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Sem coalizão de governo, Espanha convoca novas eleições

18 de setembro de 2019

Primeiro-ministro Sánchez culpa opositores por fracasso em formar governo, o que obriga o país a voltar às urnas pela quarta vez desde 2015. Pesquisas indicam que socialista seria o mais beneficiado com um novo pleito.

Primeiro-ministro interino da Espanha, Pedro Sánchez (esq.) e o rei Felipe 6º
Primeiro-ministro interino da Espanha, Pedro Sánchez (esq.) e o rei Felipe 6º se reuniram antes da convocação de novas eleições Foto: Getty Images/AFP/A. Ballesteros

O primeiro-ministro interino da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou nesta terça-feira (17/09) a realização de novas eleições gerais no país, após fracassarem as tentativas de formar uma coalizão de governo.

"O país se vê sujeito a uma repetição eleitoral no próximo dia 10 de novembro", afirmou Sánchez, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), após uma rodada de consultas com o chefe de Estado do país, o rei Felipe 6º, e com líderes das demais agremiações políticas.

O primeiro-ministro lamentou não ser possível cumprir o mandato eleitoral que recebeu após as eleições do dia 28 de abril, uma vez que não há maioria parlamentar. "Tentei por todos os meios, mas fizeram com que fosse impossível", afirmou.

"Duas forças políticas conservadoras e uma força de esquerda preferiram bloquear a formação do governo pedida pelas urnas. Pediremos aos espanhóis que falem de modo ainda mais claro no próximo dia 10 de novembro", disse Sánchez.

No cargo desde junho de 2018, o socialista venceu as eleições de abril, mas ainda precisava fechar alianças no Congresso, onde seu partido elegeu apenas 123 deputados em um parlamento de 350. Para uma maioria absoluta, seriam necessários 176 congressistas.

"Não há um candidato que conte com o apoio necessário para que a Câmara dos Deputados, por sua vez, lhe outorgue sua confiança", acrescentou, depois de se consultar com Felipe 6º. O fracasso das negociações resultará na dissolução do Parlamento no dia 23 de setembro.

Estas serão as quartas eleições no país desde 2015, quando o bipartidarismo exercido pelo PSOE e pelo conservador Partido Popular se viu abalado pelo avanço do partido esquerdista Podemos e do liberal de centro Cidadãos. 

Após uma jornada frenética de contatos de última hora, os líderes dos quatro partidos encerraram nesta terça-feira as negociações com o rei Felipe 6º.

O PSOE de Sánchez perdeu duas votações no Congresso após fracassar na tentativa de formar uma coalizão com o Podemos.

Os contatos entre os dois partidos esfriaram, em meio à insistência do Podemos de obter um cargo no Executivo. Os socialistas rejeitaram tal reivindicação, preferindo chegar a um acordo sobre um programa de governo conjunto que lhes permitisse governar em minoria.  

Após o fracasso das negociações com a esquerda, Sánchez voltou seus esforços para o Cidadãos, a quem já havia chamado de um "perigo para a Espanha", dizendo se tratar de uma questão de responsabilidade política. As conversas entre as duas partes também não foram adiante.

A oposição acusa Sánchez pelo fracasso. Ele, por sua vez, recrimina os opositores por não assumirem a responsabilidade pela governabilidade do país. Alguns suspeitam que o primeiro-ministro não teria a intenção de formar o novo governo, preferindo a realização de novas eleições.

Pesquisas de opinião sugerem que Sánchez seria o maior beneficiado pela convocação de um novo pleito, que, possivelmente, aumentaria a sua vantagem. Entretanto, os socialistas ainda deverão conseguir a maioria absoluta, o que os obrigará a retomar a busca por acordos com os demais partidos.

O fracasso em formar um novo governo ocorre em um momento de incertezas econômicas, em meio a temores de uma nova recessão mundial e das consequências da possível falta de acordo entre o Reino Unido e a União Europeia na questão do Brexit.

Há ainda a possibilidade de uma retomada das tensões na Catalunha, se os líderes pela independência da região forem condensados pela Justiça.

RC/afp/dpa

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