Federação iraniana de futebol quer explicação da empresa americana, que anunciou que não vai fornecer chuteiras a jogadores devido às sanções aplicadas pelo governo Trump.
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Após a decisão da Nike de deixar a equipe nacional do Irã sem chuteiras para a Copa do Mundo da Rússia, a confederação iraniana de futebol enviou carta pedindo auxílio à Fifa e exigiu uma explicação para a atitude da fabricante americana de artigos esportivos.
A Nike confirmou nesta segunda-feira (11/06) a declaração feita na última semana de que não forneceria chuteiras para a equipe do Irã devido às sanções econômicas. As medidas foram impostas no mês passado, quando os Estados Unidos deixaram um pacto nuclear firmado em 2015 entre países ocidentais e Teerã.
"Sanções americanas significam que, como uma empresa dos Estados Unidos, a Nike não pode fornecer chuteiras a jogadores no time nacional iraniano neste momento", diz a declaração da empresa, divulgada na última sexta-feira. O porta-voz da marca lembrou que as sanções impostas à Nike valem há anos. Mas, segundo informações do canal esportivo ESPN, a empresa não deu muita importância a essas restrições até recentemente, quando o presidente Donald Trump anunciou que os EUA sairiam do acordo nuclear com o Irã.
Queiroz, cuja equipe estreará contra o Marrocos pelo Grupo B nesta sexta (15/06), considerou as afirmações da companhia "desnecessárias" e as considerou "um insulto ao Irã". "Todos estão cientes das sanções", afirmou. "Eles [a Nike] deveriam se desculpar porque esse comportamento arrogante contra 23 meninos é absolutamente ridículo e desnecessário", criticou. Além do Marrocos, os outros dois adversários do Irã serão Portugal e Espanha na fase de grupos.
Queiroz afirmou ainda que "não é possível que uma sanção seja imposta a jogadores tão pouco tempo antes de uma Copa do Mundo. Todo mundo sabe como é importante os atletas jogarem com as próprias chuteiras", disse o português.
O uniforme do Irã é fornecido pela empresa alemã Adidas, mas alguns jogadores, como Saman Ghoddos, que atua pela equipe sueca Ostersund, costumam usar chuteiras da Nike.
Ainda não se sabe se os jogadores poderão obter chuteiras extraoficialmente. Em busca de soluções, alguns dos membros do time iraniano pediram chuteiras a colegas que jogam nos mesmos clubes. Outros foram sozinhos a lojas de equipamento esportivo e compraram chuteiras novas. A Adidas também ofereceu ajuda.
Em aberto, também, está a questão do impacto da decisão da Nike sobre as vendas da empresa durante a Copa. "O Mundial tem força especialmente do ponto de vista do marketing. Em 2014, mais de 3,2 bilhões de pessoas assistiram a um jogo da Copa", lembra Oliver Brüggen, diretor de Relações Públicas da Adidas. "A Adidas vendeu oito milhões de camisas oficiais na última Copa."
Na disputa recorrente dos fabricantes de equipamentos esportivos, que acontece a cada Mundial de futebol, a Nike já causou hype entre torcedores do mundo inteiro com o uniforme da Nigéria, esgotado poucos minutos depois do início oficial das vendas e cujo design é inspirado no uniforme de 1994 da equipe.
Para dominar a Copa do Mundo como plataforma publicitária, os fornecedores de artigos esportivos investem muito dinheiro nas seleções. A adidas veste 12 dos 32 times participantes, contra dez da Nike. Em 2016, a empresa prorrogou o contrato com a Confederação Alemã de Futebol até 2022, somando entre 65 e 70 milhões de euros anuais.
RK/rtr/dpa/sid
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A história ilustrada da Copa do Mundo
O ilustrador argentino Germán Aczel capturou de maneira bem-humorada em um livro momentos memoráveis dos 84 anos de história do torneio.
Foto: Aczel/Edel Books
Era uma vez...
A primeira Copa do Mundo ocorreu em 1930, no Uruguai. A maior parte dos times participantes era das Américas. Só quatro seleções europeias decidiram empreender a longa viagem de navio. Na final, os anfitriões bateram a Argentina por 4 a 2. Os times foram liderados pelos capitães José Nasazzi, do Uruguai (à esquerda na imagem), e Manuel Ferreira, da Argentina.
Foto: Aczel/Edel Books
O milagre de Berna
A primeira Copa do pós-guerra ocorreu em 1954, na Suíça. A grande seleção daquele tempo era a Hungria, liderada por Ferenc Puskas. Na primeira fase, a Alemanha perdeu de 8 a 3 para a Hungria, mas acabou vencendo a final contra os húngaros por 3 a 2 e se tornou campeã pela primeira vez. Na imagem, o capitão Fritz Walter (esq.) e o técnico Sepp Herberger são carregados por torcedores.
Foto: Aczel/Edel Books
Apenas uma vez
A Inglaterra inventou o futebol, mas sua seleção só venceu uma Copa, em 1966 - e em casa. Na final, o time venceu a Alemanha por 4 a 2. Foi na prorrogação do jogo que ocorreu o mais famoso "gol fantasma" da história, no mítico estádio de Wembley, num dos lances mais polêmicos de todas as Copas. Foi o gol de Geoff Hurst que virou o placar a favor da Inglaterra de Bobby Moore (segurando o troféu).
Foto: Aczel/Edel Books
O show de Pelé e companhia
Em 1970, o Brasil conquistou a sua terceira Copa do Mundo. O atleta do século, Pelé, e seus companheiros bateram a Itália por 4 a 1 na final. Os brasileiros marcaram 19 gols em apenas seis jogos. A Alemanha ficou em terceiro lugar, após vencer o Uruguai por 1 a 0. Foi nessa Copa que pela primeira vez todos os jogos foram transmitidos a cores.
Foto: Aczel/Edel Books
O “Bombardeiro da Nação"
Na primeira Copa realizada em solo alemão (1974) houve disputas e episódios memoráveis. O imperador (Beckenbauer) contra o rei (Cruyff), Oeste contra Leste, os primeiros pênaltis em uma final e uma nova taça. Na final, os anfitriões enfrentaram a Holanda e sua estrela, Johan Cruyff. A Alemanha venceu por 2 a 1. O gol que selou a partida foi de Gerd Müller, apelidado de “o bombardeiro da nação”.
Foto: Aczel/Edel Books
A mão de Deus
A Copa do Mundo de 1986 no México continua sendo memorável pelo espetáculo de Diego Maradona. Graças à sua genialidade e sagacidade, a Argentina se tornou campeã pela segunda vez. Maradona marcou belos, mas também controversos gols. No duelo com o goleiro inglês, ele fez um gol de mão. Mais tarde, Maradona diria que “marcou um pouco com a cabeça e um pouco a mão de Deus”.
Foto: Aczel/Edel Books
O cuspe
Em 1990, na Copa da Itália, a Alemanha conquistou seu terceiro título ao vencer a Argentina por 1 a 0. No entanto, ficou na memória a cusparada que o jogador holandês Frank Rijkaard deu no alemão Rudi Völler nas oitavas de final. Ambos foram expulsos da partida, e Rijkaard recebeu o apelido de “lhama”. A Alemanha venceu a partida por 2 a 1, vingando a derrota para a Holanda na Eurocopa de 1988.
Foto: Aczel/Edel Books
A cabeçada de Zidane
Em 2006, a Alemanha sediou mais uma vez a Copa do Mundo. Na final, a França perdeu para a Itália nos pênaltis. A partida ainda teve o momento mais inglório do torneio: após ser ofendido, o capitão francês Zidane deu uma cabeçada no peito do italiano Materazzi. Foi expulso logo em seguida. Um fim melancólico para uma carreira extraordinária.
Foto: Aczel/Edel Books
Finalmente campeã
Ao final da Copa de 2010, na África do Sul, a Espanha dominou os adversários com seu conceito tático “tiki-taka”. Os espanhóis derrotaram os holandeses por 1 a 0 na final e conquistaram o título, o maior sucesso da seleção em sua história. O gol que decidiu a partida foi de Andrés Iniesta. A Alemanha conquistou o terceiro lugar ao vencer o Uruguai por 3 a 2.
Foto: Aczel/Edel Books
Tetracampeã e um 7 a 1
A final da Copa de 2014 contou com 75 mil torcedores no Maracanã. Antes de disputar a última partida, a Alemanha atropelou o Brasil, o anfitrião da Copa, com um placar surpreendente: 7 a 1. Na final, os alemães venceram a seleção da Argentina por 1 a 0. Foi a primeira vez que um time europeu venceu nas Américas. A Alemanha se tornou tetracampeã.
Foto: Aczel / Edel Books
2018: um anfitrião controverso
O anfitrião da próxima Copa é a Rússia. A escolha do país foi controversa, e logo depois a Fifa passou a sofrer acusações de corrupção. A Rússia, por sua vez, se viu envolvida em um escândalo de doping de atletas. O pontapé inicial da Copa ocorre no dia 14 de junho, com a partida entre Arábia Saudita e Rússia. A final está prevista para 15 de julho, em Moscou.
Foto: Aczel / Edel Books
O mundo ilustrado da Copa
Vários momentos inesquecíveis da história de 84 anos do torneio estão no livro “Copa do Mundo 1930-2018”, publicado pela editora alemã Edel Books. As cenas são reproduzidas com desenhos e um texto bem-humorado. A capa do livro mostra várias estrelas que vao disputar o próximo torneio, entre elas Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar.
Foto: Aczel / Edel Books
O artista
O ilustrador argentino Germán Aczel começou sua carreira em sua Buenos Aires natal, onde trabalhou para a revista esportiva "El Gráfico". Aos 26 anos, se mudou para a Alemanha. Hoje vive em Munique. No momento, fornece ilustrações para renomada revista inglesa de futebol "FourFourTwo".