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Líder da OEA não descarta intervenção militar contra Maduro

15 de setembro de 2018

Perto da fronteira com a Venezuela, Almagro afirma que comunidade internacional não pode permitir ditadura no país e deve dar resposta à atual crise humanitária. Caracas diz que vai recorrer à ONU contra declarações.

Luis Almagro em Cúcuta, perto da fronteira com a Venezuela
Almagro foi a Cúcuta, na Colômbia, para avaliar a crise gerada pela migraçãoFoto: Reuters/C. E. Ramirez

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, afirmou nesta sexta-feira (14/09) que não se deve descartar uma intervenção militar contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e insistiu que os venezuelanos precisam de ajuda humanitária.

"Apesar de as ações diplomáticas estarem em primeiro lugar, quanto a uma intervenção militar para derrubar o governo de Maduro, acho que não devemos descartar nenhuma opção", afirmou Almagro na cidade colombiana de Cúcuta, que fica perto da fronteira com a Venezuela.

Em resposta, o governo venezuelano anunciou que vai recorrer à ONU e outras instâncias internacionais para denunciar Almagro, a quem acusou de incentivar uma intervenção militar na Venezuela. Segundo a vice-presidente Delcy Rodríguez, Almagro "atenta contra a paz na América Latina e no Caribe".

O secretário-geral afirmara que nunca se viu um governo tão imoral quanto o de Maduro, "que não admite ajuda humanitária". "Estamos no meio de uma crise humanitária, e a ajuda tem que chegar à Venezuela", disse Almagro, que foi a Cúcuta para avaliar a crise gerada pela migração.

Ele disse que a cidade colombiana é o lugar "que melhor exemplifica as mentiras da ditadura" e insistiu que são necessários "muitíssimos recursos" e "esforços especiais" para ajudar os venezuelanos.

"A comunidade internacional tem que dar uma resposta a isso. A comunidade internacional é responsável e não pode permitir uma ditadura na Venezuela. Uma ditadura que afeta a estabilidade de toda a região, a partir do narcotráfico, a partir do crime organizado, a partir da profunda crise humanitária que criou", disse.

O diretor-executivo da ONG humanitária Human Rights Watch para as Américas, José Miguel Vicanco, e o ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, estavam ao lado de Almagro, no lado colombiano da ponte internacional Simón Bolívar, a poucos metros da fronteira com a Venezuela.

"O povo venezuelano é vítima da repressão, mas uma repressão distinta das demais ditaduras que tivemos no continente. Neste caso, a miséria, a fome, a falta de remédios são instrumentos repressivos para impor uma vontade política ao povo", declarou Almagro.

Almagro tem se mostrado o principal crítico latino-americano de Maduro, mas até esta sexta-feira não havia ido tão longe quanto o presidente dos EUA, Donald Trump, que, no ano passado, levantou a possibilidade de uma "intervenção militar" contra Maduro.

Na América Latina, a possibilidade de uma intervenção militar traz à memória golpes e rebeliões patrocinados pelos Estados Unidos em vários países, durante a Guerra Fria, por exemplo no Chile e em Cuba.

No caso de Almagro, a ameaça de força militar surpreende por causa de sua condenação do apoio regional à invasão dos EUA na República Dominicana, em 1965, para derrubar um presidente eleito democraticamente, mas pró-Cuba.

A invasão, feita em nome da OEA, deixou dezenas de mortos e alimentou ressentimentos contra os EUA e reforçou a rejeição à possibilidade de usar a força militar para derrubar governos estrangeiros.

Em 2015, Almagro pediu desculpas pelo papel da OEA na invasão e disse que eventos semelhantes não deveriam jamais se repetir.

AS/lusa/efe/ap

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