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Schalke 04 volta à elite, e torcida faz festa de arromba

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
10 de maio de 2022

Com uma vitória épica, os azuis reais retornaram à primeira divisão do futebol alemão. Após o apito final, mais de 2 mil torcedores eufóricos invadiram o campo para abraçar seus ídolos e celebrar o milagre presenciado.

Torcedores carregam o goleador Simon Terodde após a vitória sobre o St. PauliFoto: Martin Meissner/AP/picture alliance

Foi uma noite memorável em Gelsenkirchen. Num jogo carregado de fortes emoções, os azuis reais conseguiram uma vitória épica de virada por 3 x 2 sobre o St. Pauli. Vitória essa que representou nem mais nem menos que seu retorno triunfal à primeira divisão do futebol alemão – a Bundesliga. Ao soar do apito final, milhares de torcedores eufóricos, gritavam a plenos pulmões "Estamos de volta" (Wir sind wieder da). O brado ecoava pelo estádio.

Não bastasse isso, depois do jogo, mais de 2 mil torcedores invadiram o campo. Foram cenas inesquecíveis de fãs arrancando placas do gramado enquanto outros recortavam pedaços das redes dos gols. Sem contar que muitos foram abraçar seus ídolos chorando copiosamente, ainda sem poder acreditar no milagre que haviam acabado de presenciar.

A metamorfose

Há pouco mais de dois meses, o sonho de voltar à elite parecia estar cada vez mais longe. O Schalke vagueava em sexto lugar na tabela, a seis pontos de distância de uma vaga para o acesso. Faltando apenas nove rodadas para o fim, a batalha pelo retorno à Bundesliga parecia estar perdida.

A diretoria do clube decidiu então puxar o freio de mão. Demitiu o técnico Dimitrios Grammozis, e no seu lugar assumiu interinamente Michael Büskens, ex-jogador e técnico adjunto do Schalke 04, extremamente identificado com os valores do clube. Coincidência ou não, com Büskens começou uma verdadeira metamorfose na forma de jogar do time.

Em oito jogos sob nova direção, os azuis reais obtiveram sete vitórias, amargando apenas uma única derrota. Foi essa arrancada na reta final da competição que garantiu ao clube o retorno à prateleira de cima do futebol alemão com uma rodada de antecedência.

Enquanto os azuis reais avançavam na fase final do campeonato, conquistando 21 pontos em oito partidas, seus mais diretos concorrentes na luta pelo acesso como Werder Bremen, Darmstadt, Hamburgo e St. Pauli foram ficando para trás. Nenhum deles sequer chegou perto de tal desempenho no mesmo período.

Em festa, milhares de torcedores invadiram o campoFoto: Martin Meissner/AP/picture alliance

Visivelmente emocionado, Büskens não se cansava de elogiar seus jogadores: "Foi uma viagem incrível durante a qual desenvolvemos uma mentalidade e um espírito muito forte. Não esqueceremos esta noite. Por décadas vamos nos lembrar dos momentos que estamos vivenciando aqui e agora. Fico feliz pelo clube que sofreu tanto nos últimos anos."

Era para ser uma noite muito especial mesmo. Pouco antes do pontapé inicial, o Schalke reuniu no gramado os jogadores daquele time que há 25 anos conquistava a Copa da Uefa, o  maior título já obtido pelo clube. Enquanto os veteranos eram homenageados por esse seu triunfo em 1997, a torcida entoava hinos referentes aos seus "Eurofighters". Michael Büskens fez parte daquele time campeão europeu.

Imbuído por esse espírito vencedor, Büskens não se conformou com o placar do primeiro tempo, que assinalava a vitória parcial do St. Pauli por 2 x 0. Fez um forte discurso motivacional recheado de menções às origens do clube no vestiário e o time voltou possesso para a etapa final. Seu artilheiro Simon Terrode marcou dois gols empatando o jogo, e o uruguaio Rodrigo Zalazar decretou a vitória. Final: 3 x 2!

O maior artilheiro da história da segundona

A primeira imagem da TV após o apito final mostrou em close o goleador Terrode, ajoelhado no gramado chorando convulsivamente. Contratado especialmente em julho do ano passado por recomendação expressa do diretor de esportes Rouven Schröder, Terrode confirmou sua expertise na Bundesliga 2. Ele é agora o maior artilheiro da história da segundona, com 171 gols, e que, pelo Schalke, em 29 jogos marcou 29 gols – números que atestam, sem sombra de dúvida, sua importância nesta campanha vitoriosa dos azuis reais.

Ainda arrebatado pelo que viu em campo, Schröder declarava: "Estou em estado de choque, positivamente. É inacreditável o que acabamos de ver e tudo aquilo que aconteceu nesta noite aqui em nossa casa. Vou cumprimentar um a um todos aqueles que fizeram parte desta jornada inesquecível e todos aqueles que acreditaram na gente e apoiaram nosso time. Estamos superfelizes!"

A felicidade foi tanta que jogadores e torcedores foram comemorar o feito num reduto azul real em Gelsenkirchen: a "Schalker Meile" (milha do Schalke), o trecho de uma avenida que se assemelha a um museu a céu aberto dedicado à história e às tradições do clube. Uma multidão se aglomerou ali até altas horas da madrugada. A polícia local chegou a interditar o trecho a veículos para que o povo pudesse dar vazão à sua euforia, regada naturalmente a litros e litros da boa cerveja local.    

Passados 382 dias desde o rebaixamento no ano passado, o Schalke 04 está de volta à Bundesliga.

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit é publicada às terças-feiras. 

O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.