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Schröder e Chirac discordam sobre Iraque

(ef)3 de outubro de 2002

Chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, confirmou sua rejeição a um ataque militar contra o Iraque, num encontro com o presidente francês. Mas Chirac deixou uma opção aberta para o caso de Bagdá não cooperar.

Ao contrário de Gerhard Schröder (esquerda), Jacques Chirac admite ataque militar contra o IraqueFoto: AP

Ao contrário do governo alemão, o francês não rejeita expressamente uma intervenção militar dos Estados Unidos no Iraque, mas só defende uma guerra se Bagdá recusar todo tipo de cooperação nas inspeções de armas e o Conselho de Segurança da ONU aprovar uma resolução equivalente. Ao contrário da política do presidente norte-americano George W. Bush, o chefe de Estado francês disse também que rejeita toda e qualquer resolução da ONU que preveja, automaticamente, uma ação militar.

Em entrevista conjunta com Schröder, no Palácio Eliseu, Jacques Chirac destacou que a Alemanha assumiu uma posição clara e expressou compreensão com a rejeição total a uma guerra contra o Iraque, que o chefe de governo alemão manifestou antes e depois de sua vitória eleitoral. O presidente francês ponderou que, como membro permanente do Conselho de Segurança Internacional, a França não pode fixar uma posição da maneira como fez a Alemanha.

Schröder manifestou, igualmente, compreensão com a França, "pois como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU precisa de espaço de grandes proporções para ação. Chirac rejeitou uma ação isolada dos Estados Unidos contra o Iraque ao afirmar que só o Conselho tem competência para decidir sobre a questão e defendeu um plano de duas etapas: uma resolução da ONU deve possibilitar o uso da violência contra o Iraque, se Bagdá se recusar a cooperar nos controles de seus arsenais. Os EUA acusam o regime de Saddam Hussein de possuir armas químicas e biológicas de destruição em massa e de estar em condições de construir bomba atômica em pouco tempo.

Sem posição comum européia

A recusa total da linha dura do presidente Bush por parte de Berlim foi criticada em Paris também porque, segundo o governo francês, dessa maneira foi inviabilizada uma posição comum na União Européia. A França rejeita, todavia, uma resolução rigorosa da ONU, como exigem os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. O premier britânico Tony Blair é o único líder da comunidade européia que defende abertamente a política de Bush e por isso enfrenta resistência interna.

Chirac foi o segundo líder europeu que Schröder visitou depois da reeleição da sua coalizão de governo no último dia 22. Numa tentativa de desativar a crise entre Berlim e Washington, que provocou com sua resistência a uma guerra contra o Iraque, o chefe de governo alemão esteve primeiramente em Londres, na semana passada, porque Blair é o maior aliado de Bush.

O jornal parisiense Le Figaro escreveu, nesta quarta-feira que, além de Blair, o chefe de governo alemão também precisa de Chirac para ajudá-lo a reaproximar-se de Bush. A França poderia contribuir para um melhor entendimento transatlântico, segundo o jornal. Uma sintonia entre Alemanha e França é importante, pois ambos os países atuam como motor da União Européia.

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