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Sem luz no fim do túnel

Estelina Farias29 de setembro de 2003

No terceiro ano de Intifada sangrenta, o Oriente Médio permanece num dilema: milhares de mortos e sem paz em vista. EUA, UE, UNO e Alemanha se encorajam mutuamente para não deixar o processo de paz morrer.

Palestinos enterram vítimas do conflito com IsraelFoto: AP

Os números em si poderiam bastar para sepultar as esperanças de um happy end político: quase três mil mortos e 23.500 feridos do lado palestino e 862 mortos e 5.877 feridos israelenses, nesses três anos de resistência palestina à ocupação israelense.

Os políticos dos Estados Unidos, União Européia e Rússia engajados nos esforços de mediação afirmam, porém, acreditar que o processo de paz Road Map (Mapa do Caminho) não morreu, como disse o secretário de Estado norte-americano Colin Powell há poucos dias. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, parece mais cético. Na véspera de um encontro do quarteto, ele advertiu que, para salvar o processo, é preciso que israelenses e palestinos dêem passos alguns largos.

No terceiro aniversário da nova fase da Intifada, o grupo radical palestino deu razão ao ceticismo de Annan, convocando palestinos, árabes e muçulmanos de todo o mundo à luta contra Israel. A onda de resistência violenta à ocupação dos Territórios Palestinos começou com o que a população local considerou uma provocação: o passeio do atual premiê Ariel Scharon à Esplanada das Mesquitas, lugar sagrado tanto para os palestinos quanto para os israelenses, em 28 de setembro de 2000..

George W. Bush e Ariel SharonFoto: AP

Mais miséria - O aprofundamento da crise agravou também a economia dos Territórios Palestinos e de Israel. A metade dos palestinos está desempregada. Uma catástrofe de fome foi evitada até agora pelas remessas de ajuda da União Européia, Estados Unidos, ONGs internacionais e Igrejas.

Premiê israelense Ariel SharonFoto: AP

Guardando as proporções, a economia de Israel padece com o conflito. O país encontra-se em recessão desde 2001. Com menos receita e mais gastos militares, o governo viu-se forçado a fazer cortes profundos na área social, desencadeando protestos furiosos da população atingida.

Um fracasso após de outro

- Todas as mediações de paz fracassaram. 127 jovens palestinos se explodiram em três anos de Intifada, levando consigo para a morte mais de 420 civis em Israel. A cada atentado suicida contra seus cidadãos, Israel responde com mais violência. Vários acordos de cessar fogo foram violados. Também foi vã a tentativa de Israel e dos EUA de neutralizar o presidente palestino Iasser Arafat com a posse do primeiro-ministro Mahmud Abbas.

A ameaça de expulsar e até matar o "endiabrado" Arafat surtiu efeito contrário entre os palestinos. Abbas renunciou ante a tentativa frustrada de Washington de tirar o poder de Arafat. Observadores políticos duvidam que o sucessor de Abbas, Ahmed Kureia, consiga restabelecer a ordem e fazer avançar o processo político. Israel e EUA insistem no desarmamento dos grupos radicais palestinos por meio da violência. E Kureia não ousaria tentar isso sem uma compensação de Israel.

Troca de prisioneiros

– O membro da União Européia mais engajado no processo no Oriente Médio, Alemanha, cogita uma medida que poderá contribuir com, pelo menos, uma distensão no conflito de Israel com a milícia Hisbollah do Líbano: a libertação de dois libaneses e um iraniano. Os três estão presos por causa do assassinato do dissidente curdo-iraniano Sadik Scharafkandi na Alemanha. Schrafkandi e três acompanhantes seus foram mortos num restaurante de Berlim em abril de 1997.

Em troca dos três, a milícia xiita deve dar informações sobre o paradeiro do piloto israelense desaparecido Ron Arad, segundo o jornal israelense Haaretz. Israel e Líbano aproximaram-se na questão de prisioneiros, na semana passada, graças à mediação da Alemanha. O acordo prevê a libertação de quase 300 militantes da Hisbollah, entre eles Abdel Karim Obeid e Mustafa Dirani, líderes da organização xiita. Os dois foram presos no fim dos anos 80 e 90 como garantia para o piloto israelense.

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