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Scholz: Alemanha deve se preparar para corte de gás russo

28 de abril de 2022

Em visita ao Japão, chanceler federal afirmou que o país tem refletido sobre a suspensão do abastecimento desde antes da invasão da Ucrânia. Nesta semana, a Rússia interrompeu o serviço para Polônia e Bulgária.

A imagem mostra o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida. Ambos caminham e têm um soldado vestindo máscara à frente e funcionárias junto a um balcão ao fundo.
O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, durante encontro que ocorreu em Tóquio.Foto: Shuji Kajiyama/AP Photo/picture alliance

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, afirmou que a Alemanha deve estar preparada para a suspensão do abastecimento de gás natural russo. A declaração ocorreu durante a visita de Scholz ao Japão nesta quinta-feira (28/04).

"Se haverá e qual vai ser a decisão do governo russo nesse sentido é especulação, mas… É preciso estar preparado para isso", disse o chefe de governo, que acrescentou que o governo alemão já havia começado a refletir sobre essa possibilidade antes do início da invasão russa da Ucrânia, no dia 24 de fevereiro.

Embora trabalhe para reduzir a dependência do gás russo – fundamental para a geração de energia na Alemanha –, o governo alemão descartou possíveis embargos justamente devido aos danos econômicos que isso poderia causar ao país.

Scholz disse que "é um desafio que muitos países europeus, inclusive a Alemanha, dependam da importação de combustíveis fósseis da Rússia". Ele reforçou que o governo alemão pretende encerrar as importações de carvão e petróleo da Rússia este ano, e que "o mesmo ocorrerá com o gás, embora esse processo demande mais tempo".

Nesta semana, a Rússia suspendeu o repasse de gás para Polônia e Bulgária, alegando que esses países não teriam pago pelo serviço em rublos, uma exigência de Moscou em represália às sanções impostas pelo Ocidente, a exemplo do congelamento de ativos e da exclusão de bancos estatais russos do sistema financeiro internacional.

Em meados de março, o presidente russo, Vladimir Putin, havia anunciado que o pagamento pelo gás deveria ser feito na moeda russa, e não em euros, conforme estava estipulado nos contratos. A medida, com efeito desde 1º de abril, é uma retaliação a "países hostis", nas palavras de Putin.

O G7, composto pelas sete nações mais industrializadas do mundo, e a União Europeia como um todo rejeitaram a iniciativa e acusaram a Rússia de violação de contrato.

A empresa de energia Uniper, maior importadora de gás russo na Alemanha, informou nesta quinta-feira que está examinando a possibilidade de pagar pelo gás em euros para uma conta na Rússia.

"Até agora, temos feito transferências em euros para uma conta na Europa", disse um porta-voz da companhia, em Düsseldorf. A Uniper acredita ser possível encontrar um acordo para o impasse, mas afirmou que "não há nenhuma solução final ainda".

Segundo o porta-voz, os pagamentos continuarão a ser feitos em euros, uma vez que as regras de sanções não devem ser violadas. A empresa está em tratativas com a estatal russa Gazprom e com o governo alemão e também com outras companhias alemãs e europeias.

Suspensão para Polônia e Bulgária

Na terça-feira, Polônia e Bulgária foram informadas pela companhia estatal russa Gazprom que o fornecimento de gás natural seria interrompido a partir de quarta-feira.

Ambos os países, assim como outros da União Europeia, têm se recusado a pagar pelo gás natural em rublos, uma tentativa de Moscou para estabilizar e impulsionar sua moeda diante das sanções impostas pelo Ocidente devido à guerra em território ucraniano.

Além disso, a Polônia tem oferecido constante apoio à Ucrânia, já que é a nação que acolheu o maior número de refugiados, serve de rota de transporte para armas enviadas por países do Ocidente e, nesta semana, confirmou que enviará tanques para Kiev.

UE critica atitude russa

Logo depois do anúncio de suspensão de fornecimento de gás para países europeus, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mostrou-se indignada, mas garantiu que o bloco já estava preparado para eventuais cortes e que, ao mesmo tempo, planeja uma resposta "coordenada".

"O anúncio da Gazprom de que está interrompendo unilateralmente o fornecimento de gás a clientes na Europa é mais uma tentativa da Rússia de usar o gás como instrumento de chantagem", disse Von der Leyen em um comunicado.

De acordo com a chefe do Executivo europeu, a medida é "injustificada e inaceitável" e "mostra mais uma vez a falta de confiabilidade da Rússia como fornecedora de gás".

Von der Leyen acrescentou que a UE fez planos de contingência para tal situação e que negociações de crise têm ocorrido em Bruxelas. "Estamos preparados para esse cenário e em estreito contato com todos os Estados-membros", declarou.

gb (dpa, AP)

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