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Sebastian Kurz, o jovem eloquente que deve liderar a Áustria

Doris Pundy pv
16 de outubro de 2017

Após ascensão política meteórica, conservador de 31 anos deve ser o mais jovem chanceler federal austríaco. Como ministro do Exterior, Kurz reformulou Partido Popular e demonstrou postura de estadista.

A meteórica carreira política de Sebastian Kurz: secretário de Estado aos 24, ministro aos 27 e chanceler federal aos 31 anosFoto: Getty Images/AFP/G. Hochmuth

Se as negociações de coalizão transcorrerem como previsto, Sebastian Kurz será o próximo chanceler federal da Áustria e, aos 31 anos de idade, o mais jovem da história do país. Kurz – um político determinado e eloquente – está diante de seu próximo salto em sua carreira.

Kurz iniciou sua trajetória política antes mesmo de concluir o Ensino Médio, quando se aliou à ala juvenil do Partido Popular Austríaco (ÖVP). Como estudante de Direito – curso que nunca concluiu – ele ascendeu à presidência do chamado partido jovem do ÖVP.

Leia mais: Eleição na Áustria confirma guinada à direita

Com slogans polêmicos, como "Schwarz macht geil" ("preto excita" – em alusão à cor do partido) e "24 Stunden Verkehr" (na qual o partido pleiteou por transporte público 24 horas fazendo trocadilhos com a palavra alemã "Verkehr", que além de significar tráfego pode ser usada em frases de conotação sexual), Kurz e a ala juvenil do partido agitaram a campanha eleitoral parlamentar de Viena e fortaleceram os conservadores no bastião do Partido Social-Democrata da Áustria (SPÖ).

Um ano depois do sucesso eleitoral na capital austríaca, o Partido Popular trouxe Kurz para o governo federal. Aos 24 anos, ele se tornou secretário de Estado para a Integração Social. Embora especialistas expressassem avaliações distintas, Kurz rapidamente se tornou um dos políticos mais populares do país.

O "preto excita": aos 24 anos, Sebastian Kurz liderou campanha eleitoral que agitou o cenário político em VienaFoto: Junge ÖVP Wien

Em 2013, sob o governo do então chanceler federal social-democrata, Werner Faymann, que também governou a Áustria sem um diploma universitário, Kurz ascendeu ao cargo de ministro do Exterior e da Integração Social e, aos 27 anos, se tornou o mais jovem ministro da Áustria.

Crise migratória como prova de fogo

Como ministro do Exterior, Kurz aprimorou seu perfil político. Durante a crise dos refugiados, Kurz promoveu o fechamento da rota dos Bálcãs. Em Bruxelas, ele defendeu o fim das negociações de adesão da Turquia à União Europeia (UE) e propôs que requerentes de refúgio fossem alocados em acampamentos fora do bloco europeu.

Como ministro da Integração Social, Kurz lançou uma reforma das normas islâmicas na Áustria e vetou o uso de véus que cobrem o rosto das mulheres muçulmanas. Ao mesmo tempo, apesar de sua idade, Kurz demonstrou uma postura de estadista: no auge da crise na Ucrânia, ele recebeu o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, em Viena, e o acordo nuclear com o Irã foi negociado em grande parte na capital austríaca.

Em sua trajetória rumo à chancelaria federal, Kurz remodelou o Partido Popular por completo. Após a renúncia do ex-vice-chanceler federal Reinhold Mitterlehner, Kurz assumiu a liderança do ÖVP. Ele baniu a antiga cor do partido, preto, e a substituiu por azul turquesa.

Como ministro do Exterior, Kurz visitou a fronteira entre Grécia e Macedônia na época da crise dos refugiadosFoto: picture-alliance/dpa/D. Tatic

Até mesmo o nome do partido sofreu mudanças. Para a eleição federal de 2017, o ÖVP oficialmente carregou a nomenclatura "Lista Sebastian Kurz - o novo Partido Popular". O tradicional ÖVP se firmou nas mãos de seu jovem presidente de 31 anos.

Chanceler federal após revolução partidária

A estratégia de Kurz está sendo bem recebida pela população austríaca. No início da campanha eleitoral, ele foi celebrado com aplausos efusivos de cerca de 10 mil simpatizantes num complexo de eventos em Viena. Nada remontava ao antigo ÖVP. 

Na campanha eleitoral, Kurz defendeu mudanças e um recomeço. Seus temas favoritos foram migração, integração e islamismo. Temas que tradicionalmente entravam na pauta da legenda populista de direita Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) – considerada agora o mais provável parceiro de coalizão do ÖVP.

Kurz leva uma vida privada discreta. Filho de uma professora e de um engenheiro, ele cresceu em Viena. Ele mantém um relacionamento com aquela que é sua namorada desde os tempos de escola. Neste ano, a revista americana Time colocou Kurz na lista de dez futuros líderes.

Em um comercial gravado na época em que estava na ala juvenil dos conservadores, Kurz se descreveu como "confiante líder" – qualidades que lhe seriam úteis no cargo de chanceler federal da Áustria.