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Serviços em troca de agroindústria

Roselaine Wandscheer/Alexandre Schössler13 de novembro de 2003

Em entrevista exclusiva à DW-WORLD, chefe das negociações entre União Européia e Mercosul destaca os interesses da Europa na ampliação do comércio entre ambos os blocos.

Avança negociação UE-MercosulFoto: AP

A organização de um calendário de negociações marcou o encontro entre a União Européia (UE) e o Mercosul, nesta quarta-feira (12). O Brasil considerou a reunião tão importante que foi o único país a enviar dois ministros a Bruxelas: Celso Amorim, das Relações Exteriores, e Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Foram definidas sete rodadas de negociações, sendo a primeira de 1º a 5 de dezembro e a última, em nível ministerial, em outubro do próximo ano. O diretor-geral de Comércio da UE, Karl Falkenberg, salienta que não foi estipulada uma data formal para o encerramento das negociações. "Embora a União Européia acompanhe com interesse o andamento das negociações da Alca, elas não têm influência no andamento das nossas conversas bilaterais", garante Falkenberg.

Segundo o embaixador do Brasil na Bélgica, José Alfredo Graça Lima, que acompanha as negociações, o fortalecimento do Mercosul como área de livre comércio é mais importante para a UE do que para os Estados Unidos. "No caso da UE é uma negociação entre dois blocos, e no caso dos EUA é uma negociação entre países.

Interesses econômicos e políticos

De acordo com Falkenberg, são dois os principais interesses da entidade: "Há o aspecto estratégico-político em encontrar um parceiro na América Latina que, assim como a UE, representa uma integração regional e é um importante fator de estabilidade na região".

De outro lado, acrescenta, há o interesse econômico, pois "precisamos de um parceiro. É de nosso interesse que a integração entre os membros do Mercosul se consolide e que as economias dos quatro países se estabilizem".

O chefe europeu para as negociações com o Mercosul diz que, em troca de uma maior abertura de mercado para os chamados produtos sensíveis, como carne e açúcar, a UE espera maior espaço para os fornecedores europeus de serviços e empresas interessadas em participar das licitações públicas. "Somos líderes mundiais nos serviços que temos a oferecer, sejam eles financeiros, de transporte, meio ambiente ou telecomunicações, ou mesmo engenheiros e arquitetos."

Questionado se as diferenças entre os salários vigentes na União Européia e nos países do Mercosul influiriam na competitividade dos produtos oferecidos pelos europeus, Falkenberg defende que "a alta qualidade assegurada pelos europeus sempre encontra mercado, não só na América Latina, mas no resto do mundo".

Brasileiros e europeus otimistas

Quanto a sua expectativa em relação ao sucesso das negociações, Falkenberg se declara otimista. "Já hoje, a União Européia é o maior mercado de produtos agroindustriais do Mercosul. A UE importa da região mais que o dobro que qualquer outro parceiro, até mesmo os Estados Unidos."

Também Graça Lima acha que as metas são ambiciosas, mas não irrealistas: "É possível chegar a um acordo dentre deste espaço de tempo. Existe disposição e coragem das duas partes de seguir adiante".

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