Scholz arrisca perder indicação do SPD antes das eleições
19 de novembro de 2024
Social-democratas alemães se dividem entre chanceler federal em baixa nas pesquisas e popular ministro da Defesa, Boris Pistorius, que vem ganhando cada vez mais apoio dentro do partido há poucos meses do pleito.
Anúncio
Aumenta a pressão entre os membros do Partido Social-Democrata (SPD) para que a legenda defina rapidamente o futuro político do chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, em meio a temores de um possível vexame nas eleições federais antecipadas marcadas para 23 de fevereiro.
Scholz seria o candidato natural do SPD por ser o líder maior do partido e o atual chefe de governo. Contudo, o fato de sua popularidade ter despencado nas pesquisas, assim como o colapso da coalizão de governo liderada por ele nos últimos três anos, fez com que várias lideranças do SPD passassem a apoiar o nome do bem mais popular ministro da Defesa, Boris Pistorius.
Questionado sobre o assunto na cúpula do G20 no Rio de Janeiro, Scholz disse simplesmente que "queremos ter sucesso juntos, queremos vencer juntos, eu e o SPD", o que sinaliza uma mudança em relação à sua insistência anterior em concorrer a um segundo mandato como chanceler.
As principais lideranças do partido se reuniram nesta terça-feira (19/11) à noite em Berlim – sem a presença do chanceler, que ainda voltava do Brasil – para avaliar se Scholz deve continuar sendo o principal candidato do partido nas eleições.
Uma porta-voz do SPD afirmou se tratar apenas de "uma teleconferência regular com os vice-presidentes do partido para organizar a campanha eleitoral antecipada no que diz respeito a datas e prazos". Contudo, vários veículos da imprensa alemã destacaram que o partido quer apressar a confirmação de seu candidato, de modo a evitar um prejuízo ainda maior nas eleições de fevereiro.
Social-democratas divididos
As pesquisas colocam o bloco conservador de oposição formado pela União Democrata Cristã (CDU) e sua legenda parceira na Baviera, a União Social Cristã (CSU), em ampla vantagem entre os eleitores. O SPD, por outro lado, arrisca perder um grande número de assentos no Bundestag (Parlamento).
Nos últimos dias, um número cada vez maior de políticos social-democratas, tanto em nível regional quanto nacional, se manifestaram abertamente a favor da indicação de Pistorius.
Sigmar Gabriel, que liderou o partido de 2009 a 2017, destacou a resistência na base do SPD a simplesmente apoiar Scholz, bem como a péssima avaliação do chanceler nas pesquisas e o desempenho ruim dos social-democratas em várias eleições regionais realizadas recentemente no país.
Gabriel, que atuou como vice-chanceler de Angela Merkel em uma coalizão do SPD com a CDU, pediu coragem das lideranças do partido e disse que aqueles que ignorassem as reclamações da base arrastariam o SPD para o patamar de menos de 15% dos votos.
Isso seria um resultado catastrófico para um partido que tem sido uma das principais forças políticas da Alemanha há mais de um século.
Scholz, porém, ainda tem o apoio de boa parte da liderança do SPD, como o parlamentar e colíder da legenda Lars Klingbeil, que disse não haver outra opção para o partido que não seja Olaf Scholz.
Algumas das figuras históricas do SPD decidiram manter o apoio a Scholz, Entre estes está o polêmico ex-chanceler Gerhard Schröder, que chefiou o governo da Alemanha entre 1998 e 2005. "Qualquer debate sobre um chanceler em exercício que não pode ser substituído prejudica a todos", afirmou ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung.
"O partido não pode desmantelar seu próprio chanceler", disse o veterano político, cujo relacionamento próximo com o presidente russo, Vladimir Putin, e seu trabalho lucrativo como lobista para os interesses energéticos russos o tornaram uma figura altamente controversa dentro do partido.
Anúncio
Lealdade à prova
Em declarações recentes, Pistorius colocou sua lealdade a Scholz em primeiro plano, mas sinalizou que não rejeitaria uma possível indicação do partido.
Nesta segunda-feira, ele desconversou ao ser perguntado sobre uma potencial candidatura. "Na política, você nunca deve descartar nada, não importa do que se trata." "A única coisa que posso definitivamente descartar é que me tornarei papa", brincou.
O ministro, porém, disse que jamais desafiaria Scholz, "primeiramente, porque sou uma pessoa profundamente leal e, em segundo lugar, porque meu plano de vida nunca incluiu me tornar ministro da Defesa ou mesmo chanceler". "Você não ouvirá isso de mim. Sou um soldado do partido", acrescentou.
Em entrevista a uma emissora alemã nesta terça-feira, Scholz elogiou Pistorius e disse ter "total certeza de sua lealdade", O chanceler disse que o ministro da Defesa faz "um bom trabalho, e a cooperação entre nós é muito, muito boa".
Scholz, no entanto, confirmou mais uma vez sua intenção de ser o candidato do SPD à chancelaria nas eleições de fevereiro. "Digo muito claramente: o SPD e eu queremos vencer as próximas eleições juntos. Agimos como um só nos últimos anos de uma forma que ninguém teria imaginado antes, e será o mesmo agora, quando chegar o dia das eleições", disse o chanceler à Welt TV.
O que dizem as pesquisas
Uma pesquisa sobre a popularidade dos principais políticos alemães realizada semanalmente pelo Instituto Insa revelou que Olaf Scholz caiu do 19ª para a 20ª posição, ocupando o último lugar no levantamento, algo inédito para um chanceler no exercício do cargo.
Em forte contraste, Pistorius ocupa a primeira colocação. Numa escala de 1 a 100, o ministro soma 52,8 pontos no ranking do Insa, enquanto o chanceler tem apenas 31,4.
Na avaliação por partido, os conservadores liderados por Friedrich Merz aparecem bem à frente. A mais recente pesquisa do instituto Infratest Dimap, publicada em 7 de novembro, coloca em primeiro lugar na preferência do eleitorado a União (CDU/CSU), com 34%, seguida da ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), com 18%.
A decisão sobre quem será o candidato do SPD deverá ser tomada durante uma conferência do partido para tratar da campanha eleitoral, em 30 de novembro. A indicação será confirmada pelos delegados do SPD em um encontro nacional da legenda agendado para 11 de janeiro.
rc/as (AFP, DPA)
O mês de novembro em imagens
O mês de novembro em imagens
Foto: Ricardo Stuckert/PR
França autoriza Ucrânia a usar armas de longo alcance contra a Rússia
Após EUA e Reino Unido, França diz que também autorizou "uso defensivo" de armas mais pesadas contra o território russo. País abastece a Ucrânia com mísseis de cruzeiro do tipo Storm Shadow (foto) desde 2023. A Alemanha, até agora, tem se recusado a fornecer essas armas. O Kremlin criticou Paris, chamando a decisão de "tiro de misericórdia" para a Ucrânia. (24/11)
Foto: Nicolas Economou/NurPhoto/picture alliance
Após tensas negociações, COP29 termina com promessa de US$ 300 bi por ano
Conferência do Clima da ONU em Baku, no Azerbaijão, terminou com promessa de US$ 300 bilhões por ano para países mais afetados por eventos climáticos extremos. Acordo tenso foi costurado na reta final do evento e sob protestos de alguns países (foto). Valor ficou abaixo dos US$ 1,3 trilhão pedidos. Reunião também aprovou regulamentação do mercado de carbono. (23/11)
Foto: Murad Sezer/REUTERS
Putin alerta para mais testes com mísseis
O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu mais testes com o míssil hipersônico Oreshnik, disparado um dia antes na cidade de Dnipro, na Ucrânia. Por isso, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, apelou para mais sistemas antiaéreos contra as ameaças, que levaram o parlamento da Ucrânia a fechar as portas. Putin também disse que a Rússia deve começar a produção em série da nova arma. (22/11)
Foto: Press Service of the State Emergency Service of Ukraine in Dnipr/picture alliance
PF indicia Bolsonaro e outros 36 por tentativa de golpe de Estado
A PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas pelos crimes de tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. Os agentes apontam que Bolsonaro "analisou e alterou" uma minuta de decreto desenhada para não deixar o poder após derrota nas urnas em 2022 e que ele sabia da existência de um plano para executar Lula. (21/11)
Foto: Nelson Almeida/AFP/Getty Images
Protesto de agricultores franceses contra acordo UE-Mercosul entra no 3º dia
Agricultores franceses fizeram barricadas, fecharam a fronteira entre a Espanha e a França e jogaram chorume em frente a prédios públicos em protesto contra um possível acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul. O CEO do Grupo Carrefour na França, Alexandre Bompard, endossou a manifestação e interrompeu a compra de carne produzida pelos países do bloco sul-americano. (20/11)
Foto: Gaizka Iroz/AFP/Getty Images
PF desbarata complô de militares para matar Lula, Alckmin e Moraes
A Polícia Federal prendeu um membro da corporação e quatro militares ligados às forças especiais do Exército suspeitos de planejarem um golpe de Estado após as eleições de 2022 e de um complô para assassinar o presidente Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Inquérito envolve ainda o general Braga Netto, ex candidato a vice de Jair Bolsonaro. (19/11)
Foto: Evaristo Sa/AFP
Líderes do G20 no Rio de Janeiro
Brasil recebe líderes das 20 principais economias do planeta no Rio de Janeiro. Declaração final do encontro defende combate à pobreza, desenvolvimento sustentável, taxação de super-ricos e pede soluções diplomáticas para conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio. (18/11)
Foto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance
Biden visita a Floresta Amazônica
O presidente dos EUA, Joe Biden, chegou neste domingo a Manaus na primeira visita à Amazônia de um presidente americano em exercício, antes de seguir para o Rio de Janeiro para a cúpula do G20. Ele visitou uma reserva florestal, encontrou-se com líderes locais e sobrevoou de helicóptero uma parte da floresta e o encontro dos rios Negro e Solimões. (17/11)
Foto: Manuel Balce Ceneta/AP/picture alliance
No G20 Social, Lula defende "jornadas mais equilibradas"
O presidente Lula recebeu neste sábado a declaração final do G20 Social – iniciativa da presidência brasileira do G20 para sistematizar e levar propostas da sociedade civil aos chefes de governo dos países do grupo. Ele aproveitou o evento para se entrar no debate sobre a jornada de trabalho, em evidência após proposição de PEC que acaba com a jornada 6x1. (16/11)
Foto: Daniel Ramalho/AFP
Scholz pede a Putin "paz justa e duradoura" na Ucrânia
Na primeira conversa em quase dois anos, chanceler federal alemão (foto) defendeu negociações para encerrar a guerra, enquanto líder russo insistiu em "novas realidades territoriais" em solo ucraniano. Em entrevista de TV exibida no mesmo dia, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski disse crer que a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos apressará o fim do conflito. (15/11)
Moraes associa atentado suicida em Brasília a "gabinete do ódio" de Bolsonaro
Após Jair Bolsonaro chamar a ação de um homem-bomba em Brasília de "fato isolado", o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reagiu dizendo que o episódio é fruto do clima extremismo que se instalou no país durante o mandato do ex-presidente. Moraes descartou anistia a golpistas: "Pacificação, só com responsabilização de criminosos." A PF apura o caso. (14/11)
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Biden dá as boas-vindas a Trump para iniciar a transição
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o atual mandatário, Joe Biden, estiveram reunidos hoje no Salão Oval da Casa Branca inaugurando formalmente a transição para o governo do republicano, que toma posse em 20 de janeiro. Trump enfatizou que "política é difícil" em seu retorno, embora tenha agradecido a Biden por seus esforços para garantir uma transição pacífica. (13/11)
Foto: AP/dpa/picture alliance
Eleições antecipadas à vista
O partido SPD, do chanceler Olaf Scholz, e a sigla de oposição CDU chegaram a um acordo: as eleições antecipadas para o Bundestag (parlamento alemão) serão realizadas em 23 de fevereiro. A decisão veio uma semana depois da demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, do neoliberal FDP, que selou o fim da coalizão tripartidária à frente do país, que contava ainda com os verdes. (12/11)
Foto: Fabian Sommer/dpa/picture alliance
Holanda impõe controles de fronteira para barrar ilegais
O governo holandês anunciou a imposição de controles extras em suas fronteiras terrestres para combater a imigração ilegal. "É hora de enfrentar o tráfico de migrantes de maneira concreta", disse ministra holandesa da Migração, Marjolein Faber. Medida tem caráter temporário, de acordo com as normas da União Europeia. (11/11)
Foto: Marcel van Hoorn/ANP/AFP
Ucrânia lança ataque de drones contra Moscou
Bombardeada com um número recorde de 145 drones, a Ucrânia reagiu atacando Moscou com ao menos 34 drones, na mais pesada investida contra a capital russa desde o início da guerra, em 2022. O ataque ucraniano interrompeu o tráfego aéreo em três grandes aeroportos de Moscou e feriu ao menos uma pessoa em um vilarejo nos subúrbios da cidade. (10/11)
Foto: Tatyana Makeyeva/AFP/Getty Images
Ataque suicida deixa mais de 20 mortos no Paquistão
Um ataque suicida executado em uma estação ferroviária da cidade paquistanesa de Quetta, na conturbada província do Baluchistão, deixou pelo mais de 20 mortos e 40 feridosl. O grupo separatista Exército de Libertação do Baluchistão (BLA) assumiu a responsabilidade em um comunicado divulgado nas redes sociais.(09/11)
Foto: Banaras Khan/AFP/Getty Images
Cúpula da UE termina sob espectro da reeleição de Trump
Líderes da UE prometeram dar novo impulso à economia do bloco europeu ao término da cúpula que reuniu chefes de governo dos 27 Estados-membros na Hungria. Resultado das eleições nos EUA motivou europeus a avançarem medidas para aumentar competitividade do bloco. Cúpula termina com promessa de reforçar defesa e combater alta nos custos de energia. (08/11)
Foto: Mehmet Ali Ozcan/AA/picture alliance
Biden pede união e promete transição pacífica nos EUA
“Você não pode amar seu país somente quando vence. Você não pode amar seu vizinho somente quando concorda. Algo que esperamos que possamos fazer, não importa em quem você votou, é nos vermos não como adversários, mas como concidadãos americanos. Reduzam a temperatura”, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, em discurso na Casa Branca (07/11)
Foto: Ron Sachs/Pool/CNPZUMA Press Wire/IMAGO
Scholz demite ministro das Finanças e governo alemão fica por um fio
A tríplice coalizão partidária que governa a Alemanha desmoronou após o chanceler federal Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), exonerar o ministro das Finanças, Christian Lindner, que também é presidente do Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão). Num pronunciamento na televisão, Scholz explicou as razões da demissão e dirigiu palavras duras ao ex-ministro. (06/11)
Foto: ODD ANDERSEN/AFP/Getty Images
Trump derrota Kamala e retorna à Presidência dos EUA
Donald Trump foi eleito novamente presidente dos Estados Unidos, protagonizando um retorno dramático e triunfal à Casa Branca. O republicano derrotou de maneira decisiva sua rival democrata Kamala Harris ao superar a marca de 270 votos no Colégio Eleitoral dos EUA. E, em contraste com sua vitória anterior, em 2016, Trump ainda ficou à frente no voto popular. (06/11)
Foto: Brian Snyder/REUTERS
EUA vão às urnas para escolher o novo presidente
Os EUA foram às urnas para definir quem vai comandar a maior potência econômica e militar do mundo. Na disputa estão a democrata Kamala Harris – que pode ser eleita a primeira mulher a ocupar a Casa Branca – e o republicano Donald Trump – que tenta um retorno à Presidência quase quatro anos após deixar Washington em desgraça, na esteira de uma tentativa de golpe. (05/11)
Foto: Timothy D. Easley/AP Photo/picture alliance
Morre Agnaldo Rayol aos 86 anos
Após mais de 60 anos de carreira artística, morreu o carioca Agnaldo Rayol, em consequência de uma queda em sua residência. Cantor romântico, com o auge do sucesso na década de 1960, também protagonizou telenovelas e filmes em papéis de galã, e apresentou programas próprios na TV. Descendente de imigrantes, tocou os corações de seus fãs com canções em italiano, até nos anos 90. (04/11)
Foto: Fotoarena/IMAGO
População joga lama em rei da Espanha durante protestos pós-enchentes
Uma visita do rei e da rainha da Espanha e do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, às áreas atingidas pelas enchentes em Valência, no leste do país, terminou em confusão. Uma multidão atirou lama, pedras e objetos na comitiva e hostilizou as autoridades com gritos de "assassinos". O barro atingiu o rosto do rei Felipe VI e da rainha Letizia. (03/11)
Foto: Manaure Quintero/AFP/Getty Images
Espanha intensifica busca por sobreviventes após enchente
O governo espanhol enviou 10 mil agentes de segurança para auxiliar nas buscas por desaparecidos na região de Valência, leste do país, atingida por uma enchente de grandes proporções que deixou 211 mortos nesta semana. Esse é o maior emprego de forças do Exército espanhol em tempos de paz. A inundação já é considerada a segunda mais mortal deste século na Europa. (02/11)
Foto: Alberto Saiz/AP Photo/picture alliance
Alemanha facilita mudança legal de gênero
Maiores de 18 anos poderão requerer a alteração dos registros oficiais, adotando um novo prenome e gênero, ou até eliminando a indicação de gênero. Menores acima dos 14 anos também podem recorrer às novas regras, sob aprovação paterna ou por recurso legal. Em Berlim, que tem comunidade LGBT+ atuante, cerca de 1.200 requerimentos foram apresentados no primeiro dia de vigência da nova lei. (01/11)