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Schweinsteiger: novo desafio ou carreira em declínio?

Jefferson Chase (fa)13 de julho de 2015

Cartolas anunciaram transferência para Manchester como escolha do próprio jogador. Mas imprensa alemã questiona: apesar de referência no clube e na seleção, meia teria perdido espaço num Bayern cada vez mais espanhol.

Fußball Bundesliga 34. Spieltag Bayern München vs. FSV Mainz 05
Foto: picture-alliance/dpa/M. Müller

É improvavél que os torcedores do atual tricampeão alemão compartilhem da mesma alegria de Bastian Schweinsteiger. O meia de 30 anos, considerado por muitos como a personificação do Bayern de Munique moderno, foi apresentado nesta segunda-feira (13/07) pelo Manchester United.

O motivo é a busca pelo famoso “novo desafio”. Por isso, dezenas de milhares não hesitaram em responder com vaias quando o presidente do conselho de administração do clube bávaro, Karl-Heinz Rummenigge, anunciou a saída do jogador.

O descontentamento é compreensível quando se leva em consideração que “Schweini” – como ele é conhecido pelos alemães – nasceu na Bavária, chegou aos 13 anos às categorias de base do Bayern e nunca jogou profissionalmente por outra equipe. Como comparação, até mesmo o capitão Philipp Lahm, também formado pela equipe de Munique, chegou a ser emprestado, entre 2003 a 2005, ao Stuttgart.

Por isso, o principal veículo de comunicação sobre futebol da Alemanha, a revista Kicker, afirmou que o Bayern estava perdendo “mais que apenas um jogador”.

Rummenigge, outros cartolas do Bayern e o próprio Schweinsteiger se esforçaram para anunciar a transferência como uma escolha do jogador, em vez de uma opção do clube em se livrar de um dos favoritos da torcida.

Contudo, a imprensa alemã, em particular a revista Der Spiegel, tem duvidado disso. Na realidade, existem boas razões para acreditar que o técnico Pep Guardiola pode não estar totalmente descontente com a saída de Schweinsteiger para o futebol inglês.

Apoio de Löw

Há exato um ano, o meia encheu os olhos dos alemães com uma performance decisiva na vitória sobre a Argentina, no Maracanã, na final da Copa do Mundo. Mesmo assim, há alguns sinais de que o tempo está começando a pesar para Schweinsteiger, que contabiliza 342 partidas pela Bundesliga e que completa 31 anos em agosto.

Na temporada passada, o jogador se contundiu na pré-temporada, realizada nos Estados Unidos, e só voltou a campo na 12ª rodada do Campeonato Alemão. No total, foram 20 partidas pela competição, das quais em quatro ele saiu do banco de reservas. Schweinsteiger também não foi bem no teste mais importante do Bayern na temporada, o jogo de ida da semifinal da Liga dos Campeões contra o Barcelona. A derrota por 3 a 0 praticamente selou a desclassificação dos bávaros.

Schweinsteiger foi um dos protagonistas da vitória da Alemanha na final da Copa do Mundo, no Rio de JaneiroFoto: Reuters

Com Xabi Alonso, o Bayern possui um meia veterano, que, mesmo sendo pouco veloz, tem a habilidade de ditar o ritmo do jogo. Já Javi Martínez e Thiago Alcântara, bem mais jovens que Schweinsteiger, são dois motores no meio-campo. Todos esses atletas são espanhóis e, segundo relatos, têm um melhor relacionamento com Guardiola que o alemão.

Vários jornalistas alemães afirmaram que, sendo capitão da seleção alemã, Schweinsteiger poderia até representar um problema, caso Guardiola resolvesse utilizá-lo apenas como opção no banco de reservas. Talvez seja por causa disso que Joachim Löw esteja abertamente otimista com a transferência do meia.

"Estou convencido de que a Premier League será um estímulo que fará bem a Basti", disse o técnico da seleção alemã. "Sei que ele tem ambições e objetivos maiores. Tenho certeza que ele vai enfrentar o novo desafio na Inglaterra do jeito que estamos acostumados a vê-lo fazendo – com entusiasmo e inteiramente motivado."

A pressão sobre Guardiola

Depois de ter terminado a última temporada inglesa numa modesta quarta colocação, o Manchester United passa por uma compreensível – e cara – reformulação de elenco. O holandês Louis Van Gaal, que está há dois anos no comando dos ingleses, é um velho conhecido de Schweinsteiger, com quem trabalhou no Bayern entre 2009 e 2011. O alemão pode sonhar em ter uma espécie de lua de mel no seu novo emprego.

Mas esse não é o caso de Guardiola, que assumiu o Bayern em 2013, após uma histórica tríplice coroa conquistada pelo antecessor Jupp Heynckes. Na primeira temporada do catalão, os baváros repetiram os títulos da Bundesliga e da Copa da Alemanha. No ano seguinte, venceram “apenas” o campeonato nacional.

Os jgoadores espanhóis teriam melhor relacionamento que os alemães com o técnico Pep GuardiolaFoto: picture-alliance/dpa/P. Powell

Isso acabou sendo compreensível devido à quantidade de lesões que o clube teve de superar na temporada 2014/15. Porém, desde os torcedores até Rummenige, todos esperam que Guardiola possa alcançar mais em seu terceiro ano em Munique.

Mesmo comandado por Heynckes, o Bayern que venceu tudo na temporada 2012/13 ainda tinha muitos resquícios dos tempos de Van Gaal. Agora, a saída de Schweinsteiger pode significar um momento decisivo no desmanche daquele grupo e uma guinada em direção ao Bayern de Guardiola – mais internacional, mas como um núcleo espanhol.

Se o Bayern cumprir com as expectativas, ninguém vai se queixar pela falta de empenho da diretoria em renovar o contrato de Schweinsteiger. Porém, se os resultados não vierem, os burburinhos de descontentamento que alguns torcedores mais tradicionalistas deixam escapar poderão se transformar, de uma hora para a outra, em um verdadeiro grito de protesto.