Seca leva França a proibir piscinas portáteis no sul do país
7 de maio de 2023
A partir desta semana, item não poderá ser comercializado nem usado nos Pirineus Orientais, que sofre a pior estiagem em mais de 60 anos. Moradores também serão proibidos de regar gramados e lavar o carro.
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O governo francês anunciou nesta sexta-feira (05/05) que vai proibir a venda de piscinas de jardim na região dos Pirineus Orientais, no sul do país, devido à persistente seca que afeta a zona.
O ministro francês da Transição Ecológica, Christophe Béchu, disse que os habitantes locais não podem mais se dar ao luxo de encher suas piscinas, já que a região sofre de grave escassez de água.
"Temos que sair de nossa cultura de abundância", disse ele à emissora RTL. Ele argumentou que se as piscinas pudessem ser compradas, as pessoas "poderiam ficar tentadas a enchê-las, embora isso não seja permitido".
O novo regulamento, que entrará em vigor nesta quarta-feira, inclui também a proibição de regar o gramado, flores ou lavar o carro.
Crise hídrica em quatro distritos
Segundo o prefeito da região, Rodrigue Furcy, grande parte do sul da França está sofrendo com a seca mais severa desde 1959.
E os Pirineus Orientais se tornarão o quarto distrito em que a seca atingiu oficialmente o status de "crise".
"Os Pirineus Orientais são uma região onde não chove há mais de um ano. Quando se vive uma crise como esta, é muito simples: trata-se de priorizar a água potável e nada mais", enfatizou Béchu.
Aumento da escassez
Da mesma forma, mais de 40 distritos – quase metade do país – já se encontram em níveis de "alerta" ou "vigilância", o que eleva temores de uma escassez ainda maior do que no ano passado, quando a Europa registrou o verão mais quente da história.
Segundo o ministro francês, cerca de 2 mil povoados e cidades correm o risco de ficar sem abastecimento de água este ano.
Em 2022, cerca de 400 municípios tiveram que se abastecer com garrafas ou cisternas móveis.
"Guerra pela água"
"Em vista do que está acontecendo com a natureza e da situação em que nos encontramos, as pessoas terão que aceitar o fato de que o aquecimento global já está acontecendo", disse Béchu. E concluiu: "A guerra pela água desencadeada pela queda das reservas é uma ameaça real à nossa coesão nacional".
md (AFP, ots)
Como as mudanças climáticas impactaram 2022
Calor, seca, incêndios, tempestades extremas, inundações – mais uma vez, o ano foi marcado por muitos eventos climáticos direta ou indiretamente influenciados pelas mudanças climáticas. Uma retrospectiva em fotos.
Foto: Thomas Coex/AFP
Na Europa, 2022 foi mais quente e seco do que nunca (agosto)
Calor extremo e a pior seca em 500 anos marcaram o verão na Europa. Na Espanha, mais de 500 pessoas morreram na onda de calor mais forte já registrada no país, com temperaturas acima de 45º C. No Reino Unido, o termômetro bateu 40º C pela primeira vez. Partes do continente nunca estiveram tão secas nos últimos mil anos, e muitas regiões racionaram água.
Foto: Thomas Coex/AFP
Graves incêndios devastaram a Europa (julho)
De Portugal, Espanha e França, no oeste, passando pela Itália até a Grécia e Chipre, no leste, e a Sibéria, no norte, florestas estiveram em chamas em todo o continente em 2022. Os incêndios queimaram cerca de 660 mil hectares somente até meados do ano, um recorde desde o início dos registros, em 2006.
Chuvas de monção extremas caíram sobre o Paquistão. Cerca de um terço do país ficou debaixo d'água, 33 milhões de pessoas perderam suas casas, mais de 1.100 morreram e as doenças estão se espalhando. Chuvas extremamente fortes também atingiram o Afeganistão. Milhares de hectares de terra foram destruídos. A fome no país está piorando.
Foto: Stringer/REUTERS
Calor, seca e tufões afetaram a Ásia (agosto e setembro)
Antes das enchentes, o Afeganistão e o Paquistão, assim como a Índia, tiveram calor extremo e seca. A China passou por sua seca mais extrema em 60 anos e seu pior calor já registrado. No outono, 12 tufões assolaram a China. Coreia do Sul, Filipinas, Japão e Bangladesh também sofreram com fortes tempestades, que estão se tornando cada vez mais fortes devido às mudanças climáticas.
Foto: Mark Schiefelbein/AP Photo/picture alliance
Na África, consequências dramáticas
O clima no continente africano está esquentando mais rápido do que a média global. Por isso, a África é particularmente afetada por mudanças nas chuvas, secas, tormentas e inundações. Na Somália, a seca de 2022 foi a pior em 40 anos. Um milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas. Na foto, um alagamento no Senegal em julho.
Foto: ZOHRA BENSEMRA/REUTERS
Fuga e fome nos países africanos
Estiagens e inundações tornam difícil a criação de gado ou a agricultura em cada vez mais regiões do continente africano. Como resultado, mais de 20 milhões de pessoas correm risco de morrer de fome, principalmente na Etiópia, na Somália e no Quênia.
Foto: Dong Jianghui/dpa/XinHua/picture alliance
América do Norte: Incêndios e inundações
No final do verão no Hemisfério Norte, incêndios graves ocorreram nos estados americanos da Califórnia, Nevada e Arizona, em particular. Uma cúpula de calor se formou em todos os três estados, com temperaturas chegando a 40º C. No início do verão, fortes chuvas haviam causado grandes alagamentos no Parque Nacional de Yellowstone e no estado de Kentucky.
Foto: DAVID SWANSON/REUTERS
América e Caribe: ciclones violentos
Em setembro, o furacão Ian causou grande devastação no estado americano da Flórida. As autoridades falaram de "danos em escala histórica". O Ian já havia passado por Cuba, onde causou interrupção no fornecimento de eletricidade por vários dias. O ciclone tropical Fiona se moveu até a costa leste do Canadá depois de causar graves danos inicialmente na América Latina.
Foto: Giorgio Viera/AFP/Getty Images
Tempestades tropicais devastam América Central
Não apenas o Fiona assombrou a América Central. Em outubro, o furacão Julia trouxe devastação severa a Colômbia, Venezuela, Nicarágua, Honduras e El Salvador. Devido ao aquecimento global, as superfícies dos oceanos estão esquentando, o que torna os furacões mais fortes.
Foto: Matias Delacroix/AP Photo/picture alliance
Seca extrema na América do Sul
Há uma seca persistente em quase todo o continente sul-americano. No Chile, por exemplo, isso ocorre desde 2007. Desde então, a água dos córregos e rios em muitas regiões diminuiu entre 50% a mais de 90%. Em regiões do México, quase não chove há vários anos consecutivos. Argentina, Brasil, Uruguai, Bolívia, Panamá e partes do Equador e da Colômbia também sofrem com a seca.
Foto: IVAN ALVARADO/REUTERS
Alagamentos na Austrália e Nova Zelândia
Na Austrália, fortes chuvas em 2022 causaram graves inundações várias vezes. De janeiro a março, choveu tanto na costa leste quanto na Alemanha durante todo o ano. A Nova Zelândia também foi afetada. O responsável é o fenômeno climático La Niña, que é amplificado pelas mudanças climáticas, pois a atmosfera mais quente absorve mais água e as chuvas aumentam.