Por imagens em preto e branco, com que homenageia a natureza e dá visibilidade à desfiguração da Terra e à sua frágil beleza, fotógrafo brasileiro recebe um dos principais prêmios literários da Alemanha.
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O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado é o agraciado deste ano com o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão, uma das premiações literárias mais prestigiadas da Alemanha.
Por ocasião da abertura da Jornada do Livro nesta terça-feira (18/06) em Berlim, a Federação do Comércio Livreiro justificou a escolha do nome do brasileiro afirmando que, com suas fotografias, Salgado é um artista visual que promove a "justiça e paz sociais" e confere urgência ao "debate mundial sobre a proteção da natureza e do clima".
Além disso, com seu Instituto Terra, Salgado criou uma instituição que presta uma contribuição direta para a recuperação da biodiversidade e ecossistemas, acrescentou a instituição.
"Ao descrever suas contundentes imagens em preto e branco como uma homenagem à grandeza da natureza, dando visibilidade tanto à desfiguração da Terra quanto à sua frágil beleza, Sebastião Salgado nos dá a chance de compreender o planeta como ele é: um habitat que não pertence somente a nós e que deve ser preservado urgentemente", disse o presidente da Federação, Heinrich Riethmüller.
Salgado nasceu em 8 de fevereiro de 1944 em Aimorés, Minas Gerais, tendo sido criado numa grande fazenda na Mata Atlântica. Ele estudou economia e, durante a ditadura militar, participou do movimento de oposição de esquerda, razão pela qual teve que emigrar para Paris em 1969.
A partir de 1971, Salgado passou a supervisionar como economista projetos de ajuda ao desenvolvimento na África. Ali, ele descobriu sua paixão pela fotografia, à qual decidiu dedicar-se inteiramente em 1973.
Pobreza, fuga, perda da pátria e guerra foram os principais motivos de suas imagens exclusivamente em preto e branco. Com os livros Êxodos e Crianças, ambos publicados em 2000, o brasileiro chamou atenção para o destino de 30 milhões de refugiados em todo o mundo.
Por razões de saúde e devido às dúvidas que o confronto direto com o genocídio em Ruanda lhe trouxe sobre o seu trabalho, em meados da década de 1990, ele parou por um tempo com a fotografia.
Junto à sua esposa, a arquiteta Lelia Wanick Salgado, ele retornou ao Brasil e começou a reflorestar a fazenda de seus pais. Em 1998, os 680 hectares foram convertidos em reserva natural e foi fundado o Instituto Terra, entidade sem fins lucrativos.
Desde então, eles conseguiram plantar 2,7 milhões de árvores e recuperar a floresta a uma condição predominantemente original, de acordo com a Federação do Comércio Livreiro Alemão. Também em seu trabalho, a partir da década de 1990, Salgado se voltou cada vez mais para a fotografia de paisagens. Surgiram os livros África (2007) e Gênesis (2013).
O Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão é entregue desde 1950 e é uma das mais importantes distinções literárias do país. Entre as personalidades agraciadas estão Albert Schweitzer (1951), Hermann Hesse (1955), Astrid Lindgren (1978), Siegfried Lenz (1988), Mario Vargas Llosa (1996), Martin Walser (1998), Jürgen Habermas (2001), Orhan Pamuk (2005) e David Grossman (2010).
A cerimônia de entrega do prêmio será realizada no final da Feira do Livro de Frankfurt, em 20 de outubro, na igreja Paulskirche, e será transmitida ao vivo pela TV alemã.
CA/kna/afp/epd
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Anualmente, a Fundação World Press Photo elege as melhores fotos jornalísticas no mundo. No centro não estão celebridades ou políticos, mas anônimos e suas batalhas cotidianas. As vencedoras de 2019 em várias categorias.
Foto: John Moore/Getty Images
Foto do ano: a menina chorando de Honduras
Yanela está chorando. A menina de Honduras e sua mãe, Sandra Sánchez, são detidas por guardas fronteiriços no Texas. Sandra relatou ao fotógrafo John Moore que caminhou por meses pela América Central para pedir asilo nos EUA. Após a publicação desta imagem, autoridades americanas asseguraram que Sandra e Yanela não estavam separadas – como ocorreu com muitas famílias em solo americano.
Foto: John Moore/Getty Images
História do ano: a caravana
Para a série de fotografias "A Caravana de Migrantes", o fotógrafo holandês Pieter ten Hoopen tirou várias milhares de imagens de migrantes na América Central em uma espécie de marcha em direção à costa dos Estados Unidos. Suas fotografias e todas as outras obras premiadas sob o tema podem ser vistas no âmbito de uma exposição que será mostrada em vários países.
Foto: Pieter Ten Hoopen/Agence VU/Civilian Act
Cotidiano: quando a menina se torna mulher
A fotógrafa Diana Markosian tirou esta imagem em 6 de agosto de 2018, em Cuba, durante uma festa "Quinceañera". Ela mostra a celebração do 15º aniversário de Pura, enquanto é conduzida por um distrito de Havana em carro aberto e num vestido cor de rosa. O tradicional ritual marca a transição na vida de uma garota ao status de mulher. Ela já pode casar, caso queira.
Foto: Diana Markosian/Magnum Photos
Meio ambiente: "Akashinga" no Zimbábue
Armada, camuflada e orgulhosa: Petronella Chigumbura, de 30 anos, vigia a reserva natural de Phundudu no Zimbábue. Ela pertence às "Akashinga", que pode ser traduzido como "corajosas" ou "valentes". As tropas treinadas por militares são compostas exclusivamente por mulheres, que tentam impedir a caça furtiva e proteger a vida animal. A imagem foi tirada pelo sul-africano Brent Stirton.
Foto: Brent Stirton/Getty Images
Noticiário: o desaparecimento de Khashoggi
O premiado australiano Chris McGrath estava em frente ao consulado da Arábia Saudita na metrópole turca de Istambul, em 15 de outubro de 2018. Apenas duas semanas antes, o jornalista Jamal Khashoggi havia desaparecido no local. O homem de terno na imagem tenta controlar equipes de cinegrafistas e repórteres que querem registrar os investigadores árabes. Hoje sabemos: Khashoggi foi assassinado.
Foto: Chris McGrath/Getty Images
Fotos de observação: meninas em uniforme
A fotógrafa americana Sarah Blessner foi homenageada por seu trabalho na categoria "Projetos de Longo Prazo". A imagem mostra jovens mulheres russas na cidade de Dmitrov dando gargalhadas antes de sua apresentação numa competição de ordem unida. Durante anos, Blessner retratou jovens russos e americanos que cresceram uniformizados. Nem todas as imagens da série são tão descontraídas quanto esta.
Foto: WPPF-2019/Sarah Blesener
Natureza: falcão fêmea e seus filhotes
Para esta imagem de uma série premiada na categoria "Natureza", o fotógrafo Brent Stirton viajou para a Mongólia, onde pacientemente observou estes falcãos-sacre. Esta espécie é uma das aves de rapina mais ameaçadas no mundo. Eles criam seus filhotes em paredes de rocha ou em galhos no chão. Stirton também documentou a importância da caça aos falcões nos países árabes.
Foto: Brent Stirton/Getty Images for National Geographic
Esporte: boxe em Uganda
Os jovens que frequentam o clube de boxe Rhino, na favela de Katanga, vivem em extrema pobreza. Aqueles que exercem este esporte na África esperam poder escapar da miséria. De forma simbólica, um sinal de dólar está desenhado no saco de pancadas, no qual Moreen Ajambo, de 30 anos, desfere golpes. Por esta imagem, o fotógrafo norueguês John T. Pedersen foi premiado na categoria "Esporte".
Foto: John T Pedersen
Retrospectiva de 2018: a crise na Venezuela
Para recordação, a fotografia vencedora no ano passado foi esta tirada em 2017 durante as batalhas de rua em Caracas. O fotógrafo Ronaldo Schemidt registrou a explosão de um tanque de gasolina de uma motoneta próximo a este jovem manifestante. Como tantos outros na Venezuela, o jovem mascarado se voltou contra as políticas do governo de Nicolás Maduro. Ele sobreviveu às chamas.