Saída voluntária
10 de setembro de 2010Thilo Sarrazin poupou o presidente alemão, Christian Wulff, de ter que tomar uma decisão sobre sua permanência na direção do Banco Central alemão (Bundesbank). Filiado ao Partido Social Democrata (SPD), Sarrazin, que havia se tornado alvo de polêmica depois da publicação de um controverso livro sobre a integração de imigrantes, pediu seu desligamento da instituição financeira nesta quinta-feira (09/09).
"Tendo em vista o debate público, as partes envolvidas encerrarão até o fim do mês sua cooperação", dizia a nota divulgada pelo Bundesbank ainda na noite da quinta-feira.
Há uma semana, Christian Wulff recebeu do conselho executivo do Bundesbank uma solicitação do afastamento de Sarrazin da instituição. Membros da direção do banco diziam não concordar com as ideias publicadas em Deutschland schafft sich ab (A Alemanha extingue a si mesma), assinado por Sarrazin.
O político de 65 anos disse que está sob grande pressão e que não faria sentido enfrentar toda a classe política e a imprensa depois do lançamento de seu controverso livro. "Isso seria arrogante e não funcionaria", comentou Sarrazin.
Alívio em Berlim
O presidente alemão se disse satisfeito com a decisão de Sarrazin – afinal, só o chefe de Estado poderia determinar sua saída do conselho do Banco Central. O pedido de demissão gerou alívio em Berlim, já que alguns juristas temiam que, caso fosse afastado, Sarrazin pudesse iniciar uma ação judicial.
O comunicado de Sarrazin também foi recebido com alívio pelo presidente do Bundesbank, Axel Weber, já que a polêmica levantada pela publicação do livro poderia atrapalhar seus planos de assumir o comando do Banco Central Europeu no próximo ano.
As teses
O livro Deutschland schafft sich ab (A Alemanha extingue a si mesma) havia causado polêmica antes mesmo de seu lançamento, em 30 de agosto. Segundo o autor, a Alemanha corre o risco de se descaracterizar com o aumento da participação demográfica estrangeira, sobretudo islâmica.
Sarrazin ainda acusa os muçulmanos de terem baixa participação no mercado de trabalho e, por isso, serem responsáveis por grandes gastos do Estado. Outro argumento usado pelo autor é que cada grupo tem uma composição genética diferenciada e os muçulmanos estariam "emburrecendo" a sociedade alemã.
O SPD também abriu um processo para expulsar Sarrazin. Segundo o partido, os conceitos utilizados por ele "beiram a higiene racial", o que afasta o político dos valores social-democratas.
NP/rts/dpa
Revisão: Rodrigo Rimon