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Schröder e Chirac juntos contra a guerra

(ef)23 de janeiro de 2003

Alemanha e França não poderiam mostrar sintonia política maior nos festejos do 40º ano de sua reconciliação oficial.

Gerhard Schröder (dir) e Jacques Chirac em VersalhesFoto: AP

"No tema Iraque, França e Alemanha são da mesma opinião: tem de ser feito tudo para evitar uma guerra", disse o presidente francês Jacques Chirac em entrevista conjunta com o chanceler federal alemão Gerhard Schröder, nas comemorações dos 40 anos do Tratado do Eliseu, em Paris, nesta quarta-feira (22).

Schröder havia anunciado na véspera o voto alemão contra uma resolução no Conselho de Segurança que legitimasse uma guerra. Como membro permanente desse grêmio da ONU, a França tem direito a veto. O primeiro-ministro britânico Tony Blair reagiu, dizendo que apóia uma intervenção militar dos Estados Unidos no Iraque, mesmo sem um mandato da ONU.

Castelo de Versalhes abrigou a histórica sessão parlamentar teuto-francesaFoto: Illuscope

Schröder e Chirac falaram à imprensa no mesmo salão Murat do Palácio Eliseu, onde o presidente Charles de Gaulle e o chanceler federal Konrad Adenauer assinaram o acordo de cooperação teuto-francês em 22 de janeiro de 1963. O tratado oficializou a reconciliação dos dois países. As consultações regulares entre os chefes de Estado e de governo, bem como entre os ministros dos dois países, constituem o pilar do processo de reconciliação. A França foi ocupada por tropas da Alemanha nazista durante a Grande Guerra.

Sessão parlamentar conjunta

Na verdadeira maratona de comemorações do Tratado do Eliseu, nesta quarta-feira, destaca-se a primeira sessão conjunta da história do Parlamento alemão (Bundestag) e da Assembléia Nacional da França, no Castelo de Versalhes, reunindo mais de mil deputados. Antes disso, Schröder e Chirac divulgaram uma declaração conjunta, repleta de elogios às estreitas relações teuto-francesas e à sua importância para o processo de unificação européia.

A declaração deve servir de novo impulso para a cooperação entre Berlim e Paris, segundo o político social-democrata alemão. Ela prevê a participação de ministros em reuniões do gabinete do outro país. Um encarregado especial alemão e outro francês deverão coordenar as relações bilaterais. "A nossa meta é que esse projeto sirva de base para os políticos europeus", diz a declaração conjunta. O documento prevê uma coordenação bilateral estreita sobre as questões mais diversas, que vão desde asilo político até a política externa e de defesa. Alemanha e França querem harmonizar os seus planejamentos militares.

Mais transparência na UE

No auge das comemorações – a sessão conjunta do Bundestag com a Assembléia Nacional da França, em Versalhes –, o chefe de governo alemão ponderou que o plano de fortalecimento das já estreitas e fortes relações teuto-francesas "não se dirige contra ninguém, nem será dominado por ninguém". Schröder exigiu mais transparência e democracia na União Européia.

"Todos os cidadãos na Europa têm que saber quem é responsável pelo quê", disse ele na sessão do Parlamento duplo, acrescentando que isso está previsto na proposta conjunta dos governos alemão e francês à Convenção sobre o Futuro da Europa. A meta, segundo destacou, é um equilíbrio de poder entre as três grandes instituições da comunidade – o Conselho da UE (integrado pelos chefes de Estado e de governo dos 15 países membros), a Comissão Européia (órgão executivo) e o Parlamento Europeu.