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Scholz se reúne com Macron em primeira viagem como chanceler

10 de dezembro de 2021

Presidente francês recebe chefe de governo alemão em Paris, inaugurando nova fase nas relações franco-alemãs. Sem esconder diferenças, líderes destacam desejo conjunto de estreitar cooperação e tornar Europa mais forte.

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, em Paris
"Sei que vamos continuar juntos, caro Olaf, esta estreita colaboração", disse MacronFoto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance

O novo chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, foi recebido nesta sexta-feira (10/12) em Paris pelo presidente da França, Emmanuel Macron, num encontro que inaugurou uma nova etapa nas relações entre as duas maiores potências da União Europeia (UE).

Embora não tenham se esforçado para esconder suas diferenças em alguns temas, os dois ressaltaram o desejo conjunto de fortalecer sua cooperação no continente.

A visita de Scholz à capital francesa foi a primeira viagem dele ao exterior desde que se tornou chefe de governo alemão na quarta-feira, encerrando assim 16 anos da era Angela Merkel.

Diplomatas afirmam que a mudança de liderança na Alemanha oferece a Macron a oportunidade de assumir um papel de mais destaque na relação franco-alemã, já que agora ele é o líder há mais tempo no poder, tendo assumido a Presidência francesa em 2017.

Ao chegar ao Palácio do Eliseu, sede do governo francês, Scholz foi saudado com uma "batida de punho" por Macron, que então o acompanhou pelos degraus dando-lhe tapinhas nas costas.

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"Esta visita é um momento muito importante para lançar as bases sólidas de uma cooperação entre os dois países, tanto para a relação bilateral em si, reforçada pelo Tratado de Aix la Chapelle, como para tratar dos grandes temas europeus e internacionais", afirmou Macron em coletiva de imprensa conjunta após a reunião.

"Durante os últimos quatro anos, trabalhei com Angela Merkel sobre todos esses assuntos. Sei que vamos continuar juntos, caro Olaf, esta estreita colaboração."

Mais reservado, Scholz disse que o encontro contou com uma conversa "amistosa" mas também "concreta" sobre os diferentes temas de interesse da relação franco-alemã, desde questões de economia e segurança a outras de política externa. Segundo ele, os dois conversaram também sobre como trabalhar juntos para tornar a Europa ainda mais forte.

"Existem muitas abordagens construtivas para o trabalho que nos espera. O desafio está em avançar em todas essas grandes questões. Tenho certeza que teremos sucesso", disse Scholz.

A relação franco-alemã

Ao longo de quatro anos, Macron desenvolveu uma relação amistosa com Merkel, que por sua vez rompeu com a tradição alemã ao apoiar esforços conjuntos sem precedentes da União Europeia para levantar bilhões de euros em títulos de dívidas a fim de bancar o plano de recuperação da crise da covid-19.

Macron e Merkel, contudo, mantiveram divergências sobre algumas questões importantes, como as importações de gás da Rússia pela Alemanha e relações com grandes concorrentes políticos e econômicos, como a China.

A dimensão da economia da Alemanha, a maior dos 27 países-membros da UE, confere a qualquer chanceler federal alemão uma influência descomunal.

Mas Macron – que disse que Merkel "ensinou muito" ao "presidente impetuoso" que ele era no início – deverá tentar usar os seis meses em que a França ocupará a presidência da UE, iniciando em 1º de janeiro, para avançar suas prioridades enquanto Scholz ainda se habitua ao cargo.

Divergências entre Berlim e Paris

Com a disciplina fiscal sendo frequentemente um ponto de desacordo entre Paris e Berlim, e Macron buscando o apoio da Alemanha para seus planos de revisar as regras orçamentárias da UE, Scholz – ex-ministro das Finanças de Merkel – se mostrou cauteloso nesta sexta-feira.

"Estou confiante que podemos resolver juntos os problemas que temos pela frente e que podemos continuar a permitir o crescimento que fomentamos com o fundo de recuperação – e que, ao mesmo tempo, podemos garantir finanças sólidas", afirmou o alemão, referindo-se aos 750 bilhões de euros que a UE usará para se recuperar da pandemia.

Enquanto os dois líderes demonstraram união em oferecer apoio verbal à Ucrânia em relação ao fortalecimento militar da Rússia, outro ponto de divergência emergiu: a energia nuclear.

Macron quer construir novos reatores nucleares na França, enquanto os planos da Alemanha de eliminá-los estão bem definidos. O novo acordo de coalizão alemã não faz menção ao tema, mas Paris acredita haver espaço para concessões.

Questionado sobre as divergências entre Alemanha e França sobre se a energia nuclear deveria ser classificada como sustentável – o que a França defende –, Scholz se esquivou.

"Está muito claro que cada país segue sua própria estratégia de combate às mudanças climáticas causadas pelo homem. O que nos une é que reconhecemos essa responsabilidade e somos ambiciosos", afirmou o chanceler federal. "A Alemanha decidiu que vai apostar na expansão da energia renovável."

Após a reunião com Macron, Scholz viajou nesta mesma sexta-feira para Bruxelas para um encontro com os presidentes da Comissão Europeia, a também alemã Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, Charles Michel.

ek (Reuters, Efe, AP)

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