Gravação revela o que seria a última conversa com controle aéreo de piloto de voo em que viajava equipe da Chapecoense. Representante da LaMia diz que avião deveria ter reabastecido em Bogotá.
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Uma gravação divulgada nesta quarta-feira (30/11) pela emissora de rádio colombiana Blu Radio revela uma conversa que seria a última tida entre o piloto do avião da Chapecoense e o controle aéreo em Medellín, na Colômbia, antes do acidente que matou 71 pessoas nesta terça-feira.
No áudio, o piloto da companhia boliviana LaMia, responsável pelo voo fretado, relata à torre de controle uma falha elétrica e falta de combustível na aeronave. "Senhorita, LaMia 933 está em pane total, pane elétrica total, sem combustível", diz uma voz identificada como a do piloto do avião.
A controladora de voo responde: "Pista livre e esperando chuva sobre a superfície, bombeiros alertados". Há troca de informações sobre a localização da aeronave, e a funcionária gerencia a aterrissagem. "Qual a altitude agora?", pergunta ela uma última vez, sem obter mais resposta.
A última informação dada pelo piloto antes de perder contato com a torre de controle foi que a aeronave voava a uma altitude de 9 mil pés. Nesse momento, a controladora responde que o avião está a pouco mais de 13 quilômetros da pista onde deveria pousar no aeroporto de Medellín.
Segundo especialistas consultados pela imprensa colombiana, a altitude de 9 mil pés não é suficiente para atravessar a montanha conhecida como El Gordo, com a qual o avião colidiu, a 17 quilômetros do aeroporto.
Prioridade para pousar
Ainda de acordo com a gravação, antes de comunicar que sofria de falha elétrica e falta de combustível, o piloto solicita "prioridade para aproximação", pedindo, em várias ocasiões, orientações do controle aéreo para chegar ao aeroporto e aterrissar o mais rápido possível.
No início do áudio, é possível ouvir a controladora de voo priorizando a aterrissagem de outra aeronave, da companhia aérea VivaColombia, que apresentava um problema de "vazamento". Somente depois que o piloto da LaMia informa sobre a gravidade da situação é que a funcionária desvia outros dois voos comerciais com destino ao aeroporto para dar prioridade ao 933.
A tese de falta de combustível já vinha sendo discutida por especialistas em aviação. Alguns deles, ouvidos pela agência de notícias Efe, afirmaram que a autonomia de voo do modelo Avro RJ85 é muito reduzida, o que reforça a possibilidade de que a aeronave tenha ficado sem combustível.
Reabastecimento
Em entrevista ao jornal boliviano Página Siete, um representante da LaMia, Gustavo Vargas, afirmou que o avião deveria ter feito uma parada em Bogotá, capital da Colômbia, para fazer o reabastecimento, mas seguiu direto de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, até Medellín.
"É o piloto que toma a decisão de não pousar, porque pensou que tinha combustível", disse Vargas. Segundo o representante, "no plano de voo havia a opção da aeronave pousar em Cobija (fronteira boliviana com o Brasil), mas logo se falou da opção de Bogotá para reabastecer".
As investigações da causa do acidente começarão nesta quarta-feira. Investigadores brasileiros se deslocaram para a Colômbia para ajudar na análise das caixas-pretas do avião, que foram encontradas em perfeito estado no local do acidente. A Bolívia, país onde a empresa LaMia tem sua sede, e o Reino Unido, país do fabricante da aeronave, também enviaram especialistas para ajudar nos trabalhos.
EK/efe/ap/rtr/ots
A tragédia com o avião da Chapecoense
O voo que levava a equipe para final da Copa Sul-Americana caiu a poucos quilômetros de Medellín, na Colômbia. A bordo estavam nove tripulantes e 68 passageiros, entre jogadores, dirigentes do clube e jornalistas.
Foto: Reuters/M. Varley
Acidente próximo a Medellín
O acidente ocorreu na madrugada desta terça-feira (29/11) na região montanhosa conhecida como El Gordo, a cerca de 50 quilômetros de Medellín, no noroeste da Colômbia.
Aeronave de fabricação britânica
A aeronave modelo British Aerospace (BAE) 146, de fabricação britânica, operada pela boliviana LaMia (foto de arquivo), teria se partido em três partes durante um pouso forçado.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Mais de 70 mortos
Inicialmente, a lista fornecida pelas autoridades indicava que até 81 pessoas poderiam estar a bordo, incluindo 72 passageiros e nove tripulantes. Mais tarde, autoridades confirmaram um total de 71 mortos e seis feridos. Quatro pessoas não embarcaram de última hora.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Fim de um sonho
A equipe do Chapecoense viajava para Medellín, onde disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia. O time embarcou num voo comercial a partir de São Paulo e com conexão em Santa Cruz de la Sierra. De lá, o avião partiu rumo a Medellín.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Cunha
Uniformes entre os destroços
Entre os destroços da aeronave, as equipes de resgate encontraram partes dos uniformes da Chapecoense. Estavam a bordo 22 jogadores de futebol, 25 dirigentes, membros da comissão técnica e convidados da equipe, além de 21 jornalistas brasileiros.
Foto: Imago/Xinhua
Sobreviventes
Segundo as autoridades locais, seis pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu a caminho do hospital. Entre os sobreviventes estão os jogadores brasileiros Alan Ruschel (foto), Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto.
Foto: Imago/Agencia EFE
Jornalista resgatado
Entre os sobreviventes está o jornalista brasileiro Rafael Henze. De acordo com as equipes de resgaste, Henze foi encontrado com vários ferimentos, mas sua condição é estável. O jornalista foi levado para o hospital de La Ceja.
Foto: Imago/Agencia EFE
Herói não resiste
Herói da classificação para a final da Sul-Americana, com uma defesa-chave na semi contra o San Lorenzo (foto), o goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida e foi levado para um hospital em Rionegro, próximo a Medellín. Porém, não resistiu aos ferimentos.
Foto: Reuters/E. Marcarian
Comoção da torcida
Após a notícia do acidente, fãs da equipe começaram a se aglomerar em frente à Arena Condá, estádio do time na cidade de Chapecó, Santa Catarina.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Dia seguinte
Um dia depois da tragédia, torcedor mirim chora pela perda dos ídolos nas arquibancadas da Arena Condá, em Chapecó.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Homenagem dos colombianos
No estádio do Atlético Nacional, em Medellín, dezenas de milhares de torcedores vestidos de branco prestaram tributo às vítimas da tragédia aérea, no dia 30 de novembro. Os jogadores do clube homenagearam os colegas da Chapecoense, com quem jogariam partida na final da Copa Sul-Americana.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Discurso emocionado
No estádio em Medellín, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, fez discurso emocionado. "As expressões de solidariedade que aqui encontramos nos oferecem um consolo imenso, uma luz na escuridão, num momento em que estamos todos tentando compreender o incompreensível", disse.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Velório coletivo
Torcedores da Chapecoense se despediram de seus ídolos numa cerimônia na Arena Condá, em 3 de dezembro. Apesar da chuva, milhares de pessoas foram ao estádio do clube para receber os caixões de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica do time. O presidente Michel Temer acompanhou a cerimônia, mas não discursou.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Moreira
Antes do acidente
A última partida do Chapecoense aconteceu em 27 de novembro, contra o Palmeiras, em São Paulo. A equipe perdeu por 1 a 0 na penúltima rodada da série A do Campeonato Brasileiro. Na foto, Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente aéreo na Colômbia.
Foto: Getty Images/F. Vogel
Pouco combustível, excesso de peso
No dia 26 de dezembro, relatório divulgado por investigadores colombianos revelou série de erros humanos. Pilotos sabiam da falta de combustível. Aeronave trasnportava 400 quilos a mais do que o permitido e não estava certificada para voar acima de 29 mil pés. Mesmo assim, autoridades bolivianas aprovaram o plano de voo.