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Governo

28 de agosto de 2007

O ingresso do Brasil e da Alemanha como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a criação de uma defesa européia comum e a retirada das tropas do Iraque estão entre as propostas de Nicolas Sarkozy.

O presidente francês discursa perante os embaixadores em ParisFoto: AP

Perante os embaixadores credenciados em Paris, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, realizou, nesta segunda-feira (27/08), no Palácio do Eliseu, sua primeira declaração de governo na área de política externa.

Entre as propostas de Sarkozy, estão a entrada do Brasil e Alemanha como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a criação de uma defesa européia comum e um prazo para retirada das tropas internacionais do Iraque. "A marca de um chefe de Estado é sua vontade de alterar o curso das coisas", declarou Sarkozy.

O presidente francês expressou sua vontade de renovar a política francesa no âmbito das relações exteriores e de interferir em diversos conflitos internacionais. A mídia européia reagiu de forma dividida quanto à declaração de governo do presidente francês.

Nova ordem do planeta

Nicolas Sarkozy salientou querer fortalecer o papel da França em todos os atuais conflitos internacionais. Ele sugeriu uma ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que deveria incluir Brasil, Alemanha, Japão e Índia como novos membros permanentes e uma adequada representação dos países africanos.

O presidente francês defendeu que o G8 se torne um G13, com a adesão dos mais importantes países em desenvolvimento: China, Índia, Brasil, México e África do Sul.

A reforma do G8 deve estar de acordo com a "nova ordem do planeta. Não mudei de idéia e estou convencido de que, no final, a solução para o grêmio será aceita como a mais racional por todos", comentou Sarkozy.

Elogios a Merkel

Para o presidente francês, a Europa tem prioridade máxima. Ele elogiou enfaticamente Angela Merkel por sua contribuição ao novo tratado da União Européia e exigiu a retomada das negociações com a Turquia, mas salientou ser contra a aceitação do país como membro do bloco.

Sarkozy defende uma política européia comum de Segurança, afirmando que, nos últimos anos, a UE organizou uma boa dúzia de intervenções "que mostram que não existe competição entre a Otan e a UE, mas complementação". O presidente francês mostrou-se favorável a um prazo para retirada das tropas internacionais do Iraque. Em sua opinião, a comunidade internacional só pode começar a auxiliar quando as tropas saírem, num momento em que "a França estaria disposta a ajudar".

Sarkozy não repetiu a gafe de seu ministro das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, que acabou se desculpando por ter declarado, em uma entrevista, que o primeiro-ministro iraquiano Nuri al Maliki deveria renunciar. Sarkozy, no entanto, declarou seu total apoio a Kouchner.

Reações da imprensa européia

O diário milanês Corriere della Sera comenta: "Como sempre pragmático e cavalheiro, Sarkozy corrigiu sua posição quanto à entrada da Turquia na UE… A abertura de Sarkozy reflete o desejo de dar mais conteúdo ao plano da 'Europa do Mediterrâneo'. Por trás disto, está uma visão da Europa capaz de assumir um importante papel no palco mundial, tanto no tocante aos perigos à paz (Irã, Iraque, Líbano e Afeganistão) quanto aos países emergentes (Índia, Brasil) e à nova agressividade econômica da Rússia e da China".

Para o Financial Times Deutschland, "O estilo renovador de Sarkozy fracassará na política externa se achar que pode forçar o acontecimento das coisas. Internamente, isto pode levar a um conflito com o sistema político francês. Externamente, uma potência média como a França só pode exercer influência se seguir as regras da diplomacia. Sarkozy não segue tais regras. Ele quer uma nova orientação política para a UE e quer estipular as condições de negociações com a Turquia. Ele terá de aprender que assim não funciona a política européia".

O diário econômico Handelsblatt comenta: "Pode ser que muitos dos chefes de Estado e governo pensem da mesma forma que Sarkozy. Expressar seus pensamentos aos embaixadores da China, da Rússia e de quase todos os outros Estados do mundo já é uma outra história. A diplomacia não é o ponto forte do homem que os franceses escolheram para chefiar seus diplomatas. Quanto mais fala mal de outros, melhor fala de si. Por diversas vezes, o chefe de Estado formulou uma exigência de liderança francesa, tanto na Europa quanto no mundo".(ca)

Sarkozy elogiou enfaticamente MerkelFoto: AP
Sarkozy é contra a admissão da Turquia na UEFoto: AP
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