Schröder quer "europeu convicto" à frente da UE
7 de junho de 2004O dia 31 de outubro de 2004 será o último de Romano Prodi no cargo de presidente da Comissão Européia. Agora é tarefa do presidente do Conselho Europeu, o irlandês Bertie Ahern, encontrar um sucessor para o político italiano até o próximo encontro de cúpula da União Européia, nos dias 17 e 18 de junho, em Bruxelas.
Com essa finalidade, Ahern vem visitando chefes de Estado nos 25 países-membros, a fim de avaliar quais candidatos possuem uma chance real de ocupar o cargo e quais os critérios propostos pelos vários países.
Em uma visita a Bruxelas, o chanceler alemão Gerhard Schröder divulgou os requisitos que considera essenciais para o sucessor de Prodi. Além de experiência política em nível europeu, os candidatos devem apresentar habilidade comunicativa para liderar a comissão.
"O presidente deve ser um europeu convicto. Ele deve trabalhar não apenas pela ampliação, mas pela integração da União Européia", disse o chanceler, que não exige do candidato experiência na carreira de chefe de Estado.
Países defendem interesses distintos
Schröder anunciou seus critérios na presença do primeiro-ministro belga Guy Verhofenstadt, um forte candidato liberal, que conta com o apoio da Alemanha e da França. Antes de pender para o chefe de governo da Bélgica, porém, Schröder o presidente francês, Jacques Chirac, haviam proposto como candidto ao posto o governador da Baviera, o social-cristão Edmund Stoiber, que recusou o convite.
A Espanha e Grã-Bretanha, por sua vez, estão dispostas a apoiar a candidatura do espanhol Javier Solana, atual coordenador de Política Externa e de Segurança da UE.
Pertencente à esquerda socialista, Solana enfrentaria a resistência da bancada conservadora do Parlamento Europeu, de cuja aprovação depende a nomeação do presidente. Segundo o líder dos conservadores, Hans Gerd Pöttering, caso sua ala continue a mais forte após as eleições de 13 de junho, seria natural "que os chefes de Estado propusessem para o cargo um político pertencente à família de partidos democrata-cristãos".
Tanto o primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, quanto seu colega irlandês, Bertie Ahern, não se dispuseram ao cargo. O austríaco Wolfgang Schüssel foi eliminado da disputa por causa de sua coalizão com o partido populista de direita FPÖ.
Chris Patten, comissário de Relações Exteriores da UE, disse que teria que avaliar muito, antes de aceitar o cargo. A candidatura de um britânico, no entanto, é tida como improvável, uma vez que a Grã-Bretanha, cética em relação aos interesses da União Européia, não adotou o euro nem aceitou o Acordo Schengen de fronteiras.
Após a recusa de Stoiber, Berlim ainda tem esperança de nomear para o cargo de vice-presidente um comissário especial alemão para Economia e Indústria.