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Schröder reativa cooperação com o Golfo

(sm)4 de março de 2005

Enquanto o chanceler federal Gerhard Schröder esteve tentando viabilizar negócios milionários para o empresariado alemão no Golfo Pérsico, o conflito político em torno do escândalo dos vistos escalou na Alemanha.

Schröder no Iêmen: exportar o que der para o Golfo, inclusive armamentosFoto: AP

No último dia de sua viagem ao Golfo Pérsico, o chanceler federal Gerhard Schröder afirmou que a economia alemã precisa recuperar sua auto-estima. "Temos que ficar atentos, a fim de que a imagem que fazemos de nós mesmos não fique atrás daquilo que pensam de nós no exterior", declarou em Mascate, capital de Omã. Durante sua viagem de uma semana, encerrada nos Emirados Árabes Unidos nesta sexta-feira (04/03), ele afirmou ter constatado que outros países esperam mais da Alemanha do que os alemães se sentem capazes.

Após visita a sete países – Arábia Saudita, Kuweit, Barein, Catar, Iêmen, Emirados Árabes e Omã –, Schröder avaliou como grande êxito os resultados de sua viagem. A delegação de mais de 70 empresários que o acompanhou ao Golfo assinou contratos no valor de 250 milhões de euros, sem contar os negócios de centenas de milhares de euros a serem fechados em Abu Dhabi.

A meta da viagem de Schröder era reativar a cooperação econômica com a região, estagnada há um bom tempo. "Como um país dependente de exportações, a Alemanha faz bem em marcar presença aqui", declarou ele, acrescentando que o mesmo vale para a América do Sul.

Exportar mais, inclusive armas

Os países do Golfo não têm muito peso no comércio exterior da Alemanha. Apenas 1,2% da exportação alemã é destinada à região, o que corresponde a 730,9 bilhões de euros. Nem sequer a principal riqueza daqueles países, o petróleo, representa uma ponte econômica relevante. A Alemanha prefere importar seu petróleo da Europa Ocidental ou da Rússia. Por outro lado, as exportações petrolíferas da Arábia Saudita à Alemanha se limitam a 1%.

O chanceler federal Gerhard Schröder não têm nada contra a exportação de armamentos para a região do Golfo. A decisão sobre futuros negócios deverá ser tomada de caso para caso, de acordo com as leis alemãs, garantiu Schröder, antecipando – no entanto – que para certos países a decisão "certamente será positiva". Mesmo assim, ele lembrou que o governo alemão se manterá atento à segurança da região. Schröder confirmou que recebeu apoio à União Européia na tentativa de solucionar o conflito atômico com o Irã.

Ao retornar de Abu Dhabi, última estação de sua viagem ao Golfo, Schröder terá que enfrentar os conflitos políticos internos que escalaram na última semana. Isso implica sobretudo as conseqüências políticas do escândalo dos vistos, que se torna cada vez maior diante de novas denúncias e acusações.

Oposição quer ver Schröder depor à CPI

O democrata cristão Roland Koch, governador do Estado de Hessen, exigiu que o chanceler federal seja convocado a depor perante a CPI que investiga o escândalo dos vistos. "Ao que tudo indica, houve um grave conflito entre dois ministérios, do qual o responsável por segurança interna (o ministro Otto Schily) perdeu o domínio sobre seus instrumentos. Por isso, é preciso investigar se o ministro do Interior não informou o chanceler federal ou se este não se importou com o assunto. O único que pode esclarecer isso é o próprio Sr. Schröder", declarou Koch.

Segundo o diário Die Welt, o Ministério do Exterior proibiu durante anos a cooperação das embaixadas alemãs no exterior com os órgãos de segurança. Entre outras coisas, as embaixadas foram proibidas de fazer listas com nomes de pessoas que já haviam se mostrado suspeitas ao fazer convites a estrangeiros requerentes de visto de entrada na Alemanha.

O Ministério do Exterior está sendo acusado de ter cometido excessos na concessão de vistos de entrada a estrangeiros no país, sobretudo do Leste Europeu, em especial na Ucrânia. A oposição acusa o ministério de ter compactuado, desta forma, com a criminalidade organizada no tráfico de seres humanos.
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