Sessão especial celebra 500 anos do movimento iniciado em 31 de outubro de 1517, com divulgação das 95 teses de Martinho Lutero. Confissão luterana está representada no Brasil, onde tem mais de 1 milhão de seguidores.
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O Senado celebrou os 500 anos da Reforma Protestante em sessão especial realizada nesta segunda-feira (30/10). O movimento iniciado em 31 de outubro de 1517, quando o monge agostiniano Martinho Lutero divulgou as 95 teses com que criticava a conduta da Igreja Católica. Segundo a lenda, elas teriam sido afixadas na porta da igreja de Wittemberg, na Alemanha.
Durante a solenidade, religiosos e senadores enfatizaram a luta de Lutero pela educação e a igualdade. "Lutero foi um visionário porque, há 500 anos, ele defendia que a mudança da sociedade viria a partir da educação", disse a senadora Ana Amélia (PP-RS), segundo a Agência Senado.
O pastor Dalcido Gaulke, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), lembrou que uma das grandes contribuições de Lutero foi a defesa da livre interpretação da Bíblia, até então restrita a membros do clero. "O grande legado é a palavra de Deus e a alfabetização para que homens e mulheres pudessem ler a sagrada escritura", afirmou.
O pedido de realização da sessão foi dos senadores José Medeiros (Pode-MT) e Paulo Bauer (PSDB-SC), além de outros 11 senadores. Segundo eles, a atitude de Lutero deu início a um movimento que transformou, desde então, a forma de pensar de grande parcela da sociedade. "A Reforma sugeria um novo posicionamento do homem diante de si mesmo e do mundo", disse Medeiros durante a sessão.
Segundo o secretário-executivo do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, reverendo Juarez Marcondes Filho, o termo protestante era usado originalmente de forma pejorativa, mas logo ganhou outra conotação. "Protestante é um nome que muito nos honra. Ser protestante é atestar a favor de alguma coisa. O protestantismo nasce com objetivo de atestar a favor da verdade, a favor da palavra de Deus, contrariando o pensamento da Igreja Católica, que à época havia se afastado da verdade", disse Marcondes Filho.
Há cerca de 1 milhão de luteranos no Brasil. Os estados com maior concentração são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, Rondônia e Paraná. As duas principais igrejas são a IECLB, com origens alemãs, e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), com origem em missões oriundas dos Estados Unidos.
AS/asn/ots
Como o protestantismo conquistou o mundo
A Reforma Protestante aconteceu há 500 anos e encontrou seguidores em todo o mundo. Hoje, há 800 milhões de adeptos do protestantismo não só na Europa, mas também na América, na África e na Ásia.
Foto: Deutsches Historisches Museum/Karsten Hein
Lutero e os reformadores
Martinho Lutero (centro) no círculo dos reformadores. Esta pintura feita entre 1625 e 1650, portanto mais de cem anos após a Reforma, mostra Lutero e outros letrados, assistidos por governantes da época (embaixo). A imagem retrata o entrelaçamento entre religião e política.
Foto: Deutsches Historisches Museum
Criança reforma Igreja inglesa
Eduardo 6º (1537-1553) foi o primeiro rei inglês de educação protestante. Seu pai, Henrique 8º, rompeu com Roma, criando a Igreja Anglicana. Eduardo mandou celebrar ofícios religiosos em língua inglesa, aboliu o celibato dos sacerdotes e introduziu o "Livro de Oração Comum", o livro de preces da Igreja da Inglaterra. Eduardo morreu aos 15 anos. Na foto, o quadro "Rei Eduardo 6º e o papa", de 1575.
Foto: National Portrait Gallery, London
Dez mandamentos em coreano
Na Coreia – mais tarde, a Coreia do Sul –, o protestantismo encontrou terreno fértil. Um quinto da população segue a doutrina protestante, o que é recorde no Leste Asiático. No final do século 19, já havia traduções da Bíblia para o coreano. Na Coreia, onde a reverência à educação é tradição e as pessoas adoram livros, a Bíblia teve muito sucesso.
Foto: The Korean Christian Museum at Soongsil University Seoul
O império protestante
"O império segue seu curso para o oeste" é o nome desta enorme pintura de 1861 feita por Emanuel Leutze, que hoje está no Capitólio, em Washington. Ela retrata colonos na travessia das Montanhas Rochosas, com uma vista panorâmica da ainda intocada baía de São Francisco. Foram os colonos que espalharam a fé protestante nos Estados Unidos.
Foto: Gilcrease Museum, Tulsa, Oklahoma
Luteranos na África
A foto mostra uma oração matinal na igreja luterana de Kariakoo, em Daressalam, na Tanzânia. A Igreja Evangélica Luterana deste país da África Oriental é a maior do continente, com seis milhões de membros. Seus líderes carismáticos se veem como representantes dos autênticos ideais luteranos.
Foto: Deutsches Historisches Museum/Karsten Hein
Da Boêmia à Tanzânia
Na África, a Irmandade da Morávia desempenhou um papel importante na propagação do protestantismo. O Unitas Fratrum, seu nome original, é um movimento de fé cristã que se originou da Reforma na Boêmia, mas não está vinculada a nenhuma confissão. Seus pregadores carismáticos missionaram da Tanzânia para todo o continente africano. Johann Valentin Haidt retratou isso neste quadro de 1748.
Foto: Unitätsarchiv der Evang. Brüder-Unität, Herrnhut, Unitätsarchiv: GS 463
Até a Lapônia
O protestantismo chegou aos cantos mais remotos do norte da Europa. A Igreja mudou a vida dos lapões: seus ritos e costumes tiveram que se adaptar à cristianização e à igreja. O pintor desconhecido deste quadro deixou suas impressões em 1668, com uma paisagem de verão e outra de inverno.
Foto: Staatliche Schlösser, Burgen und Gärten Sachsen, gemeinnützige GmbH, Burg Kriebstein/Punctum/Bertram Kobe
A glorificação do rei da Suécia
Quando o rei da Suécia Gustavo Adolfo 2º invadiu a Alemanha na Guerra dos Trinta Anos, impediu a vitória da dinastia Habsburger. Indiretamente, ele assegurou~também a existência do protestantismo alemão. O autor desta pintura glorificou o rei em sua obra intitulada "Apoteose", de 1650.
Foto: Nationalmuseum Stockholm, Schweden
Juramento em lã e seda
Este tapete bordado mostra o vínculo entre Estado e fé luterana na Suécia. Em 1527, o rei Gustavo Vasa rompeu com Roma. Em 1686, o Parlamento sueco selou por lei a unidade da Igreja e do Estado. A Igreja Protestante Luterana Sueca passou a ser subordinada ao governo. O tapete mostra representantes de nobreza, clero, burguesia e agricultores prestando juramento sobre a Bíblia e o livro das leis.