Serra Leoa confina 2,5 mi pessoas para combater ebola
19 de março de 2015
Governo determina que moradores de áreas mais afetadas fiquem três dias em casa, a fim de evitar propagação do vírus e controlar a doença antes do período de chuvas. Mortos na África Ocidental passam de 10,2 mil.
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O governo de Serra Leoa determinou nesta quinta-feira (19/03) que 2,5 milhões moradores das principais áreas afetadas pelo ebola – na capital, no norte e oeste do país – fiquem confinadas em casa durante três dias para evitar a propagação do vírus.
Segundo o diretor do Centro Nacional de Luta contra o Ebola, Palo Conteh, o confinamento acontecerá entre os dias 27 e 29 de março e será semelhante ao realizado em setembro passado, em todo o país.
A resolução foi anunciada depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou, na quarta-feira, que o número de mortes pelo vírus desde o início do surto, em dezembro de 2013, já chegou a 10,2 mil nos três países da África Ocidental mais afetados – Serra Leoa, Guiné e Libéria. Mais de 24,3 mil pessoas foram contaminadas.
Em Serra Leoa, o ebola matou 3,7 mil até agora. Na Líbéria foram registradas 4,2 mil mortes. Outras 2,2 mil ocorreram na Guiné.
O número de casos, no entanto, vem diminuindo nos últimos meses, apesar de um pico registrado na Guiné recentemente ter voltado a soar o alerta para reforço das medidas preventivas.
"Se não controlarmos isso agora, antes do período de chuvas, será um show de horrores. Muita gente ainda não segue as regras básicas", disse um agente de saúde de Serra Leoa que pediu para não ser identificado. O período de chuvas começa em maio.
Segundo a OMS, a luta contra o vírus poderá ficar bastante complicada quando as primeiras fortes chuvas caírem, pois elas acabam impedindo o acesso a várias áreas afetadas.
Um estudo do Banco Mundial estima que, até ao final deste ano, os países mais atingidos pelo vírus sofrerão um impacto financeiro de 26 bilhões de euros.
O vírus do ebola é transmitido por contato direto com o sangue, secreções ou fluidos corporais de pessoas infectadas. Ainda não existe tratamento para a doença, nem vacina certificada.
MSB/rtr/lusa
Ebola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção na África
Agora, médicos e enfermeiros da África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.