Sete últimos anos foram os mais quentes já registrados
19 de janeiro de 2022
Agência da ONU confirma que entre 2015 e 2021 a temperatura média global ultrapassou os níveis pré-industriais em mais de 1 ºC.
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Os últimos sete anos foram os mais quentes já registrados, confirmou nesta quarta-feira (19/01) a Organização Meteorológica Mundial (OMM), apesar de o fenômeno climático La Niña ter reduzido temporariamente as temperaturas no ano passado.
Segundo a agência da ONU, os sete anos mais quentes foram registrados desde 2015, com 2016, 2019 e 2020 no topo da tabela. Pelo sétimo ano consecutivo, a temperatura média global ultrapassou os níveis pré-industriais em mais de 1 °C.
Os dados confirmam o que o serviço de monitoramento do clima da União Europeia já havia divulgado.
"Espera-se que o aquecimento global e outras tendências de mudanças climáticas a longo prazo continuem devido aos níveis recordes de gases de efeito estufa na atmosfera", acrescentou a OMM, que tem sede em Genebra.
Apesar de relativamente menos quente em relação aos anteriores, 2021 insere-se no ciclo de sete anos consecutivos de temperaturas recordes, "os mais quentes já registrados por uma margem clara", divulgou em 10 de janeiro o sistema de observação climática por satélite Copérnico.
A temperatura média global em 2021 situou-se entre 1,1 e 1,2 °C acima da média anual do período pré-industrial e 0,3 °C acima da média nos últimos 30 anos.
A primeira média é justamente a medida usada para calcular o aquecimento global, o qual o Acordo de Paris pretende manter abaixo de 1,5 °C até o fim deste século.
O mês de julho foi marcado por fortes chuvas e inundações no centro-oeste europeu, sobretudo na Alemanha, na Bélgica, em Luxemburgo e na Holanda.
No mesmo mês verificou-se uma onda de temperaturas altas na região do Mar Mediterrâneo, sobretudo na Grécia, na Espanha e na Itália. O clima seco e quente deu origem a incêndios florestais prolongados, que afetaram países como Turquia, Portugal, Grécia, Itália, Espanha, Albânia, Macedônia do Norte, Argélia e Tunísia, ao longo de julho e agosto.
as/lf (Lusa, OTS)
Mudanças climáticas reduzem populações de pinguins
Fevereiro foi mês mais quente já registrado na Antártida. Alterações do clima afetam seriamente a região remota, e a população de pinguins de Chinstrap caiu para menos da metade, como cientistas constataram recentemente.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Em missão antártica
Uma equipe de cientistas de duas universidades americanas partiu para uma expedição antártica no início de 2020. Por várias semanas eles estudaram o impacto das mudanças climáticas sobre a região remota. Mais especificamente, queriam avaliar quantos pinguins de Chinstrap restavam na Antártida Ocidental em comparação com a última contagem da população, na década de 1970.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Manso e curioso
Os pinguins de Chinstrap habitam as ilhas e costas do Pacífico Sul e dos oceanos antárticos. Seu nome se deve à estreita listra preta na parte inferior da cabeça. Mesmo antes de os cientistas escutarem os estridentes sons dos pássaros, um cheiro cáustico de excrementos indica a proximidade de uma colônia. Os pinguins não aprenderam a temer os seres humanos, por isso ignoram seus visitantes.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Resultados chocantes
Os cientistas usaram técnicas de contagem manual e por drones para contabilizar os pinguins de Chinstrap. Suas constatações revelaram que algumas colônias sofreram uma queda de mais de 70%. "Os declínios que vimos são definitivamente dramáticos", disse à agência de notícias Reuters Steve Forrest, biólogo da conservação que fez parte da expedição.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Cadeia alimentar em declínio
Os pinguins de Chinstrap se alimentam de pequenos animais marinhos, como krill, camarões e lulas. Eles nadam até 80 quilômetros todos os dias à busca de alimentos. Suas penas bem compactas funcionam como um casaco impermeável e permitem nadar em águas geladas. Mas as mudanças climáticas estão diminuindo a abundância de krill, o que dificulta a sobrevivência das aves.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Desafios de reprodução
Pinguins de Chinstrap preferem aninhar em lugares particularmente inacessíveis e remotos. Quando procriam, constroem ninhos circulares de pedras e põem dois ovos, que o macho e a fêmea se revezam para incubar, em turnos de cerca de seis dias. Como o aquecimento global está derretendo as camadas de gelo e reduzindo a abundância de alimentos, porém, a reprodução é menos bem-sucedida.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Implicações mais abrangentes
Estima-se que haja 8 milhões de pinguins de Chinstrap em todo o mundo, razão pela qual eles não foram motivo de preocupação até agora. Mas nos últimos 50 anos sua população na Península Antártica foi reduzida a menos da metade. Eles não estão em perigo iminente de extinção, mas o declínio de suas populações é um forte alerta sobre as grandes mudanças ambientais em curso.