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Schröder pede recontagem de votos na Ucrânia

gh24 de novembro de 2004

Governos europeus e Otan convocam embaixadores ucranianos para pedir revisão do processo eleitoral. Situação lembra crise na Geórgia em 2003.

Oposição protesta nas ruas de KievFoto: AP

O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, pediu uma solução pacífica para a crise política que se agravou na Ucrânia, após a divulgação dos resultados da eleição presidencial do último domingo. "Deixem-nos ajudar para que a situação não fuja do controle", disse, nesta quarta-feira (24/11), no Bundestag (parlamento alemão).

Apesar das denúncias de fraude, dos protestos por parte da oposição e das críticas internacionais, a comissão eleitoral ucraniana confirmou oficialmente, nesta quarta-feira, a vitória do primeiro-ministro Viktor Yanukovych no pleito. Yanukovych teria obtido 49,61% dos votos contra 46,61% atribuídos aos candidato da oposição, Viktor Yushschenko.

Recontagem

Schröder reiterou o pedido feito no dia anterior pelo ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, de que os votos sejam recontados. Apelos semelhantes foram feitos pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a União Européia e a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

O secretário-geral da Otan, Jaap Hoop Scheffer, convocou o embaixador da Ucrânia junto à aliança para manisfestar-lhe sua decepção e preocupação em relação às denúncias de fraude eleitoral. "A Ucrânia comprometeu-se diante da Otan a respeitar os princípios democráticos", disse. Ele pediu uma apuração "justa e correta" de todas irregularidades.

Manifestações na Ucrânia lembram derrubada de Shevardnadze na GeórgiaFoto: AP

Além de ter levado 300 mil manifestantes às ruas de Kiev, nesta quarta-feira, a oposição ucraniana agora conta com amplo respaldo internacional para exigir a anulação da eleição. Depois da crítica aberta dos Estados Unidos ao pleito, os governos da União Européia convocaram os respectivos embaixadores ucranianos em seus países para discutir a crise pós-eleitoral. "Temos sérias dúvidas a respeito dos resultados oficiais", disse Joschka Fischer, em nome dos embaixadores da UE.

A UE havia pedido que os resultados só fossem divulgados depois de uma revisão minuciosa do processo eleitoral. O presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, reiterou essa reivindicação diante do Parlamento Europeu. Enquanto isso, o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a vitória de Yanukovych.

O ministro das Relações Exteriores da Bulgária e presidente da OSCE, Salomon Passi, conclamou o governo e a oposição na Ucrânia a resolverem o impasse na base do diálogo. Passi disse que, devido às fraudes registradas no pleito, a Ucrânia não conseguiu cumprir os compromissos assumidos com a OSCE.

Em Kiev, alguns eleitores da oposição já carregam faixas e cartazes com alusão à Geórgia, onde no ano passado os protestos de rua contra fraudes eleitorais provocaram a queda do primeiro-ministro Eduard Shevardnadze.

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