Sem papel, jornal centenário deixa de circular na Venezuela
14 de maio de 2019
Crise econômica atinge em cheio a imprensa venezuelana. Em quatro estados, jornais deixam de ser publicados devido à escassez de papel. Desde 2013, país já perdeu 67 veículos impressos.
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O jornal venezuelano Panorama anunciou nesta segunda-feira (13/05) que, depois de mais de um século, sua versão impressa deixará de circular devido à falta de papel. O diário era o único veículo impresso restante do estado de Zulia, no noroeste do país.
"Esgotado nosso inventário de papel, a edição impressa do Panorama diz até breve aos seus fiéis leitores. Nossa tarefa de informar continuará com a mesma responsabilidade e dedicação no nosso site", informou o jornal na sua primeira página.
Fundado em dezembro de 1914, o diário afirmou ainda que publicará na sua última edição nesta terça-feira um especial de despedida. Ele se junta a uma lista de diários e revistas venezuelanas que deixaram de circular devido à escassez de papel.
Com o fim da circulação do Panorama, Zulia perdeu seu último jornal impresso. Esse é o quarto estado venezuelano nesta situação.
Na Venezuela, a estatal Complexo Editorial Alfredo Maneiro (CEAM) detém o monopólio da venda de papel para a imprensa. Em dezembro de 2018, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) denunciou a monopolização do papel promovida pelo governo de Nicolás Maduro e afirmou que a censura do regime levou ao fim da circulação da edição impressa do jornal El Nacional, crítico do governo.
Desde 2013, a Venezuela já perdeu 67 jornais e revistas. "Há 15 anos, a Venezuela tinha cerca de 110 veículos impressos e atualmente há apenas 30 em todo o país", afirmou Mariengracia Chirinos, da ONG Instituto de Imprensa e Sociedade.
Em 2013, o governo Maduro modificou as condições de controle cambial e retirou o papel para a imprensa dos setores prioritários com acesso a dólares com a taxa oficial. Soma-se à mudança a crise econômica que atinge o país.
Desde 2018, a Venezuela enfrenta uma hiperinflação. O país sofre ainda com a escassez de alimentos, produtos básicos e medicamentos. A crise já levou milhares de venezuelanos a deixarem o país.
CN/efe/ots
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A moeda venezuelana não vale praticamente nada. Mudando seu nome para "bolívar soberano" e cortando cinco zeros, o governo Maduro promete melhorar a economia. Mas segundo especialistas a inflação seguirá descontrolada.
Foto: Reuters/C. G. Rawlins
Frango milionário
Quem quer fazer compras na capital venezuelana, Caracas, tem que enfrentar longas filas e, até antes da reforma monetária, trazer montes de dinheiro vivo. Esse frango de pouco mais de dois quilos custava 14,6 milhões de bolívares, o equivalente a dois euros. As fotos desta galeria são de Carlos Garcia Rawlins, da agência Reuters.
Foto: Reuters/C. G. Rawlins
Dinheiro sem valor
Cerca de 5 milhões de bolívares era o que se cobrava por um quilo de tomates. Apenas cerca de 40 centavos de euro, mas para os venezuelanos, muito mais, já que seus salários e economias se desvalorizam a cada dia. Segundo o FMI, em 2018 a inflação no país poderá chegar a 1 milhão por cento.
Foto: Reuters/C. G. Rawlins
Fuga em massa
Quem precisa de papel higiênico, paga 2,6 milhões de bolívares por um rolo – se conseguir achar o artigo, pois é quase impossível obter muitos produtos do dia a dia. Os gargalos de abastecimento já levaram mais de 2 milhões de habitantes a deixar país, segundo dados da ONU.
Foto: Reuters/C. G. Rawlins
Higiene como luxo
Um pacote de absorventes custava 5,5 milhões de bolívares, até que, em 20 de agosto de 2018, o governo socialista de Nicolás Maduro cortou cinco zeros da moeda nacional. Novas cédulas estão sendo impressas.
Foto: Reuters/C. G. Rawlins
O próprio peso em dinheiro
Dois milhões e meio de bolívares pesam mais ou menos um quilo, e com eles se pode comprar, justamente, um quilo de arroz. A nova moeda se chama bolívar soberano. Mas esta não é primeira reforma monetária sob o governo socialista na Venezuela.
Foto: Reuters/C. G. Rawlins
"Forte"... "soberano"...
Um pacote de fraldas passará de 8 milhões de bolívares a 80 bolívares soberanos. Menos de dez anos atrás, o governo venezuelano já substituíra o bolívar pelo bolívar fuerte, cortando três zeros.
Foto: Reuters/C. G. Rawlins
Mudança em vão
Com a nova moeda, este quilo de queijo passará a custar "apenas" 75 bolívares soberanos. No entanto, especialistas partem do princípio que a inflação seguirá galopante, como nos anos anteriores. A reforma monetária provavelmente não trará nenhum benefício à população da Venezuela.