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Selfies e privacidade nas piscinas públicas alemãs

Mara Bierbach av
22 de maio de 2017

Com selos antiespionagem e proibição a fotografias, operadores adotam regras duras para proteger crianças e direitos pessoais de banhistas. Um inocente clique com o celular pode acabar em expulsão e banimento.

Piscina pública na Alemanha
Algumas piscinas públicas alemãs permitem fotografar apenas com o consentimento dos fotografadosFoto: picture alliance/dpa/S. Gollnow

No Hemisfério Norte, o verão está à espreita, com o sol brilhando e temperaturas em alta. Em breve, muitos passarão as tardes nas piscinas públicas ao ar livre, nadando e tomando banho de sol à vontade, com os amigos e a família.

Na Alemanha, no entanto, isso não quer dizer que tudo seja permitido. Quem quiser tirar uma selfie no novo traje de banho, por exemplo, deve estar ciente de que muitas instalações do país proíbem que se tirem fotos em suas dependências.

A norma já vigora há décadas em diversos locais, porém alguns gerentes adotaram uma linha ainda mais dura em resposta à crescente presença dos telefones celulares com câmeras de alta qualidade e à prova d'água.

Em nome das crianças e da privacidade

Uma piscina pública na cidade de Offenbach, próxima a Frankfurt, ocupou recentemente manchetes com sua nova diretriz para dispositivos móveis. É radicalmente proibido utilizar smartphones ou tablets na propriedade, a menos que se cubram todas as câmeras do aparelho com um adesivo vermelho vivo, distribuído gratuitamente pelos salva-vidas.

Regulamentos explícitos e claramente expostos visam facilitar ação de funcionários das piscinasFoto: picture alliance/dpa/J. Büttner

Matthias Wörner, diretor do Erste Offenbacher Schwimmclub, o clube de natação que opera a piscina, explica que introduziu a regulamentação, em primeira linha, para proteger as crianças que nadam na recém-inaugurada piscina infantil. Sua preocupação é os banhistas compartilharem as fotos "pelo WhatsApp e similares".

Como explicou à DW, adotou-se a proibição devido à dificuldade de determinar o que está sendo fotografado. "Não podemos descartar que alguém afirme estar tirando uma foto do próprio filho, quando na verdade a objetiva está em outra criança."

Além disso, acrescentou, a medida visa proteger os direitos pessoais dos adultos. "Imagine alguém que está um tanto acima do peso. A pessoa não iria querer sua foto circulando pela internet." Quem se recusar a acatar a restrição será convidado a se retirar e talvez seja proibido de frequentar a piscina.

Da antiespionagem para o lazer

O uso de adesivos ou outros métodos para bloquear as câmeras, como selos especialmente projetados, está cada vez mais comum nas piscinas públicas alemãs.

Holger Ditzel dirige a Lens Seal, especializada em produzir esse tipo de selo para câmeras de celulares, normalmente usados em escritórios corporativos ou governamentais, para evitar espionagem. O empresário revela que sua firma fornece selos para cerca de uma dúzia de piscinas do país. A maioria é vendida a parques aquáticos com áreas de spa e saunas nudistas, mas os adesivos também são usados em piscinas ao ar livre.

A lei alemã proíbe fotografar outros cidadãos e distribuir as imagens sem seu consentimento, mas quase todas as piscinas públicas também incluem o veto explícito em seus regulamentos de conduta, para facilitar a eventual intervenção dos funcionários.

Banho de piscina é para muitos uma oportunidade de tirar fotos para postar nas redes sociaisFoto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte

Enquanto a capital da Baviera, Munique, baniu inteiramente as fotografias em suas piscinas, outras cidades, como Bonn, só as permitem perante autorização da pessoa fotografada. Poucas cidades baniram os celulares em si ou tornaram obrigatório o uso de selos.

Segundo o jornal Süddeutsche Zeitung, Berlim é a única cidade alemã onde não vigora uma proibição explícita. Porém, uma porta-voz do setor informa que as piscinas da capital estão atualizando seu código de conduta para incluir a restrição. Por outro lado, ressalvou que "não tentamos impedir as pessoas de tirar fotos, não é realista".

A representante berlinense parte do princípio de que os salva-vidas vão interferir, caso alguém aja de maneira suspeita. Aulas sobre como identificar pedófilos e lidar com eles são parte do treinamento bienal obrigatório de salva-vidas e funcionários. "Mas o foco está mais no exibicionismo, na apalpação, bater em crianças, pois esses são problemas maiores nas piscinas ao ar livre, para ser sincera."

Regra absoluta – mas não tanto

Operadores de piscinas contatados pela DW tranquilizam os veranistas preocupados com a possibilidade de uma inocente selfie ou foto de família acarretar o banimento sumário de sua piscina preferida. Na prática, a diretriz nem sempre é aplicada com rigor absoluto, afirmam.

"Tirar fotos próprias, da família ou dos amigos é tolerado" nas piscinas públicas de Munique, afirma Michael Solic, da Stadtwerke München, companhia municipal responsável pelas instalações de toda a cidade.

Até mesmo Matthias Wörner, de Offenbach, concorda: "Se é um grupo de pessoas se aconchegando, de braços dados, obviamente só tentando tirar uma selfie com os amigos, nenhum funcionário vai dizer alguma coisa."

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