Sanções podem deixar 200 mil sem emprego em Moscou
18 de abril de 2022
Vagas devem ser perdidas com fechamento de empresas estrangeiras na região da capital russa. País enfrenta pesadas sanções internacionais impostas em reação à invasão da Ucrânia.
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Cerca de 200 mil pessoas correrem o risco de perder seus empregos em Moscou devido às decisões de empresas estrangeiras de suspender as operações ou abandonar a Rússia por causa das sanções impostas ao país, afirmou nesta segunda-feira (18/04) o prefeito da capital russa Serguei Sobianin. As medidas foram impostas pelo Ocidente após o regime de Vladimir Putin ter invadido a Ucrânia.
De acordo com Sobianin, as autoridades de Moscou estão prontas para apoiar aqueles que perderem seus empregos, oferecendo treinamento e trabalhos sociais. O prefeito disse ainda que um programa de ajuda aos trabalhadores afetados de 41 milhões de dólares foi aprovado.
Centenas de empresas anunciaram a suspensão das atividades na Rússia ou a saída do país, após Putin ordenar a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro. Somente em Moscou, 300 firmas estrangeiras fecharam suas portas, segundo Sobianin.
Falência econômica
A invasão russa foi condenada por grande parte da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armas para a Ucrânia e vários pacotes de sanções econômicas e políticas contra Moscou. Economistas preveem que os piores impactos destas punições ainda estão por vir e esperam que a Rússia mergulhe numa profunda recessão.
A Rússia lançou uma série de medidas para tentar amortecer os impactos das sanções em sua economia. Recentemente, Moscou pediu apoio ao Brasil no Fundo Monetário Internacional, no Banco Mundial e no G20, grupo das principais economias do mundo, para ajudá-lo a combater as sanções.
O Ministro da Fazenda russo, Anton Siluanov, escreveu ao ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, pedindo apoio do Brasil "para evitar acusações políticas e tentativas de discriminação em instituições financeiras internacionais e fóruns multilaterais".
Quase metade das reservas internacionais da Rússia foi congelada e as transações de comércio exterior estão sendo bloqueadas, incluindo aquelas com seus parceiros de economias emergentes, disse Siluanov.
Neste domingo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a falência do Estado russo é apenas uma "questão de tempo". Ela disse que as sanções estão afetando cada vez mais a economia russa, "semana após semana", e que as "exportações de bens para a Rússia caíram 70%".
CN (Reuters, afp, Lusa)
Sanções do Ocidente atingem círculo íntimo de Putin
Em reação à invasão da Ucrânia, UE, EUA e outros países ocidentais impuseram sanções severas à economia russa e aos associados do presidente Vladimir Putin. Quem são os bilionários atingidos?
Foto: Christian Charisius/dpa/picture alliance
Igor Sechin
Sechin é ex-primeiro-ministro da Rússia e diretor executivo da estatal petroleira Rosneft. No documento da União Europeia relativo às sanções, ele é descrito como "um dos assessores mais próximos e amigo pessoal" de Vladimir Putin. Além disso, apoia a consolidação da anexação ilegal da Crimeia à Rússia, sobretudo com o envolvimento da Rosneft no fornecimento de combustível à península.
Foto: Alexei Nikolsky/Russian Presidential Press and Information Office/TASS/picture alliance
Alisher Usmanov
Nascido no Uzbesquistão, Usmanov é magnata de metais e telecomunicação. A UE o cita como um dos oligarcas favoritos de Putin, tendo pago milhões a um de seus principais assessores, hospedado o presidente russo em sua luxuosa residência pessoal, além de atuar em sua "linha de frente" e "resolver seus problemas de negócios". Os EUA e o Reino Unido também o acrescentaram a suas listas negras.
Foto: Alexei Nikolsky/Kremlin/Sputnik/REUTERS
Mikhail Fridman e Petr Aven
A UE descreveu Fridman (c.) como "importante financiador e facilitador do círculo íntimo de Putin". Ele e seu parceiro de longa data Aven (dir.) lucraram bilhões de dólares com petróleo, transações bancárias e comércio de varejo, segundo a agência de notícias Reuters. A UE acrescenta que Aven é um dos homens de negócios russos ricos que se reúnem regularmente com Putin no Kremlin.
Foto: Mikhail Metzel/ITAR-TASS/imago
Negando conexões com Putin e o Kremlin
Numa coletiva de imprensa após o anúncio pela UE, tanto Fridman quanto Aven (dir.) negaram ter qualquer "relação financeira ou política com o presidente ou o Kremlin" e prometeram combater as punições, supostamente sem base, "com todos os meios à disposição". Nascido no oeste da Ucrânia, Fridman é um dos poucos russos submetidos a sanções que se pronunciou publicamente contra a guerra.
Foto: Alexander Nenenov, Pool/AP/picture alliance
Boris e Igor Rotenberg
A família Rotenberg é notória por seus laços estreitos com Putin. Boris é coproprietário do SMP Bank, associado à petroleira Gazprom. Seu irmão Arkady, já sob sanções da UE e dos EUA, praticava judô com Putin desde adolescente. Igor, filho de Arkady, controla a campanha de perfuração Gazprom Bureniye. Após a invasão russa, Boris e Igor entraram para as listas britânica e americana de sancionados.
Foto: Sergey Dolzhenko/epa/dpa/picture-alliance
Gennady Timchenko
Timchenko é um importante acionista do Rossiya Bank – definido no documento da UE como o banco pessoal das autoridades russas, investindo nas emissoras de televisão que apoiam ativamente as medidas do governo russo para desestabilizar a Ucrânia. Além disso, o Rossiya teria aberto sucursais na Crimeia, apoiando sua anexação ilegal.
Foto: Sergei Karpukhin/AFP/Getty Images
Alexei Mordashov
Mordashov investiu seriamente no National Media Group, o maior holding particular de mídia da Rússia, que apoia as medidas estatais de desestabilização da Ucrânia, afirma a UE. Em comunicado, o bilionário asseverou que não tem "nada a ver com a emergência da atual tensão geopolítica" e definiu essa guerra como uma "tragédia de dois povos fraternos".
Foto: Tass Zhukov/TASS/dpa/picture-alliance
Iates confiscados
As novas sanções incluem o congelamento de bens e restrições a viagens. Desde sua imposição, diversos iates de luxo pertencentes à elite russa foram confiscados na Itália, França e Reino Unido. Entre seus proprietários estão Sechin, Usmanov e Timchenko.