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"Segurança absoluta não existe em lugar nenhum"

Jan Bruck (ek)18 de novembro de 2015

Salas de espetáculos, cinemas, teatros – ambientes fechados já se tornaram alvo certo de terroristas. Stefan Löcher, diretor de uma das maiores arenas da Alemanha, diz quais medidas de segurança podem ser tomadas.

Lanxess Arena
Foto: AMG

A Lanxess Arena, em Colônia, é uma das maiores casas de eventos da Alemanha, com capacidade para 20 mil pessoas. Abriga com frequência partidas esportivas, como handebol e hóquei no gelo, e já recebeu grandes shows internacionais, incluindo Madonna e U2. Stefan Löcher é o diretor da arena e responsável pela segurança dos cerca de 1,4 milhões de visitantes anuais.

DW: O que passou pela sua cabeça quando ficou sabendo dos atentados em Paris – especialmente a situação dos reféns no Bataclan?

Stefan Löcher: Pensei que esses ataques atingiram uma nova dimensão. É algo que tem passado pela nossa cabeça, é claro. Mas atentados como esses criam desafios que são quase impossíveis de superar. A realidade é que eu até poderia colocar 400 seguranças na frente da nossa arena – mas se pessoas atacam com fuzis Kalashnikov, os seguranças terão que escapar ou serão baleados. Estamos falando de uma situação em que é realmente necessário o envolvimento da polícia ou de outras autoridades.

Você se sente impotente diante de ataques como esse?

Deixe-me explicar dessa forma: não importa se é uma casa de shows, um estádio ou uma estação de trem. Se um grupo de pessoas armadas invade um espaço público, a única maneira de combater esse ataque é garantindo, o mais rápido possível, que esse grupo seja neutralizado. Para realmente impedir que isso aconteça, é preciso espalhar policiais ou soldados fortemente armados por todos os lugares.

A questão dos homens-bomba é diferente. É possível checar se alguém está carregando material explosivo. Esses casos podem ser eliminados com alta sensibilidade e treinamento. Além disso, é preciso verificar se a arena está "limpa" mesmo em períodos sem eventos. Temos de soltar cães farejadores de bombas ao redor do espaço regularmente. Pessoas passam diariamente pelo local, precisamos ter certeza de que nada foi colocado ali.

Stefan Löcher, diretor da Lanxess Arena.Foto: Louis Buerk

Que medidas de segurança são tomadas na Lanxess Arena?

Contamos, naturalmente, com normas de segurança muito elevadas: revistamos todos os espectadores e seus pertences. Para alguns eventos, usamos inclusive detectores de metal e aparelhos de raio X. Temos uma equipe de segurança muito experiente e tomamos cuidado para que somente pessoas autorizadas tenham acesso aos bastidores.

Temos um plano de segurança detalhado, um plano de evacuação, e trabalhamos estreitamente com a polícia. A delegacia mais próxima fica a apenas 200 metros de distância. Tudo isso ajuda, é claro. Mas seria presunçoso dizer que temos um plano contra esse tipo de fuzilamento [que ocorreu na França]. Se os últimos 10 ou 20 anos provaram alguma coisa, é que lugar nenhum conta com segurança absoluta.

Vocês adotaram alguma medida específica após os ataques em Paris?

A casa de shows Bataclan, em Paris, onde morreram dezenas de pessoas.Foto: Lari Lucien

Como eu disse, nossos padrões de segurança já são muito elevados. A ideia de que algo assim poderia acontecer não é novidade, por isso casas de eventos como a nossa já estão preparadas. No entanto, acredito que haverá um aumento nas revistas na entrada da arena.

Algum evento foi ou poderá ser cancelado?

Nenhum evento foi cancelado até agora, e acredito que nenhum será.

A banda alemã Santiano tem um show marcado na Lanxess Arena para daqui duas semanas. Eles costumam se apresentar em grandes festivais de rock. Você acha que eventos como esses se tornaram alvo maior de terrorismo do que outros concertos?

Absolutamente não. Acho que foi pura coincidência que os ataques em Paris tenham ocorrido num show de rock. Não foi por conta do estilo musical. Presumivelmente, os terroristas escolheram aquele dia por causa do amistoso entre Alemanha e França. Poderia ser qualquer banda tocando ali naquele palco.

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