivas impostas pelos Estados Unidos ao país sul-americano desde 2017.

Várias dessas sanções tiveram "efeitos negativos sobre a população", causando maior "desigualdade e pobreza", afirma a entidade, que pede a revogação dessas medidas ou ao menos que elas sejam flexibilizadas.

O estudo afirma que, embora a crise econômica na Venezuela tenha começado antes das primeiras sanções americanas, em agosto de 2017, essas medidas "contribuíram diretamente para seu declínio profundo e para uma deterioração ainda maior da qualidade de vida dos venezuelanos".

O relatório de 53 páginas examina o impacto das sanções americanas em vários setores do país, incluindo a indústria de petróleo, a importação de alimentos, remédios, combustível e outros bens essenciais, e o trabalho de organizações humanitárias.

O texto deixa claro que a intenção do estudo não é "diminuir a responsabilidade" do governo venezuelano, tanto de Maduro como do ex-presidente Hugo Chávez, na "origem da crise econômica", mas sim demonstrar com fatos que as sanções americanas não cumpriram seu objetivo de pôr fim ao que os EUA consideram uma "ditadura" na Venezuela.

Mais que isso, o relatório do Wola afirma que as sanções "exacerbam o autoritarismo" no país sul-americano e "estão gerando repercussões significativas" em sua economia, "resultando em uma perda considerável de bem-estar da população".

Medidas como proibir ao país petroleiro a troca de petróleo cru por combustível, por exemplo, "não afetam o caixa" da petroleira estatal PDVSA, mas sim afetam diretamente a população venezuelana, que teve que lidar com as consequências de viver sem gasolina.

Enquanto isso, alerta o relatório, Maduro "uniu suas forças em uma espécie de épico revolucionário" contra as sanções, já que o governo venezuelano afirma ter recebido 300 punições financeiras somente dos Estados Unidos e as descreve como a causa de todos os problemas do país.

O relatório é assinado pelo economista venezuelano Luis Oliveros, da Universidade Central da Venezuela em Caracas, e foi elaborado com base em avaliações privadas, dados não oficiais e números disponíveis ao público.

Um estudo nacional publicado recentemente pela organização da sociedade civil HumVenezuela mostrou que oito em cada dez venezuelanos estão afundados na miséria e penam para satisfazer suas necessidades mais básicas, como acesso a água potável e alimentação.

EK/efe/ots

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