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Sauditas denunciam interferência do Irã na região

5 de janeiro de 2016

Autoridades de Teerã e Riad continuam troca de farpas, enquanto Turquia e países do Ocidente tentam aplacar crise diplomática, que pode ter consequências graves para todo o Oriente Médio.

Protesto na segunda-feira no Irã contra a execução de clérigo xiitaFoto: picture-alliance/AP Photo/V. Salemi

O embaixador da Arábia Saudita na ONU, Abdallah al-Moualimi, culpou na madrugada desta terça-feira (05/01) o que chamou de interferência do Irã nos assuntos internos de seu país e outras nações árabes pelo rompimento diplomático entre Riad e Teerã.

As hostilidades entre os dois poderes se agravaram após o regime saudita executar 47 pessoas, entre elas o clérigo xiita Nimr Baqir al-Nimr, no sábado. A execução gerou protestos violentos e ataques contra missões diplomáticas sauditas no Irã.

A representação diplomática saudita na ONU afirmou ter realizado "julgamentos justos e imparciais" para os condenados, após o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, expressar preocupação sobre a equidade do sistema judiciário da Arábia Saudita,

O presidente do Irã, Hassan Rohani, disse nesta terça-feira que a Arábia Saudita não pode abafar um delitog rave ao cortando os laços diplomáticos com Teerã.

"A Arábia Saudita não pode esconder seu crime de decapitar um líder religioso ao cortar as relações políticas com o Irã", disse Rohani, segundo a agência estatal de notícias Irna.

Países árabes do Golfo Pérsico, como Bahrein, Sudão e Emirados Árabes Unidos, também romperam relações com o Irã. As nações sunitas da região acusaram diversas vezes o Irã de interferir em seus assuntos internos.

O ministro saudita do Exterior, Adel al-Jubeir, chegou a afirmar que "a história do Irã é repleta de interferências negativas e hostilidades, no que diz respeito às questões árabes".

Países europeus e a Turquia, que possui grande influência na região, também expressaram preocupação com a crise diplomática.

O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steimeier, pediu que os dois países ajam com responsabilidade e deixem de lado suas diferenças para se voltar à luta contra o "Estado Islâmico" (EI) no Iraque e na Síria.

"Espero que as turbulências terminem logo, que a razão prevaleça e que Riad e Teerã se concentrem no que é realmente importante: o desarmamento dos conflitos militares, a busca por soluções políticas na Síria, Iêmen e em outras partes, além de minar a base do EI".

O ministro disse ainda que os países do Oriente Médio têm uma "dívida" para com a comunidade internacional que, segundo afirmou, "trabalhou extensivamente durante anos para levar a paz aos conflitos na região".

O secretário de Estado americano, John Kerry, convocou as autoridades dos dois países nesta segunda-feira para que trabalhem para tentar aliviar as tensões. A Rússia se ofereceu para atuar com o um intermediário entre Teerã e Riad.

A ONU designou seu enviado especial para a Síria para viajar a Teerã e Riad, numa tentativa de amenizar as tensões.

Irã e Arábia Saudita deverão participar da próxima rodada das negociações sobre o processo de paz na Síria, no dia 25 de janeiro em Genebra. O embaixador saudita na ONU assegurou que o rompimento entre seu país e o regime iraniano não deverá influenciar no processo.

"Continuaremos a trabalhar intensamente para apoiar os esforços para a paz na Síria", disse Moualimi. A participação do representante iraniano, porém, ainda não está confirmada.

RC/afp/ap/rtr

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