Senado decide barrar declaração de emergência de Trump
15 de março de 2019
Câmara alta do Congresso americano aprova resolução democrata graças ao apoio de 12 republicanos. Presidente diz que vai usar poder de veto. Emergência nacional foi decretada para financiar muro na fronteira com México.
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O Senado americano aprovou nesta quinta-feira (14/03) uma resolução para barrar a emergência nacional declarada pelo presidente Donald Trump para financiar o muro na fronteira com o México. A decisão representa um grande revés para o mandatário numa Casa de maioria republicana.
O texto já havia sido aprovado na Câmara dos Representantes há duas semanas – sem surpresas, já que o órgão é controlado por maioria democrata – e foi então remetido ao Senado.
Na câmara alta do Congresso, a resolução só foi aprovada graças à dissidência de 12 senadores do Partido Republicano, de Trump, que não cederam à pressão do presidente e, num gesto raro, votaram junto com a oposição a favor de barrar a declaração de emergência nacional.
Foram 59 votos contrários ao estado de emergência, e 41 a favor. Todos os senadores do Partido Democrata votaram pela anulação do decreto.
O resultado no Senado deve forçar Trump a usar pela primeira vez seu poder de veto como presidente. Apesar das dissidências republicanas, o placar ficou muito abaixo dos 67 votos necessários para impedir o veto presidencial.
Momentos após a votação, Trump publicou um tuíte de apenas uma palavra, já deixando claro seus próximos passos: "Veto!", escreveu. Em outra mensagem, disse estar ansioso para vetar a recém-aprovada resolução democrata que, segundo ele, "abriria as fronteiras e aumentaria o crime, as drogas e o tráfico em nosso país".
"Agradeço a todos os republicanos fortes que votaram para apoiar a segurança de fronteiras e nosso muro que é desesperadamente necessário", acrescentou o presidente.
Com o veto de Trump, a resolução deve ser devolvida ao Congresso. Em novas votações, o texto precisará do apoio de dois terços da Câmara dos Representantes e do Senado para ser aprovado, um resultado menos provável de acontecer.
Em 15 de fevereiro, Trump decretou estado de emergência nacional nos Estados Unidos com o objetivo de acessar verbas para a construção do muro na fronteira com o México, uma de suas promessas de campanha.
A medida foi a forma encontrada pelo presidente para contornar a oposição no Congresso americano, que se recusa a liberar dinheiro para a obra.
Os críticos à declaração de emergência, entre eles vários membros do Partido Republicano, alertaram que ela poderá abrir um precedente para que, no futuro, outros presidentes possam agir da mesma forma após fracassarem ao tentar aprovar medidas no Congresso.
Em seguida, o deputado democrata Joaquín Castro apresentou uma resolução à Câmara dos Representantes pedindo a anulação da declaração de emergência.
O texto foi aprovado em fevereiro em uma votação na Câmara por 245 votos a 182. A margem – abaixo de dois terços – também não foi suficiente para impedir o veto presidencial.
Em seu mandato, o ex-presidente americano Donald Trump prometeu construir um muro entre EUA e México. Mas, muito antes disso, esta fronteira já havia sido foco de filmes espetaculares. Veja a lista.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
John Wayne em guerra
Em meados do século 19, EUA e México entraram em guerra sobre o estado do Texas, que pertencia aos mexicanos, mas foi anexado pelos americanos. A longa disputa foi muitas vezes retratada por Hollywood nos faroestes que detalhavam os violentos conflitos entre colonos americanos e o Exército mexicano. Entre os mais espetaculares está "Álamo" (1960), estrelado por John Wayne e Richard Widmark.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
Dietrich e a fronteira
Em 1958, Marlene Dietrich fez uma breve aparição no brilhante suspense "A marca da maldade". O diretor Orson Welles, que teve o papel principal no filme, fez da região fronteiriça entre México e EUA o cenário para falar sobre corrupção, tráfico de drogas e outros crimes.
Foto: picture-alliance/United Archives/IFTN
"Rio Bravo"
Quando John Wayne apareceu em "Álamo", a grande era do faroeste americano estava quase no fim. Mas, quando o gênero cresceu na década de 1950, muitos faroestes se passaram na fronteira entre Texas, Novo México e Arizona de um lado, e o México, do outro. Um marco simbólico era o rio Grande que, localizado nesta fronteira, rendeu o título do legendário filme do diretor John Ford, de 1950.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
A fronteira em faroestes posteriores
No entanto, a fronteira entre os dois países conseguiu manter sua importância em numerosos faroestes lançados posteriormente. A região desempenhou um papel de destaque em "Meu ódio será tua herança" (1969), do diretor Sam Peckinpah, um épico do faroeste selvagem com muito sangue e que enfoca a ilegalidade em uma terra esquecida.
Foto: Imago/Entertainment Pictures
Variações modernas
O diretor americano Robert Anthony Rodriguez tem uma paixão pela região de fronteira, o que talvez se deva às suas raízes mexicanas. Muitos de seus filmes reproduzem o choque de culturas nesta região fronteiriça. Seu filme "Um drink no inferno", de 1996, viu Quentin Tarantino e George Clooney encenando irmãos que roubam bancos e que tentam fugir para o México.
Foto: picture-alliance/United Archives
Não há lugar para envelhecer
Ganhador de vários Oscars em 2008, entre eles o de melhor filme e direção, "Onde os fracos não têm vez" foi dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen. A produção aborda as drogas, máfia, assassinatos e fraudes. O filme se passa na fronteira entre EUA e México – um lugar perigoso, onde a morte é comum e poucos envelhecem.
Foto: picture-alliance/dpa/Paramount Pictures
Ao sul de Albuquerque
Albuquerque, no Novo México, é o cenário da extremamente popular série de televisão "Breaking Bad", que foi produzida entre 2008 e 2013. Ela enfoca histórias na região envolvendo drogas. Ao sul de Albuquerque, fica a lendária fronteira entre Estados Unidos e México.
Foto: Frank Ockenfels 3/Sony Pitures
O lado obscuro do comércio
No filme "Desaparecidos" (2007), o diretor alemão Marco Kreuzpaintner escolheu contar a história de crianças mexicanas que atravessam a fronteira para os Estados Unidos como parte do tráfico de escravos sexuais. A estrela de Hollywood Kevin Kline desempenhou o papel principal.
Foto: picture-alliance/kpa
Guerra de drogas na fronteira
"Sicario: terra de ninguém" examina o impacto das guerras do narcotráfico na área de fronteira entre Arizona e México. O cineasta canadense Denis Villeneuve fez o agitado suspense em 2015, tendo Benicio del Toro no papel principal. A obra foi filmada no sul do Arizona.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Lionsgate/Richard Foreman Jr.
Filmes sobre drogas
A questão do narcotráfico parece atrair diretores de forma mágica. Em 2013, o cineasta britânico Ridley Scott filmou um suspense também nesta região fronteiriça. "O conselheiro do crime", estrelado por Brad Pitt e Michael Fassbender, foi filmado em El Paso, no Texas, e na Espanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Crime e política
Há 17 anos, o diretor Steven Soderbergh lançou o renascimento dos filmes sobre a guerra das drogas. Em "Traffic", ele retrata a complexa relação entre polícia, traficantes e políticos – cujos laços uns com os outros estão indissociavelmente interligados para além das fronteiras geográficas.
Foto: picture-alliance/United Archives
Histórias de detetive
Além de faroestes e suspenses sobre drogas, inúmeras histórias de detetives e assassinatos misteriosos decorrem na fronteira entre EUA e México. Um clássico do gênero é o filme "O perigoso adeus" (1973), de Robert Altman, baseado em um romance de Raymond Chandler. O filme foi gravado na Califórnia, mas também em Tepoztlán, no México.
Foto: picture-alliance/United Archives/Impress
A fronteira em tempos de globalização
Em 2006, o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu filmou o drama narrativo múltiplo "Babel". A obra traça os destinos entrelaçados de várias pessoas de diferentes regiões do mundo, e é uma parábola cinematográfica sobre a questão do significado da fronteira para as pessoas em tempos de globalização.
Foto: picture alliance/kpa
Comédia de fronteira
Não há muito o que rir quando se trata de uma fronteira. A maior parte dos filmes que lida com os laços entre EUA e México tendem à seriedade. Mas, em 2004, James L. Brooks fez a comédia "Espanglês" sobre um encontro com muito clichê entre um americano rico (Adam Sandler) e uma faxineira mexicana (Paz Vega).
Foto: picture-alliance/United Archives
Drama sobre imigração
Nos últimos anos, mais e mais filmes foram produzidos sobre imigração e pobreza na região. No ano passado, a coprodução Alemanha-França-México "Soy Nero" estreou na Berlinale. O diretor Rafi Pitts, com raízes iranianas, conta a história de um jovem mexicano que atravessa a fronteira para os EUA em busca de uma vida melhor.
Foto: picture-alliance/dpa/Neue Visionen
Um clássico moderno
Talvez o filme mais impressionante sobre a imigração do Sul para o Norte tenha sido feito por Cary Fukunaga, em 2009. "Sem identidade" retrata o destino de vários jovens do México que estão tentando chegar aos EUA. Enquanto alguns estão tentando escapar de bandos criminosos de suas cidades, outros procuram o paraíso na Terra.