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Schröder e Mubarak saem em defesa dos palestinos

Neusa Soliz

O chefe de governo alemão recebeu o presidente egípcio Hosni Mubarak e exige retomada das negociações de paz no Oriente Médio com participação palestina. Próximo encontro do "road map" será em Berlim, em 28 de abril.

Presidente egípcio (à esquerda) e Gerhard Schröder, em HanôverFoto: AP

O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, e o presidente egípcio Hosni Mubarak, que visita a Alemanha, exigiram que os palestinos não sejam marginalizados no processo de paz do Oriente Médio. Isso equivale a uma crítica indireta contra o apoio unilateral à política israelense do premier Ariel Sharon, manifestado pelo presidente norte-americano, George W. Bush, na quarta-feira (14).

Contra decisões impostas

Os palestinos "têm o direito de que as decisões não sejam tomadas à sua revelia", declarou Schröder, após reunir-se com Mubarak nesta sexta-feira (16), em Hanôver. O presidente egípcio manifestou-se de forma semelhante, com relação à mudança na política de Bush para o Oriente Médio: "Não se pode obrigar os palestinos a aceitarem uma solução". Os Estados Unidos deveriam se ater a todas as fases do plano de paz conhecido como road map (rota da paz).

Ao aceitar a retirada israelense da Faixa de Gaza e a manutenção de assentamentos judeus na Cisjordânia, Bush endossou plenamente a posição israelense, desprezando o road map, que fora elaborado pelos próprios EUA, a União Européia, a Rússia e as Nações Unidas. A presença judaica na Cisjordânia significará que a "ocupação israelense continua", o que provocará a resistência dos palestinos, segundo Hosni Mubarak.

Powell relativiza e Schröder ajuda

Aperto de mão entre amigos: presidente George W. Bush (d), cumprimenta chefe de governo israelense, Ariel Sharon, antes da coletiva que provocou protestos em todo o mundoFoto: AP

O secretário norte-americano de Estado, Colin Powell, tratou de relativizar o estrago, rebatendo afirmações de que Bush se teria alinhado unilateralmente com Israel. "Eu não acho que nós desistimos do nosso papel de mediador honesto", declarou Powell, nesta quinta-feira (15). A posição de Bush apenas levaria em conta o desenvolvimento demográfico na região e as necessidades de segurança de Israel a partir de 1967, segundo ele. De forma alguma Washington quis interferir nas negociações sobre o status definitivo dos territórios palestinos.

Ao que tudo indica, o governo alemão resolveu ajudar Washington a corrigir o deslize. É louvável que haja "movimento" no processo de paz no Oriente Médio, disse Schröder, acrescentando que caberá ao quarteto do road map dar direção a esse movimento. O chefe de governo alemão não deixou de elogiar os planos de retirada israelense da Faixa de Gaza, mas observou que ela deveria ser coordenada com os palestinos.

Europeus convocam reunião

Berlim insistiu para que os quatro mediadores do plano de paz se encontrem o mais breve possível. Um encontro do "quarteto do Oriente Médio" deverá ocorrer em 28 de abril, muito provavelmente na capital alemã, declarou Javier Solana, o coordenador de Política Exterior da União Européia, à margem do conselho de ministros da UE, nesta sexta-feira (16), em Tullamore, na Irlanda.

O ministro irlandês do Exterior, atual presidente do conselho, Brian Cowen, ressaltou que Israel deve procurar chegar a um acordo com os palestinos e seus vizinhos árabes. Tal entendimento não pode ser substituído por acertos entre Telaviv e Washington.

O apoio de Bush a Sharon foi severamente criticado pelo político liberal Hans-Dietrich Genscher, que foi ministro do Exterior da Alemanha por longos anos. A "iniciativa unilateral dos EUA" não somente criaria novos problemas para o processo de paz no Oriente Médio, como também para as relações entre Europa e Estados Unidos.

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