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Separatistas conquistam maioria absoluta na Catalunha

22 de dezembro de 2017

Partido leal a Madri é o mais votado, mas não garante votos para ultrapassar outras três legendas separatistas. Comparecimento às urnas é bate recorde histórico em eleições na Espanha.

Separatistas do Junts per Catalunha comemoram resultado eleitoral
Separatistas do Junts per Catalunha comemoram resultado eleitoralFoto: Getty Images/AFP/J. Soriano

Os três partidos separatistas conquistaram nesta quinta-feira (21/12) nas eleições regionais a maioria absoluta no Parlamento na Catalunha. Juntos, os esquerdistas ERC e CUP, assim como os conservadores do Junts per Catalunha, do chefe do governo catalão suspenso, Carles Puigdemont, obtiveram 70 dos 135 assentos.

A legenda Liberal Ciudadanos, que defende uma Espanha unida, foi o partido mais votado e garantiu 37 assentos no Parlamento, 12 a mais do que na eleição de 2015. Apesar deste resultado, os separatistas garantiram assentos suficientes para indicar o próximo chefe de governo catalão.

Em Bruxelas, Puigdemont afirmou que o resultado da eleição representa uma vitória da "república catalã" sobre a Espanha. "Esse é um resultado que ninguém pode contestar", acrescentou. O separatista Junts per Catalunha foi o segundo colocado, com 32 assentos.

Leia mais: Crise catalã e o mito do segundo golpe de Estado na Espanha

A eleição regional desta quinta-feira bateu um recorde histórico de comparecimento às urnas, com 81% de participação. Este número representa um aumento de mais de seis pontos percentuais em relação à votação de 2015 (74,95%), que também foi um recorde na época.

Puigdemont diz que o resultado é uma vitória da "república catalã" sobre MadriFoto: Reuters/F. Lenoir

A grande mobilização eleitoral, que já era prevista na maioria das pesquisas, bateu inclusive o recorde de participação entre todas as disputas eleitorais já realizadas na Espanha. Até agora, a mais alta tinha sido nas eleições gerais em 1982, com 79,9%, quando ganhou o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) liderado pelo ex-presidente do governo espanhol Felipe González.

Estas eleições têm um caráter excepcional, já que foram convocadas por Madri depois de suspender o governo catalão. A decisão foi tomada após a declaração de independência da região.

A crise catalã

O impasse na Catalunha foi considerado a pior crise política na Espanha desde a tentativa frustrada de golpe militar de 1981.

Em 1º de outubro, os catalães foram às urnas, num referendo considerado ilegal por Madri, para votar sobre a independência. O "sim" à separação recebeu mais de 90% de apoio, mas o comparecimento foi de apenas 43%.

Dizendo ter o "mandato do povo", o então chefe do governo catalão e líder do movimento independentista, Carles Puigdemont, compareceu em 10 de outubro perante o Parlamento regional e declarou independência, num discurso confuso que terminou com ele próprio suspendendo o processo separatista à espera de diálogo.

Madri recusou-se a dialogar deu um ultimato a Puigdemont. Começou então uma queda de braço com Barcelona, que culminou com a suspensão temporária da autonomia catalã, a suspensão do governo e o anúncio de novas eleições.

Esta é a quarta vez em sete anos que os catalães realizam eleições regionais, após as de 2010, 2012 e 2015, um exemplo da instabilidade política que vive a região, marcada pelo debate independentista dos últimos tempos.

CN/efe/lusa

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