Sedentarismo ameaça 1,8 bilhão de vidas no mundo, diz OMS
26 de junho de 2024
Quase 1,8 bilhão de adultos correm risco de contrair doenças como câncer, derrame, demência e diabetes por falta de exercícios, afirma relatório. Problema vem se acirrando no mundo.
Anúncio
Quase 1,8 bilhão de adultos correm o risco de contrair doenças como câncer, derrame, demência e diabetes devido à falta de exercícios físicos – e a situação está piorando, de acordo com um relatório.
O novo estudo realizado por pesquisadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) e acadêmicos descobriu que o sedentarismo aumentou globalmente em cerca de cinco pontos percentuais entre 2010 e 2022.
De modo geral, quase um terço dos adultos (31%) em todo o mundo não se exercita o suficiente, em comparação com 23% (900 milhões de pessoas) em 2000 e 26% em 2010.
Se as tendências atuais continuarem, os especialistas preveem que, até 2030, cerca de 35% das pessoas não estarão se exercitando o suficiente.
Pesquisas mostram que a falta de exercícios aumenta o risco de doenças cardíacas, derrames, diabetes tipo 2, demência e cânceres, como o de mama e intestino.
Mulheres tendem a se exercitar menos
Quando se trata de diferenças de gênero, parece que as mulheres são consistentemente menos propensas a se exercitar do que os homens, com taxas de inatividade de 34%, em comparação com 29%.
O novo estudo, publicado na revista The Lancet Global Health, alertou que o mundo está atualmente fora do caminho para atingir a meta global de reduzir a inatividade física até 2030.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, disse: "Essas novas descobertas destacam uma oportunidade perdida de reduzir o câncer, as doenças cardíacas e melhorar o bem-estar mental por meio do aumento da atividade física.
Devemos renovar nossos compromissos com o aumento dos níveis de atividade física e atividade física e priorizar ações ousadas, incluindo políticas reforçadas e aumento do financiamento, para reverter essa tendência preocupante."
A OMS recomenda que os adultos pratiquem semanalmente 150 minutos de atividade física de intensidade moderada ou 75 minutos de atividade física de intensidade vigorosa.
Anúncio
Atividades: de corrida a faxina
Exemplos de atividade moderada incluem caminhada muito rápida (6 quilômetros por hora ou mais rápido), faxina pesada, como lavar janelas ou esfregar chão, andar de bicicleta a 16-19 km/h ou jogar badminton.
Exemplos de atividades vigorosas são caminhadas, corrida a 10 km/h ou mais rápido, escavar, andar de bicicleta em alta velocidade, jogar futebol, basquete ou tênis.
A OMS define atividade física insuficiente como não atender a essas diretrizes de exercícios semanais.
O novo estudo, que incluiu dados e estimativas de 163 países e territórios, constatou que aqueles com mais de 60 anos são menos ativos do que os mais jovens.
E, embora os países ocidentais de alta renda pareçam estar lentamente reduzindo as taxas de sedentarismo (para 28% das pessoas em 2022), eles ainda estão fora da rota.
Meta global
A Assembleia Mundial da Saúde estabeleceu uma meta global – que se espera que não seja atingida – de uma redução de 15% na atividade física insuficiente entre 2010 e 2030.
Rudiger Krech, diretor de promoção da saúde da OMS, disse: "A inatividade física é uma ameaça silenciosa à saúde global, contribuindo significativamente para a alta das doenças crônicas. Ele afirmou que o risco pode ser reduzido "tornando atividade física algo acessível, inclusive economicamente, e prazeroso".
Panagiota Mitrou, diretora de pesquisa, política e inovação do World Cancer Research Fund, disse: "Esse relatório oportuno é um alerta para o mundo de que é preciso fazer mais para incentivar as pessoas a serem mais ativas."
"Os governos devem reconhecer que ser fisicamente ativo é incrivelmente importante para nossa saúde física e mental, incluindo a proteção contra vários tipos de câncer e o apoio para que as pessoas tenham um peso saudável, o que, por sua vez, reduz o risco de 13 tipos de câncer."
md (DPA, AFP)
Evitando o câncer
Para pesquisadores, o câncer não precisa ser um destino incontornável. Eles sabem o que causa os tumores e dizem que cada um pode lutar para diminuir os maiores riscos da doença.
Foto: Getty Images
O destino nas próprias mãos
O diagnóstico de câncer sempre atinge o paciente de forma dura e inesperada. Porém, quase metade dos casos de câncer poderiam ser evitados. Cerca de um quinto dos tumores tem ligação com o fumo. A fumaça do tabaco pode gerar câncer de pulmão e muitos outros tipos de tumor. Fumar é a maior causa de câncer por responsabilidade própria, mas não é a única.
Foto: picture-alliance/dpa
Obesidade mortal
No segundo lugar da lista de maiores causadores do câncer está a obesidade por causa dos níveis altos de insulina no sangue. Eles aumentam o risco de quase todos os tipos de câncer, especialmente aqueles que atingem os rins, a vesícula e o esôfago. Mulheres obesas também produzem mais hormônios sexuais nos tecidos adiposos e podem ter maior predisposição para câncer de mama e no colo do útero.
Foto: picture-alliance/dpa
Largando o sofá
Pessoas que se movimentam pouco são mais suscetíveis a ter câncer. Estudos de longo prazo mostram que praticar esporte pode evitar o câncer. A atividade corporal diminui os níveis de insulina e impede a obesidade – e basta passear um pouco ou andar de bicicleta.
Foto: Fotolia/runzelkorn
Um brinde à saúde
O consumo de álcool pode causar câncer, suscitando tumores especialmente na região bucal, na faringe e no esôfago. A combinação de álcool e cigarro é mortal e pode multiplicar o risco de contrair câncer por cem. Por outro lado, tomar um copo de vinho por dia é considerado saudável, já que a medida estimula o sistema circulatório. Porém, é recomendado evitar ultrapassar essa quantidade.
Foto: picture-alliance/dpa
Alimentos
Carne vermelha pode causar câncer no intestino. Ainda não se sabe o motivo exato, mas pesquisas mostram que existe uma relação clara entre a carne e a doença. A carne de vaca é especialmente perigosa, assim como a carne de porco – embora em menor medida. Consumindo carne vermelha, o risco aumenta 1,5 vez. A carne de peixe, por outro lado, pode prevenir o câncer.
Foto: Fotolia
Os perigos do churrasco
Ao grelhar a carne, podem surgir substâncias cancerígenas, como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Em testes com animais, essas ligações químicas causam tumores. Estudos com seres humanos ainda não provaram o fenômeno de forma explícita. É possível que o problema esteja no consumo de carne em si e não na maneira de prepará-la.
Foto: picture alliance/ZB
Evitando o fast-food
Uma alimentação que contenha muitas frutas, legumes e fibras pode prevenir o câncer. Porém, estudos mostraram que uma alimentação saudável tem menos influência sobre o risco de contrair câncer que os especialistas suspeitavam. Ela diminui o risco apenas levemente, em cerca de 10%.
Foto: picture-alliance/dpa
Muito sol causa muitos danos
Os raios ultravioletas da luz do sol penetram no código genético e podem modificá-lo – o que pode causar alguns tipos de câncer de pele, como o carcinoma basocelular e melanomas. O protetor solar evita queimaduras, mas a pele bronzeada e mais escura já é um indício de que o corpo recebeu radiação demais.
Foto: dapd
Na medicina moderna
Os raios X prejudicam o patrimônio genético. Os danos de uma radiografia são mínimos, mas uma tomografia computadorizada deve ser realizada apenas quando há motivos importantes que a justifiquem. Já uma ressonância magnética é inofensiva. Também é preciso lembrar que o ser humano é alvo de radiações cancerígenas durante uma viagem de avião.
Foto: picture alliance/Klaus Rose
Infecções que causam câncer
O vírus do papiloma humano, conhecido como HPV ou VPH, pode desencadear câncer de colo de útero. Vírus de hepatite B e C chegam a gerar alterações nas células do fígado. A bactéria Helicobacter pylori (na foto) infecta a mucosa do estômago e pode causar câncer. Existe a possibilidade de vacinar-se contra muitas dessas infecções. A Helicobacter pylori pode ser combatida com antibióticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Melhores que a fama que têm
A pílula anticoncepcional pode aumentar levemente o risco de câncer de mama. Ao mesmo tempo, porém, ela diminui o risco de câncer nos ovários. Em suma, a pílula é mais benéfica do que danosa – ao menos no que diz respeito ao câncer.
Foto: Fotolia/Kristina Rütten
Sem garantias
Porém, mesmo tomando medidas para diminuir o risco de desenvolver câncer, não há garantia contra a doença. Metade dos casos de câncer no mundo têm origem genética ou são fruto da idade avançada. Especialmente os tumores no cérebro se desenvolvem sem influência externa.