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Selo de manejo florestal completa dez anos

gh14 de setembro de 2004

Conselho de Manejo Florestal (FSC), sediado em Bonn, já certificou 46 milhões de hectares de florestas em todo o mundo. Trittin adverte que destruição das matas continua.

FSC defende aproveitamento ecológico das florestasFoto: Nationalpark Bayerischer Wald

Apesar dos esforços internacionais para a proteção do clima, da biodiversidade e das reservas de água potável, as áreas florestais do planeta continuam em perigo. Esta foi a constatação de ambientalistas e políticos na conferência dos 10 anos de existência do Forest Stewardship Council (FSC, Conselho de Manejo Florestal), nesta segunda-feira (13/09), em Bonn.

Segundo o ministro alemão do Meio Ambiente, Jürgen Trittin, "o desmatamento ilegal precisa ser combatido com mais rigor em todo o mundo. Trata-se de uma tarefa global". Ele anunciou que seu ministério está elaborando um projeto de lei para proibir a posse e o comércio de madeira e produtos derivados obtidos ilegalmente. "Futuramente, os produtos madeireiros devem ter um selo de legalidade", afirmou. Um certificado semelhante poderá ser exigido, em breve, também pela União Européia para a importação de madeira.

Brasil e Europa melhoram

Segundo dados do FSC Internacional, a destruição mundial de florestas afeta a cada minuto uma área correspondente a 35 campos de futebol. "Isso atinge principalmente florestas tropicais, mas há também regiões da Rússia que nos causam preocupação", disse Gisbert Schlemmer, um dos diretores do FSC. "Em compensação, em algumas regiões do Brasil ou da Europa estamos tendo avanços em termos de proteção", acrescentou.

Há dez anos que esta organização não-governamental, integrada por ambientalistas, pesquisadores, engenheiros florestais, empresários do setor madeireiro, trabalhadores e povos da floresta, certifica e concede um selo para empresas que praticam o manejo florestal sustentado. Ao todo, já foram certificados 47 milhões de hectares ou 10% das florestas manejadas em 67 países ( 500 mil ha na Alemanha) e há cerca de 20 mil produtos com selo do FSC.

Grandes comerciantes de produtos madeireiros da Europa, América do Norte e do Sul e da Ásia já exigem o certificado FSC de seus fornecedores, para garantir aos seus clientes um uso responsável dos recursos florestais.

Selo com credibilidade

Trittin quer combate mais rigoroso ao desmatamentoFoto: AP

Segundo Trittin, o FSC desempenha um papel central na proteção ao meio ambiente. "O FSC é o único selo de manejo florestal sustentado reconhecido internacionalmente. O resto são certificações nacionais. O FSC não só estabelece exigências, como é o caso de muitos selos voltados à defesa do consumidor, e, sim, também controla seu cumprimento. Por isso, tem credibilidade. Não são os donos de florestas que se certificam. Temos de fortalecer o aspecto ecológico e social do selo. Os cidadãos precisam intensificar o controle de origem, por exemplo, de seus móveis, o que em parte já fazem. Mas talvez a administração pública seja responsável por isso", disse o ministro. O governo alemão há anos só compra produtos madeireiros certificados.

Criado após a Cúpula do Meio Ambiente do Rio de Janeiro (1993), o FSC tornou-se uma referência mundial na promoção do manejo florestal favorável ao meio ambiente, socialmente benéfico e economicamente viável. "Apesar disso, a cada ano desaparecem 15 milhões de hectares de florestas tropicais, a maior parte por queimadas e desmatamentos ilegais", informou o presidente da entidade, David Nahwegahbow. Por isso, o FSC pretende intensificar a mobilização dos moradores das florestas.

O FSC International desenvolve os princípios e critérios para a certificação, além de credenciar e monitorar organizações certificadoras especializadas e independentes. "Não há dúvidas de que o manejo florestal responsável só será possível se os povos indígenas e trabalhadores florestais, especialmente dos países do Sul, participarem da busca de uma solução ativa para as florestas tropicais e se seus interesses forem respeitados nesse afã", disse Nahwegahbow. Ele lamentou também que ainda não tenha sido aprovada uma convenção internacional das florestas.

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