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Sangue para combater futuras doenças

Tomma Schröder (as)18 de julho de 2005

Banco genético na cidade de Kiel, capital de Schleswig-Holstein, arquiva e cataloga sangue humano para o combate a futuras enfermidades.

DNA contém informações valiosas sobre a saúde humanaFoto: AP

Uma porta equipada com alarme no porão da clínica universitária de Kiel esconde um artigo tão valioso quanto ouro: amostras de sangue e de DNA. "Popgen" está escrito sobre os milhares de tubos de ensaio – uma abreviatura em alemão para "Recrutamento genético-populacional de pacientes e grupos de controle". Atrás desse nome pouco esclarecedor está o projeto para a construção do maior banco genético da Alemanha.

Herança na geladeira

Os tubos de ensaio são armazenados a temperaturas de até 80 graus negativos num misto de caixa forte com refrigerador. Segundo o diretor do Popgen, Stefan Schreiber, cada um desses refrigeradores comporta 400 litros, o equivalente a quatro geladeiras. Isso é suficiente para armazenar mais de 10 mil amostras de sangue.

Amostras de sangueFoto: dpa - Bildarchiv

Além de amostras de sangue de pacientes doentes, Schreiber e seus colaboradores recolheram informações sobre a evolução das doenças e o estilo de vida dos enfermos. O objetivo é avaliar as predisposições genéticas, as influências externas e as terapias aplicadas.

Para servir de base de comparação, um grupo de controle, formado por pessoas sadias, forneceu pequenas amostras de sangue. Schreiber salienta que todas as amostras foram obtidas graças à colaboração de voluntários, todos eles moradores de Schleswig-Holstein.

Evitar novas doenças

"Popgen é um arquivo genético e molecular da nossa população", afirma o pesquisador. "E ela passa por alterações constantes." Principalmente nos últimos 70 anos se desenvolveram muitas das chamadas doenças da civilização, que têm origem no modo de viver da sociedade moderna.

Em 20 anos, calcula Schreiber, deverá haver uma nova onda de doenças. "Então nós ficaremos felizes em saber que temos o Popgen. Se ele existisse há 30 anos, poderíamos hoje encontrar a cura para muitas da atuais doenças."

Auxílio à prevenção e ao tratamento de doençasFoto: BilderBox/AP Graphics/DW

Um banco genético formado ao longo de décadas permite aos pesquisadores identificar as alterações genéticas responsáveis pelo surgimento de novas doenças. Se, por exemplo, é possível identificar precocemente uma predisposição para a asma e se sabe quais fatores externos são nocivos e quais terapias são eficientes, pode-se agir no tempo certo.

Embora as doenças da civilização tenham origem em predisposições genéticas, elas dependem muito de fatores externos, como o meio ambiente ou hábitos alimentares ruins. E é exatamente dessa combinação que os pesquisadores do Popgen pretendem se ocupar.

Ajuda na escolha de terapias


Mas o projeto de Kiel não pretende apenas melhorar a prevenção de doenças, mas a longo prazo também o tratamento. Também nesse ponto a medicina genética pode ajudar. "A medicina genética não é uma terapia baseada em genes, mas a tentativa de utilizar informações genéticas para alcançar um tratamento mais eficaz", explica Schreiber. Assim seria possível selecionar terapias mais eficientes e descartar as que trazem grandes efeitos colaterais.

Mas tudo isso ainda é futuro. As amostras ainda não estão liberadas para análise. Para evitar mau uso das informações armazenados, foi desenvolvido um complexo método analítico, ainda em fase de testes. "Popgen, como banco genético, foi construído para não trazer riscos à sociedade", afirma Schreiber. "O maior risco que a medicina genética traz consigo é a discriminação. Só que esse risco não tem origem na genética, mas na própria sociedade."

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