Scholz oferece apoio a Israel e proíbe atos pró-Hamas
12 de outubro de 2023
Chanceler alemão promete punir com o rigor da lei quem glorificar violência contra Israel e bane manifestações pró-terroristas. Ele criticou o silêncio do presidente da Autoridade Palestina, que mais tarde se manifestou.
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O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, ofereceu ajuda militar a Israel ao se manifestar nesta quinta-feira (12/10) sobre os ataques terroristas do Hamas ocorridos no último final de semana e proibiu manifestações ou atividades em prol da organização radical islâmica no país.
Em pronunciamento no Bundestag (a câmara baixa do Parlamento alemão), Scholz destacou a responsabilidade histórica da Alemanha em relação à segurança de Israel. Ele disse que conversou com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, e ofereceu toda a ajuda que Israel precisar, inclusive no tratamento dos feridos.
"Neste momento, há apenas um lugar para a Alemanha. Esse lugar é ao lado de Israel", disse o chanceler aos parlamentares. "Nossa história, nossa responsabilidade resultante do Holocausto, nos deixa com uma missão perpétua de defender a segurança do Estado de Israel", afirmou, referindo-se ao massacre de judeus promovido pelo regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Scholz ressaltou que milhares de pessoas no país manifestaram apoio a Israel nos últimos dias, mas destacou que "houve também outras imagens vergonhosas na Alemanha no último fim de semana".
Na noite de sábado, dezenas de pessoas se concentraram no bairro de Neukölln, em Berlim, para celebrar o massacre de israelenses pelo Hamas. Exibindo bandeiras palestinas, membros do grupo entoaram cânticos contra Israel e distribuíram doces para os participantes em uma área da capital alemã que conta com uma comunidade muçulmana significativa.
"Isso é desprezível, é desumano e contradiz todos os valores com os quais estamos comprometidos como nação. Não aceitaremos o ódio e o incitamento sem agirmos. Não toleramos o antissemitismo", disse Scholz.
Tolerância zero contra o antissemitismo
O chefe de governo também declarou que a Alemanha vai banir as atividades do Hamas ou em prol do grupo no país. A organização radical é classificada como um grupo terrorista por vários países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia (UE).
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Scholz pegou tolerância zero contra o antissemitismo e disse que o grupo pró-Palestina Samidoun, uma rede de apoio a prisioneiros palestinos que esteve por trás das manifestações do fim de semana, será banido do país.
"Quem glorificar os crimes do Hamas ou seus símbolos estará cometendo uma ofensa com punição prevista por lei na Alemanha. Quem exaltar a morte e o assassinato ou pedir o cometimento de crimes será punido pela lei. Quem queimar bandeiras de Israel estará cometendo um ato criminoso. Quem apoiar organizações terroristas como o Hamas estará sujeito a punições", enfatizou.
O chanceler disse que as agências de segurança federal e dos estados devem punir qualquer pessoa que cometer esses atos, utilizando os meios previstos no Estado de direito.
"Esses meios incluem expressamente a proibição de associações e suas atividades", referindo-se às várias agremiações existentes no país que representam grupos estrangeiros. "O Estado de direito está presente", acrescentou.
Segundo estimativas do Departamento Federal de Proteção à Constituição, o serviço de inteligência interna da Alemanha, encontram-se em solo alemão em torno de 450 apoiadores do Hamas, muitos dos quais são cidadãos alemães, embora não haja uma ramificação do grupo no país. Algumas agremiações que eram mais próximas ao Hamas já foram banidas da Alemanha há alguns anos.
Scholz critica Abbas
O chanceler também criticou a falta de uma condenação clara dos ataques do Hamas por parte do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, dizendo que "o silencio deles é vergonhoso".
Mais tarde, Abbas se pronunciou, condenando "as práticas que levam à morte ou ao abuso de civis de ambos os lados", referindo-se tanto a Israel quanto ao Hamas. Ele também pediu a abertura de corredores humanitários na Faixa de Gaza, que está bloqueada e sitiada pelo exército israelense, e "o fim imediato da agressão generalizada contra o povo palestino".
De acordo com a agência de notícias estatal palestina Wafa, o presidente da ANP solicitou ainda "a libertação de civis, prisioneiros e detidos" e o fim do "terrorismo dos colonos" na Cisjordânia ocupada.
Abbas fez essas observações durante uma reunião com o rei Abdullah II, da Jordânia, em Amã, onde ambos devem se encontrar nesta sexta-feira com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que está em Tel Aviv para discutir o conflito e reafirmar o apoio americano a Israel.
A Alemanha suspendeu a assistência fornecida pelo país ao desenvolvimento dos territórios palestinos, mas manteve a ajuda humanitária.
Scholz também condenou o papel do Irã na região: "Não temos evidências claras de que o Irã tenha fornecido de maneira concreta apoio operacional a esse ataque covarde do Hamas", afirmou. "No entanto, está claro para nós que, sem o apoio iraniano nos últimos anos, o Hamas não teria a capacidade de realizar esses ataques sem precedentes no território israelense."
rc/gb/av (AP,DPA)
A longa história do processo de paz no Oriente Médio
Por mais de meio século, disputas entre israelenses e palestinos envolvendo terras, refugiados e locais sagrados permanecem sem solução. Veja um breve histórico sobre o conflito.
Foto: PATRICK BAZ/AFP/Getty Images
1967: Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU
A Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovada em 22 de novembro de 1967, sugeria a troca de terras pela paz. Desde então, muitas das tentativas de estabelecer a paz na região referiram-se a ela. A determinação foi escrita de acordo com o Capítulo 6 da Carta da ONU, segundo o qual as resoluções são apenas recomendações e não ordens.
Foto: Getty Images/Keystone
1978: Acordos de Camp David
Em 1973, uma coalizão de Estados árabes liderada pelo Egito e pela Síria lutou contra Israel no Yom Kippur ou Guerra de Outubro. O conflito levou a negociações de paz secretas que renderam dois acordos 12 dias depois. Esta foto de 1979 mostra o então presidente egípcio Anwar Sadat, seu homólogo americano Jimmy Carter e o premiê israelense Menachem Begin após assinarem os acordos em Washington.
Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Daugherty
1991: Conferência de Madri
Os EUA e a ex-União Soviética organizaram uma conferência na capital espanhola. As discussões envolveram Israel, Jordânia, Líbano, Síria e os palestinos – mas não da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) –, que se reuniam com negociadores israelenses pela primeira vez. Embora a conferência tenha alcançado pouco, ela criou a estrutura para negociações futuras mais produtivas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Hollander
1993: Primeiro Acordo de Oslo
Negociações na Noruega entre Israel e a OLP, o primeiro encontro direto entre as duas partes, resultaram no Acordo de Oslo. Assinado nos EUA em setembro de 1993, ele exigia que as tropas israelenses se retirassem da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e que uma autoridade palestina autônoma e interina fosse estabelecida por um período de transição de cinco anos. Um segundo acordo foi firmado em 1995.
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2000: Cúpula de Camp David
Com o objetivo de discutir fronteiras, segurança, assentamentos, refugiados e Jerusalém, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, convidou o premiê israelense Ehud Barak e o presidente da OLP Yasser Arafat para a base militar americana em julho de 2000. No entanto, o fracasso em chegar a um consenso em Camp David foi seguido por um novo levante palestino, a Segunda Intifada.
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2002: Iniciativa de Paz Árabe
Após Camp David, seguiram-se encontros em Washington e depois no Cairo e Taba, no Egito – todos sem resultados. Mais tarde, em março de 2002, a Liga Árabe propôs a Iniciativa de Paz Árabe, convocando Israel a se retirar para as fronteiras anteriores a 1967 para que um Estado palestino fosse estabelecido na Cisjordânia e em Gaza. Em troca, os países árabes concordariam em reconhecer Israel.
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2003: Mapa da Paz
Com o objetivo de desenvolver um roteiro para a paz, EUA, UE, Rússia e ONU trabalharam juntos como o Quarteto do Oriente Médio. O então primeiro-ministro palestino Mahmoud Abbas aceitou o texto, mas seu homólogo israelense Ariel Sharon teve mais reservas. O cronograma previa um acordo final sobre uma solução de dois estados a ser alcançada em 2005. Infelizmente, ele nunca foi implementado.
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2007: Conferência de Annapolis
Em 2007, o então presidente dos EUA George W. Bush organizou uma conferência em Annapolis, Maryland, para relançar o processo de paz. O premiê israelense Ehud Olmert e o presidente da ANP Mahmoud Abbas participaram de conversas com autoridades do Quarteto e de outros Estados árabes. Ficou acordado que novas negociações seriam realizadas para se chegar a um acordo de paz até o final de 2008.
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2010: Washington
Em 2010, o enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, convenceu o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, a implementar uma moratória de 10 meses para assentamentos em territórios disputados. Mais tarde, Netanyahu e Abbas concordaram em relançar as negociações diretas para resolver todas as questões. Iniciadas em setembro de 2010, as negociações chegaram a um impasse dentro de semanas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Milner
Ciclo de violência e cessar-fogo
Uma nova rodada de violência estourou dentro e ao redor de Gaza no final de 2012. Um cessar-fogo foi alcançado entre Israel e os que dominavam a Faixa de Gaza, mas quebrado em junho de 2014, quando o sequestro e assassinato de três adolescentes em mais violência. O conflito terminou com um novo cessar-fogo em 26 de agosto de 2014.
Foto: picture-alliance/dpa
2017: Conferência de Paris
A fim de discutir o conflito entre israelenses e palestinos, enviados de mais de 70 países se reuniram em Paris. Netanyahu, porém, viu as negociações como uma armadilha contra seu país. Tampouco representantes israelenses ou palestinos compareceram à cúpula. "Uma solução de dois Estados é a única possível", disse o ministro francês das Relações Exteriores Jean-Marc Ayrault, na abertura do evento.
Foto: Reuters/T. Samson
2017: Deterioração das relações
Apesar de começar otimista, o ano de 2017 trouxe ainda mais estagnação no processo de paz. No verão do hemisfério norte, um ataque contra a polícia israelense no Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos, gerou confrontos mortais. Em seguida, o plano do então presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a embaixada americana para Jerusalém minou ainda mais os esforços de paz.
Foto: Reuters/A. Awad
2020: Tiro de Trump sai pela culatra
Trump apresentou um plano de paz que paralisava a construção de assentamentos israelenses, mas mantinha o controle de Israel sobre a maioria do que já havia construído ilegalmente. O plano dobrava o território controlado pelos palestinos, mas exigia a aceitação dos assentamentos construídos anteriormente na Cisjordânia como território israelense. Os palestinos rejeitaram a proposta.
Foto: Reuters/M. Salem
2021: Conflito eclode novamente
Planos de despejar quatro famílias palestinas e dar suas casas em Jerusalém Oriental a colonos judeus levaram a uma escalada da violência em maio de 2021. O Hamas disparou foguetes contra Israel, enquanto ataques aéreos militares israelenses destruíram prédios na Faixa de Gaza. A comunidade internacional pediu o fim da violência e que ambos os lados voltem à mesa de negociações.
Foto: Mahmud Hams/AFP
2023: Terrorismo do Hamas e retaliações de Israel
No início da manhã de 7 de outubro, terroristas do grupo radical islâmico Hamas romperam barreiras em alguns pontos da Faixa de Gaza, na fronteira com Israel, e, em território israelense, feriram e mataram centenas de pessoas, além de sequestrarem mais de uma centena. Devido a isso, Israel declarou "estado de guerra" e iniciou uma série de bombardeios, deixando partes da Cidade de Gaza em ruínas.