Senador americano fala em 'chutar o traseiro' de Moscou
19 de fevereiro de 2017
Na Conferência de Segurança de Munique, republicano defende novas sanções à Rússia e ao Irã e diz que Trump deveria punir russos por interferência na eleição americana.
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O senador republicano Lindsey Graham afirmou neste domingo (19/02), durante a Conferência de Segurança de Munique, que o presidente Donald Trump deveria se unir a uma iniciativa parlamentar e "dar um chute no traseiro" da Rússia, depois de acusar Moscou de ter se intrometido nas eleições presidenciais.
"Meu amigo, senhor Lavrov: espero que você vá sofrer as consequências", afirmou Graham, que representa a Carolina do Sul, em referência ao ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov. Segundo ele, "2017 será o ano em que o Congresso [americano] vai dar um chute no traseiro da Rússia".
Após lembrar que uma nova proposta de lei está sendo preparada para impor sanções a Moscou, Graham considerou que Trump se mostrou irresoluto com a Rússia depois do suposto ataque cibernético ao Partido Democrata e a sua candidata, Hillary Clinton, durante a campanha de 2016. "Meu objetivo é colocar [essa proposta de lei] na mesa de Trump, e espero que ele abrace a ideia de que, como líder do mundo livre, ele deveria estar trabalhando conosco para punir a Rússia", afirmou.
Graham disse que o presidente deve ser franco. "Minha maior preocupação com o presidente Trump é que ele nunca olhou a câmera e disse: 'Embora tenha sido o Partido Democrata que sofreu interferência russa, agora eu sou o líder do mundo livre e eu posso garantir que vocês vão pagar o preço por tentar interferir na nossa eleição'", declarou.
No dia anterior, Lavrov negou qualquer interferência russa nas eleições presidenciais americanas de 2016. "Eu não vi nenhum fato", afirmou o ministro russo, acrescentando que "houve apenas algumas acusações de que tentamos hackear o site do Partido Democrata".
Enviado da ONU questiona compromisso com a Síria
Graham aproveitou também para abordar preocupações sobre o Irã, sugerindo que o Congresso estava considerando novas sanções ao país. As tensões entre Washington e Teerã aumentaram nas últimas semanas, depois que os iranianos realizaram um teste de míssil balístico, no início de fevereiro.
Após os testes, o governo Trump impôs novas sanções a indivíduos próximos ao regime. "Eu acho que é hora de o Congresso agir diretamente em termos do que eles fizeram fora do programa nuclear", opinou. "Irã, se você quer que nós os tratemos de forma diferente, então pare de construir mísseis e de lançá-los em desafio às resoluções da ONU e escrevendo 'morte a Israel' no míssil."
Enquanto isso, o enviado especial da ONU à Síria, Staffan de Mistura, questionou o compromisso de Trump em resolver o conflito sírio. "Onde estão os Estados Unidos nisso tudo? Eu não posso dizer porque não sei", afirmou em Munique.
Ele fez os comentários dias antes de as potências mundiais se reunirem em Genebra para outra rodada de negociações de paz apoiadas pela ONU. De Mistura afirmou que o atual cessar-fogo teve uma melhor chance de sucesso desde que Turquia e Rússia "têm ativos no terreno".
FC/efe/ap/afp/rtr/dpa
Qual o poder do presidente dos EUA?
Chefe de governo e de Estado da maior potência econômica e militar do planeta é frequentemente considerado a pessoa mais poderosa do mundo, mas nem por isso seu poder é ilimitado.
Foto: Klaus Aßmann
Assim diz a Constituição
O presidente é eleito por quatro anos e pode ser reeleito apenas uma vez. Ele é chefe de Estado e de governo. É tarefa dele fazer com que as leis aprovadas pelo Congresso sejam executadas. Cerca de 4 milhões de pessoas trabalham para o Poder Executivo. O presidente pode, como principal diplomata, receber embaixadores e, assim, reconhecer Estados.
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Balanço entre os poderes
Cada um dos três poderes pode intervir no outro, o que limita de poder de todos. O presidente pode indultar pessoas e nomear juízes federais, mas apenas com a concordância do Senado. O presidente nomeia também, entre outros, seus ministros e embaixadores – se os senadores derem o aval. Esse é um dos meios que o Legislativo tem para controlar o Executivo.
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Discurso sobre o Estado da União
O presidente tem que informar o Congresso sobre o destino do país, e ele faz isso em seu "discurso sobre o Estado da União". Apesar de não ter o poder de apresentar propostas de leis ao Congresso, ele pode expor suas prioridades no seu discurso. Assim, pode fazer pressão sobre o Congresso. Mas não mais do que isso.
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Ele pode simplesmente dizer "não"
Se o presidente enviar de volta ao Congresso um projeto de lei sem sua assinatura, significa que ele usou seu poder de veto. E esse veto somente poderá ser revogado por uma maioria de dois terços nas duas câmaras. De acordo com o Senado, dos cerca de 1.500 vetos na história dos EUA, somente 111 foram derrubados.
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Zona nebulosa na definição de poder
A Constituição e decisões da Suprema Corte não deixam bem claro quanto poder o presidente tem de fato. Uma brecha permite um segundo tipo de veto, o chamado "pocket veto". Sob certas circunstâncias, o presidente pode colocar uma proposta legislativa "no seu bolso", ou seja, ela não vale. O Congresso não pode derrubar esse veto. Essa manobra foi usada mais de mil vezes.
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Decretos que são válidos como leis
O presidente pode determinar como os funcionários do governo cumprirão seus deveres. Esses decretos presidenciais têm força de lei e não necessitam de aprovação parlamentar. Ainda assim, o presidente não pode fazer o que bem entender. A Justiça pode declarar um decreto inválido, ou o Congresso pode aprovar uma lei contrária. E, ainda, o próximo presidente pode simplesmente revogar um decreto.
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Contornar o Congresso
O presidente pode negociar acordos com outros governos, mas o Senado deve aprová-los com uma maioria de dois terços. Para contornar isso, em vez de tratados, os presidentes podem fazer uso de "acordos executivos", que não precisam ser aprovados pelo Congresso. Eles são válidos enquanto o Congresso não vetá-los ou aprovar legislação que torne o acordo inválido.
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Comandante em chefe
O presidente é o comandante em chefe das tropas, mas é o Congresso que tem o poder de declarar guerra. Não está claro, porém, se um presidente pode enviar tropas para uma região em conflito. Na Guerra do Vietnã, o Congresso entendeu que um limite havia sido ultrapassado e interveio por lei. Ou seja, o presidente só pode assumir competências enquanto o Congresso não agir.
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Impeachment
Se um presidente abusar do poder do cargo ou cometer um crime, a Câmara dos Representantes pode iniciar um processo de impeachment. Mas há um instrumento muito mais poderoso para parar qualquer iniciativa presidencial: o Congresso tem a competência de aprovar o orçamento e pode simplesmente fechar a torneira de dinheiro do presidente.